Sunday, March 29, 2009

Tuesday, March 24, 2009

Radiohead/Just a Fest - 20 e 22 de Março

O mais surpreendente dos shows do Radiohead no Brasil, para mim, não foi sua qualidade. Eu já tinha os visto no Roskilde Festival no ano passado e fiquei muito feliz em constatar que eles se esmeraram muito mais aqui na América Latina (a começar pelos setlists), mas já era esperado que fosse um show bom. É como se a banda não conseguisse fazer uma apresentação ruim, nem se quisesse – estão nitidamente presos à sua esquizofrenia musical, que transforma espasmos em entretenimento.

O que me espantou mesmo foi ver que se trata de uma banda, acima de tudo, de hits. Não é brincadeira o quanto as pessoas esperaram por Creep, No Surprises, Karma Police e pela música do Carlinhos, que faz aula de inglês (se bem que acho que hoje em dia ele já deve ter terminado o curso). Descobri também, que pra maioria do público, o Radiohead não começa em Kid A. Pra muitos, até termina. A julgar pela recepção do público às músicas do In Rainbows, além dos hits, é como se houvesse um buraco entre OK Computer e o disco das Casas Bahia.

Mesmo sendo indie o suficiente pra ter o Amnesiac como preferido, isso não me incomodou. Era nítido o quanto cada música de cada disco, no momento em que era executada, recebia o devido respeito e entusiasmo de uma platéia heterogênea - juro que cheguei a ver gente com abadá na Chácara do Jóquei -, fosse o silêncio reflexivo de Exit Music, a insanidade de National Anthem ou a beleza confusa de Climbing Up The Walls e How To Disappear Completely.

Dos shows em si, não adianta falar nada. Se você não estava lá em carne e osso, pelo menos já leu todos os reviews possíveis, tanto sobre o Rio quanto sobre São Paulo. Foram unânimes em constatar a qualidade técnica da banda e do palco (puta merda, e que palco lindo pra caralho!), os acertos do setlist, mencionando sempre os hits, e a esquisitice de Thom Yorke. Tudo verdade.

Me alegrou também ver um ou outro falando mal, já que toda a unanimidade é burra. Um conhecido meu disse que não se volta pro bis com música do disco novo e li por aí gente dizendo que o momento da banda já passou, além dos habituais comentários sarcásticos sobre a cabecice dos trabalhos pós OK Computer. Mission accomplished, Radiohead! Sério. O que essa gente não percebe é que o Radiohead não faz música pra eles. Quando Nick Hornby reclamou, lá por 2000/01, que eles não estavam fazendo música para homens que trabalham o dia inteiro e voltam pra casa cansados, estava coberto de razão.

A música pop pertence – e sempre pertenceu – à molecada e aos vagabundos, que têm tempo e disposição de entender um disco, uma tendência e evoluir junto de uma banda. Thom, Jonny, Phil, Ed e Colin sabem disso e quando mandam, noite após noite, uma música desconexa e “nem-tão-boa” como The Gloaming, estão dizendo “nosso momento de maior êxito pode até ter sido no fim da década de 90, mas nós não somos o Kiss. Não espere a OK Computer 10 years tour”.

Um show, acima de tudo, é performance, vontade. Se Jonny Greenwood vai dar seu melhor brincando com samples ajoelhado no chão, porque deveria empunhar uma guitarra e tocar uma música antiga apenas pra agradar os velhos que acham que o pop tem fórmula tipo “não se toca música nova no bis”? Se eles fossem assim, teriam feito o que fizeram pra lançar o último álbum?

O festival Just a Fest foi uma vitória do novo, pois reuniu Los Hermanos voltando sem quase nenhum sentido e aviso prévio, claramente só pela grana e pela publicidade, Kraftwerk desfalcado, mas impecável, e uma banda-catarse que levou 30 mil indivíduos à loucura com música eletrônica cabeça e esquisitice quase progressiva (além de alguns hits, é claro). É derrota demais pra quem acha que música tem que fazer sentido em pleno 2009.

Da minha parte, fiquei feliz porque vi três bandas que eu gosto fazendo seis shows bons ou sensacionais. No fim, é o que importa pra quem gosta de música, não é mesmo?

Friday, March 06, 2009

Certo, Mais Uma Vez

Pro inferno com a modéstia. Tudo que eu disse aqui ontem sobre Watchmen se confirmou. E isso sem que eu tenha visto o filme inteiro.

Explico rapidinho pra vocês. Fui todo-todo lá pro Kinoplex, até bem antes da sessão começar, ainda com alguma esperança. Mas foi bem o que eu pensava, um filme super lustroso, cheio de câmeras lentas, explosões, música incidental apocalíptica nas cenas de ação (o resto da trilha, com Dylan e toda a turma é, admito, duca) e exagero. E a história fazia sentido para mim, que li a graphic novel, mas dava pra ver que para quem não leu, faltava liga. Se o intuito era fazer mesmo um filme para fã, por que entucharam aquele monte de maneirismo hollywoodiano?

No entanto, o que me fez levantar e pedir meu dinheiro de volta não foi a perfeição técnica em detrimento da história. Eu já esperava isso e, numa pegada meio masoquista, estava gostando. O que me emputeceu de verdade foi perceber que o Brasil caga mesmo para Watchmen.

Quer dizer, eu estava no Kinoplex Itaim, um dos cinemas, a princípio, mais fodinhas de São Paulo (e, por acaso, na esquina de casa). E sabe quantas pessoas estavam ali para assistir a estréia em película da melhor graphic novel de todos os tempos? Menos de vinte, e dava pra ver que todos já tinham lido o gibi. Se fosse só isso, cagaria. Mas parece que nós não éramos importantes o suficiente para o Kinoplex (assim como não seríamos para o Cinemark, Lumière, ou o Cine Topázio em Indaiatuba, convenhamos) e a energia caiu duas vezes e dava pra ouvir um telefone tocando em algum lugar. Não obstante, a imagem estava desfocada e foi preciso interromper a projeção pela terceira vez para arrumar o problema. Foi nessa hora que eu saí da sala e pedi o reembolso.

Pau no cu. Não sou moleque.

Claro que todo estabelecimento está sujeito a problemas técnicos, mas eu corto a rola fora se alguém chegar e me disser que a mesma coisa aconteceu durante uma sessão de, sei lá, Milk, para os casaizinhos frequentadores da Pacha e teve a mesma abordagem desinteressada do Kinoplex. Esse descaso com o tipo de público que Watchmen atrai diz muitas coisas, mas a principal é que quadrinho - e cultura pop em geral, pra ser bem realista - ainda é coisa de criança pros olhos do Brasil, errr, corporativo.

Não adianta a Conrad, a Pixel, a Devir, o Omelete, etc tentarem, vai demorar tempo demais pra nos respeitarem neste monte de merda que é nosso país. Meu palpite é que isso na verdade nunca vai acontecer. Claro, vivemos num lugar em que a nossa Rihanna é a Claudia Leitte.

Às vezes fazem a gente acreditar que não, mas tem como negar que o Brasil é um buraco fundo demais?

***

Ah sim, sobre o filme, depois eu assisto. A horinha que eu vi mostrou que não vale taaaanto a pena (apesar de ser engraçado ver o Denny Duquete de Comediante) e eu ainda recebi meus 11 conto de volta. Se pá até me dei bem. Hehehehe.

Thursday, March 05, 2009

Who Watches The Watchmen?

Chegou a hora. Amanhã à tarde finalmente vou estar vendo o filme que eu mais espero há uns 6 meses, o ingresso já tá na mão.

Honestamente, não acho que deve ser um filme bom. Provavelmente se trata de mais uma megalomania tecnicamente perfeita do senhor Zack Snyder, mas a real é que isso é supérfluo. Watchmen é uma instituição acima de qualquer problema desse tipo. Mesmo imaginando algo como "300 parte 2" a tentação de ver Espectral, Dr. Manhattan, Ozymandias, Rorschach, Coruja, Hollis Mason e etc "se mexendo" é maior. O ingresso vai valer cada centavo.

Watchmen. Engraçado, não sei como (o download) foi parar na minha mão. Provavelmente foi com alguma coisa tipo "se você gostou de Preacher, tem que ler". Relutei, mas acabei admitindo: é melhor que Preacher - apesar de não tão bonita. Mais do que isso, é uma das maiores histórias que eu já li ou ouvi. Por mais que Alan Moore seja contra e haja vários indícios negativos, não tem como se empolgar com um filme de uma história tão perfeita. Nem que seja para reafirmar depois, pros amigos descolados, que "uma HQ como Watchmen é inadaptável, foi pensada pra mídia impressa e não cinema".

É o que estão dizendo por aí.

De ruim, só a pena que vai ser ver tal história flopar fodidamente nas salas do Brasil. Não quero abusar das minhas previsões (tenho acertado todas de futebol e várias de música), mas a real é que o nosso povo já está cansado de "filme de super herói" e a maioria dos brasileiros, os tais douchebags, têm uma ervilha no lugar do cérebro. Daí, até desvincularem Watchmen da imagem de "filme de super herói", se é que isso vai acontecer, ele já terá saído de cartaz. A onda agora é ver o filme que ganhou Oscar, "não esses filmes-pipoca que Hollywood nos empurra goela abaixo". He-he.

Por outro lado, Watchmen e sua história-irmã "Tales of the Black Freighter" (leia a HQ pra saber do que se trata), falam primariamente de certezas que acabam caindo por terra, depois que todo um planejamento foi feito em cima delas. Por isso é sempre bom trabalhar com mais possibilidades, e a publicidade massiva da Warner permite que isso seja feito com bastante facilidade.

Mas só teremos certeza de qualquer coisa amanhã.

Quem viver, verá.

Tuesday, March 03, 2009

Sobre Capas de Disco

No pôr-do-sol da década de 2000, garantia de capa boa é uma mão feminina apertando alguma coisa. Eagles of Death Metal e Yeah Yeah Yeahs que o digam.

 
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