Saturday, April 18, 2009

Eu Gosto Porque #1 - The Streets

Foi a idéia que eu tive pra atualizar este blog quando estiver sem inspiração ou tempo ou vontade, mesmo.

Assim, eu escrevo o porquê de gostar de determinada banda ou artista e basicamente é só isso. Justificativa, exaltação do próprio gosto musical e outros motivos mesquinhos.

Tem também uma diferença: nesses determinados posts, vou colocar link de wikipédia, youtube, fotinho... Tudo pra estimular os outros a gostarem do que eu gosto. A idéia é dominar o mundo.

O que eu queria era só pedir pros 2,32 leitores deste blog pra me questionarem, quando este estiver sem atualização. É pra provocar mesmo. Tipo "isso aí é uma merda, por que você gosta disso?". Daí eu escrevo.

Sem me preocupar com tese, dissertação, conclusão. Pro inferno com essas merdas. Eu só gosto porque...

***

Original Pirate Material é um dos meus discos preferidos de rap por causa da música, claro. Mas tem outro aspecto que faz eu me identificar com Mike Skinner acima de outros MCs. É o seu inglesismo. Simon Reynolds disse uma vez que The Streets é o "rapper britânico que consegue ser excepcional e soar autenticamente inglês". Isso o diferencia primariamente dos outros rappers mainstream (mesmo contando o Dizzee entre eles).


A afetação inglesa do Streets provavelmente é o que o aproxima de um moleque de classe média de São Paulo. Não tem como fugir disso, eu sou só mais um moleque quase-white-trash do Itaim, como a maioria dos meus amigos. Que toma umas, usa umas substâncias ilícitas às vezes, chega nas minas, pega de vez em quando, toma toco na maioria das vezes, sai a pé na rua pra comer um salgado e gosta de fumar um cigarro. Nada muito empolgante at all.

Original Pirate Material, o primeiro disco do Streets, e seu subseqüente, A Grand Don't Come For Free, falam basicamente disso. Tem a loucura chapada de cogumelos e álcool de Too Much Brandy (minha favorita até hoje), a violência bunda-mole tipo "cara, eu poderia te arregaçar na porrada se eu quisesse" de Gezzers Need Excitement e até um toco homérico em Fit But You Know It. Tudo aquilo que a gente vive de vez em quando num fim de semana.

Além disso, as bases eletrônicas, remanescentes da cultura rave britânica são das mais legais que se acha por aí. São loops toscos, sem muito requinte, de quem aprendeu a mexer no Fruity Loops na semana passada. Pura criatividade em favor da indolência, artimanha que quase todo moleque usa.

A mensagem, por trás de toda essa identificação com a molecada, é de positividade. Nos dois primeiros discos, a última música é otimista. Literalmente em Stay Positive ou deliberadamente estética, no caso de Empty Cans, onde Skinner briga com Deus e o mundo, mas, ao voltar a fita, a música recomeça, com a mesma situação sendo vista com olhos mais positivos e sendo solucionada, conseqüentemente. Um amigo meu jura que saiu do pó por causa dessa música. Olha que lindo.

Depois disso, nos dois últimos álbuns, as preocupações do MC são outras, mais adultas, mas o olhar de compaixão pros garotos do pub continuam, e as mensagens ainda estão lá.

Ninguém aqui tem um Bentley, um Hummer ou usa casaco de pele com boné. Mike Skinner também não (se ele tiver um Bentley agora, não tinha quando gravou suas primeiras músicas). Ele quer mais é sair e "get fucked up with the boys". É mais ou menos o que a gente faz.

 
Clicky Web Analytics