Thursday, January 05, 2012

Alguma coisa sobre como foi 2011


Pela primeira vez desde que comecei este blog, há 6 primaveras, não consegui chegar sequer a um top 5 de melhores discos ou músicas do ano. Pudera, foi um ano tão intenso que a última coisa que eu poderia me preocupar era em estar atento aos lançamentos de 2011.

É mais ou menos aquela máxima do Nick Hornby/Rob Flemming (de Alta Fidelidade): você escuta música pop porque está triste ou está triste porque escuta música pop? E desde a primeira metade do ano muitas vezes me vi irritado, preocupado e angustiado, mas tristeza forte e duradoura não senti. Não quer dizer que não tenha ouvido música pop, mas decidi conhecer coisas que há muito queria conhecer e esbarrar em outras que jurava ser inócuas e que no final acabaram virando motivo de adoração (tipo Pavement).

Também aconteceu que passei a maior parte de 2011 ouvindo rap, uma novidade impensável para o menino de 16 anos que começou a escrever neste blog em 2006. Mas foi também nestes últimos 12 meses que esse menino de 16 anos teve sua desforra com dois shows do Pearl Jam, um do Faith No More, outro do Kyuss, um pedacinho de Alice in Chains - e uma grande decepção com o Stone Temple Pilots.

Tendo sido essa relação com a música mais particular e íntima do que normalmente é, protelei meu resumão de 2011 no blog até o começo de 2012, quando as listas já se tornaram irrelevantes. Mas daí pensei que tanto faz, já que cada retrospectiva pessoal é um recorte do que foi o ano realmente. Então resolvi, em vez de fazer um top, comentar alguns pontos relevantes do ano que passou em tópicos. 


O álbum do ano
Se em anos anteriores os artistas nacionais apareceram apenas em posições tímidas, em 2011 não tive dúvidas de que o melhor de todos foi o Nó Na Orelha, do Criolo. Claro, você não aguenta mais ouvir falar nesse cara, e eu também não. Mas seu disco realmente é bom, daqueles raros casos que sustenta o hype. Tem esperteza (Subirusdoistiuzin), hino (Não Existe Amor em SP), dramalhão (Freguês da Meia Noite) e vários raps divertidíssimos. Mesmo em faixas mais ríspidas como Grajauex e Sucrilhos, há menos daquela agressividade do rap brasileiro e mais daquela astúcia do tropicalismo, fazendo do álbum um trabalho mais palatável a ouvidos engomadinhos de classe média como o meu e o seu. Ainda bem, porque quando o  Criolo tira o rapper brasileiro do gueto (sem renegá-lo), ele faz sua contraparte chegar mais pertinho da compreensão.

Outras pepitas
King of Limbs, do Radiohead, foi um dos primeiros a vazar no ano e até hoje me surpreendo com sua beleza. Estava bem chapado quando o ouvi pela primeira vez e já na faixa de abertura comecei a vomitar arco-íris. Da última vez que escutei, quase um ano depois e em outras condições, a reação foi a mesma. Um ou outro camarada mais maldoso pode dizer que é mais um trabalho solo de Thom Yorke com o resto do Radiohead como orquestra de apoio. Tá certo, mas se saiu sob a alcunha da banda e é bom, qual o problema?

Outra delícia de 2011 foi a parceria de Jay-Z e Kanye West, Watch The Throne, um dos poucos discos que eu tive o trabalho de resenhar em 2011. Talvez não seja tão bom quanto deveria (em termos de hip hop, é como se o Led Zeppelin e os Rolling Stones tivessem se juntado para fazer um álbum em 74), mas tem todas as qualidades e defeitos que fizeram deles dois dos maiores rappers. A resenha não veio parar no blog por causa de alguns probleminhas, mas você pode encontrá-la aqui: http://findmusic.com.br/?p=24

Outros discos legais do ano, que completariam um top 5 sem muita convicção seriam Suck it and See, do Arctic Monkeys, Gloss Drop, do Battles e o debut do Internet, mais um desmembramento do Odd Future.

A música do ano
Como é que você resume 365 dias em uma só canção? Pela mais popular de todas? Pela que mais tocou? Na minha opinião, escolher a música do ano depende de um fino equilíbrio das forças da popularidade, qualidade e impacto. Nesse sentido, não há dúvidas de que estamos falando de Rolling in the Deep, hit que transformou Adele naquilo lá que nós estamos vendo. Mas se Rolling in the Deep é o hit de todo mundo, deixa pra Rolling Stone colocá-la no topo do seu ranking. Eu tenho outra "música do ano".

A minha música do ano é, sem dúvida nenhuma, Yonkers. Foi a canção que cristalizou o rap como um dos meus estilos preferidos. Tipo como acontecia com o rock quando eu tinha lá meus 13, 14 anos, foi o caso de algum amigo chegar e dizer "cara, tem esse moleque fazendo uns raps insanos, nesse clipe ele come uma barata, vomita sangue, fica cego e depois se enforca". E aí vem aquele beat assustador, aqueles xingamentos gratuitos, bem imaturos, como o pop deve ser, e pimba.

Com Yonkers veio também a fama do Odd Future, uma espécie de respiro para o hip hop que, além do Tyler (que lançou um disco aquém das minhas expectativas), traz junto Frank Ocean, Domo Genesis, Syd Bennett (do Internet) e muito mais. E, claro, o vídeo já ultrapassa 30 milhões de views no youtube. Quem estava falando de popularidade, qualidade e impacto aí?


Lancei disco, mãe!
Além deste blog, claro, tenho outras atividades. E uma dela é uma banda, chamada Japanese Bondage. Em março saiu o primeiro EP, por enquanto só online e numa série limitada (até pelas circunstâncias) de CDs personalizados que vendemos nos shows. Quem se interessar, pode baixar aqui (http://bit.ly/japbondage) e curtir aqui (http://facebook.com/bondage.japanese).

 
Clicky Web Analytics