Friday, January 29, 2010

As 21 Melhores Músicas da Década (Passada)

21 músicas fundamentais dos anos 2000 para mim. Algumas foram hit, outras não, mas todas têm seu significado. Levei em conta sua representatividade pro mundo, também, e sua força como hit, como música capaz de falar com mais pessoas. Lógico que as idiossincrasias estão aí, mas você me perdoa, né?

Eu poderia ficar horas explicando cada uma, mas é complicado. Recomendo procurar as que você não conhece, de qualquer forma. É tudo puro amor.

Depois, prometo que não volto a falar na década passada. Pra frente, Brasil!

21. No Need to Worry - Yeasayer (2008)
20. Cordão da Insônia - Céu (2009)
19. Fluorescent Adolescent - Arctic Monkeys (2007)
18. The Fallen - Franz Ferdinand (2005)
17. Turn the Page - The Streets (2002)
16. Stillness is the Move - Dirty Projectors (2009)
15. Steady, As She Goes - The Raconteurs (2006)
14. I'm Your Torpedo - Eagles of Death Metal (2008)
13. Dance, Dance - Fall out Boy (2005)
12. Pavão Macaco - Wado (2009)
11. There, There - Radiohead (2003)
10. Everyone Nose (All The Girls Standing In The Line For The Bathroom) - N.E.R.D. (2008)
9. Umbrella - Rihanna (2007)
8. Magrela Fever - Curumin (2008)
7. Toxic - Britney Spears (2007)
6. Viva La Vida - Coldplay (2008)
5. Sentimental - Los Hermanos (2001)
4. No One Knows - Queens of the Stone Age (2002)
3. Sexyback - Justin Timberlake (2006)
2. All My Friends - LCD Soundsystem (2007)
1. Crazy - Gnarls Barkley (2006)

Edição: O Elson me mostrou o grooveshark.com, onde você pode fazer umas playlists, então fiz esta aqui com as músicas do post. A única que não tinha no site era Pavão Macaco do Wado, então você pode dar uma olhada (e não só uma orelhada) nela aqui, no clipe que ele fez pra música.

Sunday, January 24, 2010

Eureka

Finalmente entendi: a principal influência do Gnarls Barkley não é musica negra, nem pirações eletrônicas/de produção. É o Black Sabbath.

Os instrumentais nóia e as letras sarcáticas, auto depreciativas, formam o mesmo clima sombrio, potencialmente austero, da primeira banda a colocar intenção macabra na música pop. Comprove no bruto exercício de repetição instrumental em Open Book e no clima de desilusão quase apática, a la Solitude, de Who's Gonna Save My Soul. Mesmo as melodias mais animadas, como Smiley Faces e Blind Mary ganham letras de ironia e desconsolo.

Os Caras.


Desta vez tenho certeza: a junção de Cee Lo com Danger Mouse não significa algo simples. Significa que o Universo venceu. Já estamos salvos, vai ficar tudo bem. Vamos dormir em segurança.

Wednesday, January 20, 2010

E a Céu, Hein?

Se você é uma daquelas pessoas antenadas (e sonhadoras), que lembram de cor a escalação dos festivais gringos mesmo sem ter a mínima possibilidade de ir até um deles, já deve saber que a atração brasileira do Coachella é a Céu. Pra deixar tudo ainda mais bonito, hoje foi anunciado mais um show dela fora do país, desta vez no festival de Roskilde na Dinamarca.

Se nos Estados Unidos a Maria do Céu já tem uma moral alta, na Europa ela deve se dar ainda melhor. Muito porque europeu paga um pau pra música brasileira, ao mesmo tempo que gosta de novidades e misturas. E a Céu tem tudo isso.

Na verdade, o processo já começou. Há algum tempo, o festival dinamarquês vem valorizando e incentivando as apresentações de world music nos seus domínios, mas confesso que não imaginava que colocariam a nossa nova diva num pedestal tão alto. Saca só como eles apresentam sua nova atração no site do festival:

Astrud Gilberto, Erykah Badu and Lauryn Hill, make room for Céu.

The beautiful, 30-year-old singer with the velvety voice has taken an international audience by storm. In fact, no Brazilian artist has gotten as far as Céu on the US Billboard chart since Astrud Gilberto and the by-now worn-out "The Girl from Ipanema".

Céu stands ready with a range of more modern signature tunes for the big country. Her pop music draws on both salsa, bossa nova and hip hop in a hot and sophisticated mix.

Welcome a crown princess of sunny pop music to the far North. The next time she visits these latitudes, she may very well have joined list of queens.

Achei engraçado falarem de salsa ali no meio, mas a gente releva. Colocaram ela junto da Lauryn Hill, olha que preza.

Se tudo der certo, a Céu vai abrir caminho para esse monte de gente que está fazendo musica boa por aqui, e pode até ser que a nossa cena finalmente role. Não faz sentido um som tão nosso, no entanto com um potencial tão pop e global, ficar escondido do resto do planeta.

Thursday, January 14, 2010

Os Anos 00 e Seus 15 Discos

Enfim acabaram os anos doismil. Foram dez anos importantes demais para a maioria das pessoas que lê isto aqui (na maioria, meus amigos, que não passam dos 30 e poucos anos). Claro, qualquer conjunto de dez anos são decisivos na vida de uma pessoa, a não ser que ela tenha estado em coma. Mas esta década em especial marcou a transição para a vida adulta para essas pessoas com quem eu convivo. Junto com isso houve discos que serviram como trilha sonora (é brega falar assim, eu sei) para todas as descobertas, conquistas e incontáveis decepções que passamos. Com isso, seria no mínimo pusilânime da minha parte, que tenho um blog musical, não enumerar meus 15 álbuns favoritos entre 2000 e 2009. Mesmo que com um certo atraso atraso, (a maioria das pessoas descoladas fez suas listas da década antes de 2009 acabar!) consegui juntar algumas coisas legais.

Antes de tudo, pensei em escrever uma pequena resenha para cada álbum listado aqui, mas seria uma perda de tempo daquelas. Além de ser inexplicável e injustificável o quanto os três primeiros lugares, por exemplo, significam para mim e o quanto eu gosto deles, meu ranking é, acima de tudo, irrelevante. Nunca terei o alcance da NME, da Rolling Stone, do Pitchfork com um blog desses. Por isso, optei por uma lista pessoal, idiossincrática, egoísta. E sem distinguir a música brasileira da música internacional, como é feito por aí. Metade por acreditar que música não tem barreiras de nacionalidade e metade por ainda me considerar imperdoavelmente ignorante em relação à música do nosso país.

Essas listas maiores, por conta de seus inúmeros votantes, acabaram, de certa forma, no lugar comum, resumindo bem o que foi a década (e esse clichê tem sua óbvia importância): uma frente indie, metida a eclética, que podia misturar Kraftwerk com Erkin Koray e uma ascenção do Hip Hop semelhante à do rock nos anos 70, que resultou em experimentações e junções pouco óbvias, além de uma cena underground cada vez mais forte. O quadro Hip Hop x Indie já aparecia lá pela década de 80, quando os primeiros raps políticos eram a alternativa ao post punk afetado. Se é verdade que a moda gira num ciclo de 20 anos, tudo se encaixa direitinho aí.

Pessoalmente, foi o período em que tudo começou. Dos dez aos vinte anos, descobri muita coisa e aceitei que não sou nenhum universo particular, nenhuma Entidade Especial, como a gente tende a pensar em algum ponto da puberdade. Dito isso, observe como a minha lista pessoal é calcada em poucos estilos musicais, como estou sujeito ao que é popular, como meu primeiro lugar é especialmente óbvio para quem me conhece ou acompanha este blog.

Ainda assim, foi possível me enredar por muitos caminhos, movimentos, épocas. Tudo isso por causa da ação fundamental da internet, particularmente a tal web 2.0. As infinitas ferramentas possibilitaram que nos livrássemos das últimas amarras de uma era em que ouvir mais de uma coisa era feio. Em suma, se musicalmente houve pouca novidade nos anos 2000, com as novas mídias, pudemos assimilar definitivamente o legado do nosso passado. O CD (e as mídias em geral) morreu, mas cada vez mais música é disponibilizada, a cada semana eu fico sabendo de um artista obscuro que foi fundamental para que tal banda ou movimento existisse.

Dois exemplos fáceis para te convencer que acabamos de passar pela "Década da Síntese": nenhuma cantora pop trouxe uma revolução como a Madonna nos anos 80 e na verdade, todas elas seguiram à risca os paradigmas estabelecidos pela mãe da Lourdinha. Só que, mesmo assim, com suas curvas, sensualidade e até mesmo por causa das maiores facilidades para produzir música pop, a Beyoncée dá UM PAU na Madonna. Ela foi capaz de absorver os ensinamentos da predecessora, juntar com sua sexualidade gritante, uma estética Hip Hop pré-estabelecida e fez mágica. Alguém acha o clipe de Erotica mais sexy do que Naughty Girl? Eu não, hein.

O segundo exemplo trata dos "comebacks" de bandas que não param de ser anunciados desde 2007, mais ou menos. Algumas delas ainda não estavam separadas por seis anos completos (Blink 182). Isso significa que, agora, mais gente escuta e entende coisas tipo bandas de Shoegaze (eu, por sorte, sou ignorante o suficiente para continuar detestando) e que, sem gastar dinheiro com CDs e LPs, as pessoas vão a mais shows, tornando a turnê de uma banda já quase esquecida algo rentável. Significa também que royalties não sustentam mais nenhum marmanjo e que voltar com sua banda antiga pode garantir uns trocados. Por isso também que os anos 2000 foram os anos dos workaholics, a década do trabalho.

Minha visão é essa. Não tenho muitas referências para trabalhar, uma vez que sou só um moleque de 1989. De qualquer jeito, só descobriremos o que valeu a pena e o que vingou daqui mais dez anos.

Sem mais delongas, a lista:


15. Silverchair - Diorama (2002)
14. Yeasayer - All Hour Cymbals (2008)
13. Twilight as Played by The Twilight Singers (2000)
12. Mark Lanegan Band - Bubblegum (2004)
11. Elliott Smith - Figure 8 (2000)
10. LCD Soundsystem - Sound of Silver (2007)
9. Curumin - Japan Pop Show (2008)

8. The Streets - Original Pirate Material (2002)

7. Death From Above 1979 - You're a Woman, I'm a Machine (2004)
6. Los Hermanos - Ventura (2003)
5. Gnarls Barkley - The Odd Couple (2008)
4. Kashmir - Zitilites (2003)
3. Radiohead - Kid A (2000)
2. John Frusciante - Shadows Collide With People (2004)
1. Queens of the Stone Age - Songs for the Deaf (2002)

Sunday, January 10, 2010

12 Horas

4 anos escrevendo aqui. Que merda de desocupado eu sou.

Enfim, aniversário e quem ganha o presente é você. Escrevi esse continho dia desses. Não está lá muito bom, eu não tenho lá muito estilo, mas é o que tem. Beijo.

***

Nove e trinta e três. Ela me perguntou onde estava o escorredor de macarrão. Pro inferno, eu disse, nem sabia que nós tínhamos um! Foi a gota d’água para mim, peguei o carro e fui embora. Parece pouca bosta, mas nós estávamos brigando e toda vez que ela decidia fingir uma personalidade passiva-agressiva, eu estourava.

E eu estava errado. Na maioria das vezes estou errado, demora menos de 5 minutos para eu perceber que estou falando asneira e que não poderia estar mais equivocado. Só que, uma vez engajado na discussão, agarrado pela necessidade de sair por cima, não posso desistir. Ela sabe disso e desiste primeiro, pergunta sobre escorredores de macarrão, revistas e se vai chover, deliberadamente, como se nada estivesse acontecendo. Maldita, me tira do sério.

Normalmente, demoro os mesmos 5 minutos para deixar para lá. A esta altura, o normal era já ter voltado pra casa, olhar sereno, quase achando graça. Já teve até vez que voltei com flores, que me renderam uma trepada de reconciliação bastante proveitosa. Dessa vez, no entanto, um rancor esquisito tomou conta de mim. Sempre tive medo de rancor, não queria ficar como meus pais, que faziam uma briga durar um mês, que estavam sempre remoendo suas raivas e arrependimentos. Mesmo assim, continuei dirigindo até o outro lado da cidade. Parei numa loja de conveniência e comprei o diário de esportes. Pouco mais de um real por notícias que eu já tinha lido mais cedo. É a força do hábito ou é burrice?

Tanto faz, parei no bar e pedi uma Brahma. Podia com Bohemia, Original, mas algo me dizia que era dia de Brahma. Depois dessa primeira, vieram a segunda, a terceira e a quarta, todas de 600ml. Meia noite e dezessete ela me ligou. Não discuti, disse que estava bem e que não sabia que horas ia voltar. Disse também que não tinha ido pro puteiro (achei um absurdo que desconfiasse disso, não fazia meu estilo ir pro puteiro de birrinha - ainda que já tivesse dado minhas escapadas antes), mas que se ela continuasse a encher o saco, eu pegava e ia pra zona. Monte de bravatas, ainda sou imaturo o suficiente para esse tipo de coisa.

Não sei por que brigamos tanto. Quando a conheci, me pareceu a mulher mais bonita que eu já tinha visto e falávamos e queríamos e queríamos falar das mesmas coisas. Depois deu tudo meio errado, era compatibilidade demais, talvez. Ou talvez tenham sido as barrigas. Deus – nós éramos tão mais bonitos antes! No caso dela, pode ter sido a bebê. As mulheres ficam lindas depois de virarem mães... mas ela nunca emagreceu. Acho que é um tipo de futilidade da alma, mas todo mundo quer uma miss mundo ou um mister universo. A verdade definitiva sobre a humanidade? Nós sempre nos achamos grande coisa.

Claro que não foi só isso. Foi o emprego dela, e o meu também, as discordâncias em relação à bebê, meus amigos grosseiros. Enfim. Depois cansei de beber. Não vejo graça em beber sozinho, nem acho bonito ser alcoólatra. Paguei a conta, saí, duas e cinqüenta. Hora de voltar para casa. Elas já estariam dormindo. Mas não parecia certo. Andei pela rua, voltei para o carro, bêbado, mas consciente, em totais condições de guiar. No final, dirigi até o porto e parei. Acabei dormindo e acordei com a buzina.

Nove e quinze. Ninguém veio encher meu saco. Também, era domingo e o porto estava vazio. Morar “perto do mar” foi idéia dela. Maldita. Nove e trinta e três. Trinta e dois anos. Cada vez menos cabelo. Ainda dentro do carro, lesado, um dos meus amigos grosseiros liga. Nove e meia não é hora de gente direita ligar, mas o bom senso inexiste. Me chamou para jogar bola. “Jogar bola”! Nesta idade! Sou muito moleque mesmo. Aceitei, porque a ressaca hoje é piedosa (e parece que sempre foi assim). Voltei para casa, ela fingiria que não aconteceu nada. Almoçaríamos. Mais tarde, cerveja e futebol; a vida não estava ganha, mas quase.

Thursday, January 07, 2010

Top 10 2009 - Os Discos (parte 3)

Esqueci da última parte e fui viajar. Perdão.

Faltaram resenhas mais legais pros três primeiros lugares, mas escrevi isso na pressa, às seis da manhã. Por outro lado, quanto melhor um álbum, menos você precisa explicar porque ele é bom. Ruim mesmo só foi descobrir tarde demais que For Long Tomorrow, da banda japonesa Toe, merecia estar neste top 10.

***

3. Dirty Projectors - Bitte Orca
Loucura as vozes das vocalistas Amber Coffman e Angel Deradoorian. Mais loucura ainda as composições de Dave Longstreth, também vocalista e líder da banda. Maluquice total, um negócio até meio desconfortável, inadeqüado, misturado com as melodias mais bonitas do ano. Dirty Projectors representa uma face mais "orgânica" da cena do Brooklyn, mas com as mesmas inovações dos "eletrônicos" Animal Collective e Apes & Androids, mais belas vozes, mais títulos estranhos e duas minas lindas.

Me parece o bastante. A trinca Stillness is the Move, Two Doves e Useful Chamber vale a orelhada atenta.

2. Wado - Atlântico Negro
Além de ter escrito a música do ano - Pavão Macaco - o barriga verde/alagoano Wado me cativou por não se valer daquela coisa de usar "música regional" para ser respeitado. Pode até ter carimbó, afoxé, whattafuck, mas o mais legal em Atlântico Negro (e em todo o trabalho do Wado, em geral) é que essas coisas são apenas parte da diversão. As melodias, estruturas e roupagem pop falam por si, transcendendo a dinâmica "regional", "brasileira".

Em outras palavras, Wado é genuinamente brasileiro sem apelar para a demagogia ufanista "vamos valorizar a música nacional". Porque legal mesmo é fazer um troço universal.

Some isso ao português hilário do começo do disco que me faz rir e uma das capas mais bonitas do ano e você tem o segundo lugar.

1. Them Crooked Vultures - Them Crooked Vultures

David Eric Grohl. John Paul Jones. Joshua Michael Homme. Tá bom, né?

Ficou abaixo do que a gente esperava? Ficou. Mas melhora a cada audição. E num ano sem nenhum grande destaque, não tem como virar as costas pra eles (não sem levar um pescotapa).

Pra finalizar, a melhor frase de 2009 está no disco: "if sex is a weapon, then smash! boom! pow!"

 
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