Saturday, December 27, 2008

New Year's Eve

Sou contra esse lance de usar letras/textos dos outros pra expressar o que se sente, porque na real, nós mesmos temos que fazer essas coisas. Mas desta vez, seria inútil escrever qualquer outra coisa que não fosse a letra de New Year's Eve, do Kashmir.

new year's eve
fine dark suits
paper hats
les grands salutes

your tear stained speech
and your wounded eyes
your frail attempts
to be remembered -

takes me down
dries me out
it shoves me around
blows my flame out

the moon is on
and the morning lurks
but the mood is gone
with the fireworks
I lost my faith
in new year's eve

serpentines
cheap cigars
sparkling wine
fallen stars

it's time to quit
and start again
only god knows
what we're celebrating


Seja como for, que 2009 seja melhor (ou "ainda melhor", se seu 2008 já foi bom) do que este ano. No fim das contas, não dá nada desejar o bem - mesmo nesses momentos clichês e constrangedores.

Beijo.

Tuesday, December 16, 2008

Top 10 2008 - Os Shows

Os melhores shows que eu fui neste ano. =)
Menções honrosas para Kashmir, que por um mês não fez parte de 2008, The Streets, que eu desperdicei por estar meio alterado, e Yeasayer, que só presenciei três músicas, por ter preferido ver Streets (que não curti por estar benloco). Irônico, né?


10. Slayer – Roskilde Festival, 06/07
Das bandas brutais que existem na Terra, Slayer é a mais classuda de todas. Sim, Kerry King é um idiota, mas quando ele e Jeff Hanneman pegam suas guitarras pra tocar, nada pode ser mais pesado e catártico. Tom Araya é outro monstro e, a roda de pancadaria que se forma na platéia, apesar de uma das coisas mais burras que podem existir, é extrema, assim como o show. Assisti colado na segunda grade do Orange Stage, onde tudo ficava mais calmo e a visão era perfeita. Grande, grande show.

9. Black Mountain – SP Noise Festival, 21/11
Puta show. Clima aconchegante, mas pesado, tudo perfeito. Porém, muito curto. Tivesse uma hora a mais, teria sido o número um, sem nenhuma dúvida.

8. Curumin – Galeria Olido, 29/10
Último show da série que Curumin fez na Galeria Olido. Foi pau a pau com o que ele faria uma semana depois, no Planeta Terra, mas escolhi este pelo fator intimidade. Na verdade, Curumin estava ali tocando para amigos (era incrível o número de gente presente que conhecia o músico pessoalmente), no centro de São Paulo, um dos lugares mais incríveis do país, de costas para a janela, onde os transeuntes iam passando. Além disso, contou com discotecagem entre as músicas e participações de MCida e Kamau. Curumin em seu melhor momento, tocando para e com amigos. Merece o oitavo lugar.

7. Gogol Bordello – Tim Festival, 24/10
Teve tudo o que uma boa apresentação necessita (performance, som bom, repertório, energia e etc.) e duas minas muito bem apessoadas de shortinho tocando bumbo e dançando. Não carece de mais, né?

6. The Campbell Brothers – Roskilde Festival, 06/07
Banda com uma guitarra lap steel, uma guitarra pedal steel, guitarra, baixo, bateria e uma “vocalista-soul” tipo Lisa Kekaula (The Bellrays). Cantando música gospel. E sem soar cansativo. Campbell Brothers junta tudo o que acontecia no sul dos Estados Unidos nos anos 30 numa performance sensacional, de fazer inveja a qualquer banda de hard/blues rock dos anos 70. É pra ficar até meio religioso.

5. Radiohead – Roskilde Festival, 03/07
Sessenta mil pessoas olhavam atônitas para Thom Yorke, Phil Selway, Ed O’ Brien, Jonny e Colin Greenwood. Uma das bandas mais geniais da nossa geração estava insana no maior palco de um dos maiores festivais europeus, com o sol se pondo ao fundo. Sem contar a música, já garantiria um lugar nesta lista. Mas a música conta, sim, e o que tivemos ali foi um dos melhores setlists que alguém poderia esperar. O final, com Thom Yorke sozinho no violão, ladeado por seus companheiros de banda, ouvindo a platéia cantar o refrão de Karma Police a plenos pulmões, foi um dos momentos mais bonitos que eu já presenciei.

4. Dan Deacon – Tim Festival, 24/10
Pelo aspecto punk de seu show (que acontece no chão, junto com a platéia, sem nenhuma barreira), Dan Deacon poderia apenas apertar play e se acomodar. Já seria motivo de notícia, já seria alvo de hype. Mas o que ocorreu no dia 24 de outubro foi das coisas mais incríveis. Dan Deacon revertia o som de gameboy de seu disco mais recente em uma balada de música eletrônica pesada e pulsante, comandando a platéia, fazendo todos obedecerem-no, mexendo o corpo, fazendo quadrilha e roda de dança. Intenso pra caralho.

3. Queens of the Stone Age – KB Hallen, 24/02
Nada mais precisa ser dito.

2. Solomon Burke – Roskilde Festival, 05/07
Imagine a cena: Solomon Burke canta várias de suas músicas e um sem-número de sucessos do soul e do blues, homenageia grandes nomes da música negra, principalmente seu parceiro Otis Redding, com uma versão de emocionar de Dock of the Bay e, após tudo isso, não quer terminar seu concerto. Simplesmente. As cortinas se fecham e Big Sol pede para alguém da sua banda abrir, para continuar saudando o público. As cortinas se fecham novamente e ele não se levanta de seu trono dourado com veludo vermelho (sim, tinha isso, pra ficar perfeito) e ordena que a banda continue tocando. O público delira, não pára de aplaudir nem quando a organização do festival corta o som e entra o apresentador do palco (Arena) para anunciar a pausa até a próxima atração. Cinco minutos ininterruptos de palmas. Uau.

1. Gnarls Barkley – Roskilde Festival, 04/07
Pode parecer forçado que o primeiro lugar nos álbuns tenha também o melhor show, mas o que eu vi no dia da independência americana foi uma banda em sua melhor forma. Sim, uma banda. Gnarls Barkley ao vivo transcende o duo Cee-Lo Green e Danger Mouse Burton. Todos disciplinados, unidos, uniformizados e, ainda assim, cada um com sua própria postura. Meus favoritos são o grande guitarrista (que enfia solos nas músicas mais improváveis) e a baixista gordinha que é cool como gelo. Danger Mouse é mais descolado ainda e não tira os óculos, não troca palavras, apenas senta e toca seu teclado ou seu xilofone. Mas não de uma forma arrogante ou antipática, apenas cool.
Seja como for, nada disso seria tão legal se Cee-Lo não estivesse ali entretendo a platéia, cantando a plenos pulmões, comentando o clima e elogiando o cheiro de maconha que emanava no ar (não pra mim, não senti nada). Cee-Lo mostra que gosta do palco, das pessoas, sorri, senta na beira do palco, interage, esquecendo todos os seus problemas de auto-estima.
Ainda diz no final, durante o bis: “vocês sabem que nós somos fãs de música e como fãs de música gostamos de tocar coisas dos outros”. A bateria é inconfundível, a guitarra também. Gnarls Barkley está tocando uma versão de Reckoner ainda melhor do que a que o Radiohead havia apresentado no dia anterior, precedida por Who’s Gonna Save My Soul e seguida por Smiley Faces. Não menos que sensacional, a banda do ano.

Friday, December 05, 2008

Top 10 2008 - Os Discos

2008 foi uma merda para mim, na vida pessoal. Musicalmente, no entanto, não houve ano melhor nestas 19 primaveras. Mais do que descobrir bandas, abri minha cabeça para estilos. Conheci um monte de coisa nova, aprendi a dar valor a certas coisas e percebi o que é realmente ruim. O rock, que eu tanto gostava, ficou ainda melhor depois de aprender a respeitar o hip hop, por exemplo, que eu tanto menosprezava. Ao não depender de uma coisa só, você começa a filtrar o que de melhor há em cada uma. Fui muito, muito burro em não perceber isso antes, em demorar 18 anos e alguns (poucos, vai) meses para colocar toda essa coisa em prática. Música está acima de quase tudo, portanto é coisa de mãe-na-zona se limitar.

Além disso, fui nos melhores shows da vida neste ano. A temporada na Dinamarca ajudou, mas no Brasil também houve coisas muito boas, como Dan Deacon, Gogol Bordello, Black Mountain, REM e mesmo meu conterrâneo Curumin.

Para mim, os últimos 12 meses contaram com pelo menos 25 discos muito bons, e uns 5 não menos do que geniais. Até por isso, neste ano fiz uma lista com 20 títulos. Escrevo aqui sobre os 10 primeiros, mas não custa citar os outros. Compõe também meu top 20 os discos novos de:

Sigur Rós, The Last Shadow Puppets, The Raconteurs, Black Mountain, Turbo Trio, Wado, Isobel Campbell & Mark Lanegan, Brant Bjork, The Streets e Duffy.

Agora, o top 10, pra comentar na escola e parecer bacana:


10. The Bug – London Zoo
Na real, o décimo lugar foi praticamente um empate técnico entre este do Bug, o quinto do Sigur Rós e o Last Shadow Puppets. Pessoalmente, escolhi o primeiro por ser a representação do quanto meu gosto musical mudou, e o quanto isso foi positivo. Em favor da música, posso dizer que o trabalho do DJ inglês Kevin Martin é dubstep grave pra caralho, com o baixo clipando, perfeito pra pista, ou estourando um, ou pra ouvir no ônibus lotado (principalmente as duas primeiras faixas, meio pessimistas, o que casa muito bem com um ônibus lotado, o mais próximo do inferno que chegamos no cotidiano). Poison Dart, com a MC jamaicana Warrior Queen, é uma das melhores músicas do ano.


9. N.E.R.D – Seeing Sounds

Bons produtores musicais, via de regra, são ecléticos. O N.E.R.D, de Pharell Williams, externa esse conceito básico quando mistura quase todo tipo de “música popular americana da segunda metade do século XX pra frente” (às vezes eu exagero?) em seus álbuns. No terceiro, encontra-se música para dançar tipo Spaz e Anti Matter, levadas pro hip hop como em Everyone Nose e Time for Some Action e até mesmo rock meio oitentista em Happy. Seeing Sounds, no fim das contas, é mais um expoente da época eclética e iconoclasta em que vivemos. E o nono lugar da lista anual de Jambo Ookamooga, a maior honra de todas.


8. Coldplay – Viva La Vida or Death and All His Friends
Coldplay era pra ser uma merda, certo? Uma banda meio sem graça, fresca, um U2 moderno... Viva La Vida foi um choque para mim, porque é na verdade muito, muito bom. Em geral, o estilo meloso das músicas é mantido, provando que as composições em si não eram ruins, mas sim os arranjos. Brian Eno teve uma participação fundamental, assim como os novos ritmos que ele deve ter apresentado a Chris Martin e sua turma. Provou que toda banda – até o Coldplay – tem chance de se redimir.



7. Apes & Androids – Blood Moon
Blood Moon é o tipo de disco que tem apelo com críticos e fãs. Com críticos por dar a eles a chance de desfilar seu formidável conhecimento enciclopédico apontando todas as dezenas de influências da banda, e com fãs por ser extremamente pop. É um pouco como o disco do N.E.R.D, com a diferença da porra-louquice, da juventude, que o Apes & Androids passa com a música. O segundo melhor début do ano.



6. Eagles of Death Metal – Heart On
Josh Homme é Deus. Qualquer dúvida que eu tivesse em relação a isso se dissipou com Heart On, por ser o melhor disco do EODM justamente quando Carlo Von Sexron/Baby Duck mais aparece. É claro que Jesse Hughes também é importantíssimo, principalmente por ser o único que parece conseguir extrair a veia humorísta de Josh num disco. Heart On, Cheap Thrills e Secret Plans, por exemplo, têm a identidade das águias, mas estão mais bem acabadas, com timbres de guitarra trabalhadinhos, o tipo de carinho que só o QotSA recebia.



5. Okkervil River – The Stand Ins

Em 2007, quando ouvi The Stage Names, foi como se uma luz brilhasse sobre minha cabeça. Por mais que todo mundo esteja fazendo esse som meio “Arcade Fire tocando Americana” (viajei demais?), ninguém o faz melhor que o Okkervil River. Não só isso, poucos têm a sagacidade das letras e perspectiva pop de Will Sheff. The Stand Ins é ainda melhor do que seu antecessor e faz pensar que é realmente uma pena que a banda só tenha recebido atenção quase dez anos após sua formação. Escute Pop Lie, Blue Tulip e In Tour With Zykos, no mínimo.



4. Kings of Leon – Only by The Night
Duas coisas me impressionaram nesse álbum, além do som em si. Das principais bandas indies-roqueiras do começo da década, Kings of Leon foi a primeira a chegar ao quarto álbum (Strokes, Interpol, Arcade Fire, Franz Ferdinand, The Killers, nenhuma chegou a essa marca). O outro aspecto admirável de Only By The Night é o fato de ele se mostrar muito mais maduro do que Because of the Times. Apontou que, mesmo depois das mudanças de som e estilo, os caipiras não se acomodaram, e continuam tentando fazer música cada vez melhor e melhor. Não dá pra partir pro clichê e dizer que “isso é raro hoje em dia”, mas entre bandas de rock indie, é raro, sim.


3. Curumin – Japan Pop Show
Luciano Nakata Albuquerque é um sujeito iluminado. É um dos caras mais sangue-bão da música brasileira, faz música boa para cacete e ainda conhece/trabalha com as pessoas mais legais do pop nacional. Além de tudo, mistura dub, samba, samba-rock, hip hop. E bem! Não só o melhor disco brasileiro do ano, Japan Pop Show é também o mais importante.



2. Yeasayer – All Hour Cymbals

Tem alguma coisa especial no Brooklyn. TV On The Radio, MGMT, Apes & Androids, Vampire Weekend… Todas essas bandas surgiram há pouco tempo na região, todas com uma veia “art rock”, todas muito legais... Mas nenhuma supera o álbum de estréia do Yeasayer, banda-irmã do mesmo lugar. Pelo menos no meu gosto, e eu nem tenho como explicar isso. Não sou muito fã de world music, corinhos hippies, e coisa do tipo, mas as canções do disco, todas muito boas, e as incursões eletrônicas criam um clima diferente. Eu não sou mais a mesma pessoa desde que ouvi No Need to Worry (sem brincadeira) e, como isto aqui é um blog pessoal, é motivo o suficiente para o Yeasayer estar na segunda e merecidíssima colocação do ano.


1. Gnarls Barkley – The Odd Couple
É a perfeição. Marcando o ano das misturas musicais (ou pelo menos, da descoberta delas por parte deste que vos escreve), a mais insana de todas. Danger Mouse é o maior produtor da atualidade e Cee-Lo o melhor cantor e um dos letristas mais sombrios. É notável como uma banda pop alcança tanto sucesso com letras tão pessimistas, carregadas, sofridas (Cee-Lo me lembra Tim Maia nesse aspecto, a do cantor extremamente talentoso, mas com sérios problemas de auto-estima por conta de sua aparência física). Danger Mouse faz as melhores bases instrumentais do mundo, com xilofones, sintetizadores, baterias e guitarras, ora mantendo o clima desesperado das letras, ora contrastando com elas, como que se manipulasse as emoções da música. Um exemplo da amálgama perfeita entre os dois é, também, o melhor momento musical (em álbum) do ano: a voz do cantor tornando-se, num ponto indefinido, uma motosserra em Would-Be Killer. Matador, mesmo.

Monday, December 01, 2008

Tom Zé, Caetano Veloso E Sua Influência Seminal na Blogosfera Anarco-musical Tupiniquim (Ou O Porquê de Não Se Recomendar Usar Ácido em Demasia)

http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/3975/
"No fim do espetáculo, Tom começou a agradecer a presença de amigos conhecidos e jornalistas e trouxe para a cena um "desentendimento" que até aquele momento estava restrito ao blog de Caetano Veloso e ao seu."

Escrever um blog é essa coisa vergonhosa que é por causa de filhos da puta desse tipo. Quem é que briga via blog, cara? Quão fundo é o poço pra uma pessoa que se "desentende" com outra através de uma treta de diário virtual?

Eu, particularmente, uso isto aqui pra publicar meus textos, não pra brigar com alguém ou ficar de chororô. Mas aí, aparecem dois ex-músicos em atividade falando bosta e fica parecendo que todo mundo é punheteiro assim. No fim das contas, bem disse Noel Gallagher: " blog is for someone who’s got no mates". O problema é que, assim como ele, "I've got more than a dozen [mates]."

Então fica combinado que, a partir de hoje, isto aqui não é mais um blog. É um diário de viagem. Graças ao Tom, ao Caê e ao Noel, grandes caras.

(no mais, até o fim da semana, posto o top 10 de discos de 2008, já que não tenho vida, mesmo)

 
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