Mandei um email pro Forastieri perguntando o que ele achava do meu blog, tipo aquela música dos Raimundos, com a diferença de que ele não é a Madonna e nem estava parado no jardim e eu não sou o Rodolfo. Quis saber mesmo o que o cara teria para me dizer, já que ele manja muito mais que eu. O legal é que ele respondeu.
Daí, me disse para manter o foco e, não sei se de brincadeira, pra tentar fazer o melhor blog de música do mundo. Levei a sério e respondi que acho difícil e a conversa acabou aí. Então, achei por bem explicar para mim mesmo (e para quem lê o Spreading Lies) porque eu nunca conseguirei fazer o melhor blog de música do mundo.
Primeiro: música para mim é uma distração, um divertimento. O melhor de todos, o mais importante e, por talvez ser um moleque sem nenhuma responsabilidade ainda, eu ainda queira viver desse hobby. E viver de música é diferente de escrever sobre música.
Porque olha só: hoje em dia a música é cada vez mais desorganizada e sem lógica. Tem vários exemplos por aí. Vamos brincar de name dropping? Franz Ferdinand chegou a dizer por aí que o álbum novo (que viria a ser o recém lançado “Tonight”) seria influenciado por Fela Kuti. M.I.A. é uma cantora de origem cingalesa que mora no Reino Unido e mistura tudo, tudo, até funk carioca nas suas músicas, além de aparentemente ter forjado seu próprio fim de carreira, como fez Bowie com Ziggy Stardust. Já o N.A.S.A. mistura participações de Seu Jorge, Kanye West, John Frusciante, Ol’ Dirty Bastard, a própria M.I.A. e mais uns 30 malucos que (a princípio) não têm nenhuma correlação, sob a batuta de um DJ brasileiro e um americano.
Eu já disse tudo isso em 2008. E, assim como ano passado, continuo achando tudo isso empolgante pra cacete. Gosto de pensar em como tudo isso se formou e definitivamente gosto de escutar música multiétnica, atemporal e cheia de texturas e referências. Mas não faço questão de saber quais são TODAS essas referências, não tenho tesão em colecionar informações desse tipo o tempo todo.
Até porque sou péssimo para reconhecer essas referências, mesmo quando elas são esfregadas na minha cara. Quer dizer, o Franz Ferdinand pode até ter se inspirado em Fela Kuti, mas eu nunca vou saber isso, não só por não manjar de Fela Kuti, mas também por ser do tipo de cara que precisa prestar muita atenção para perceber onde Sabbath e Soundgarden se encontram, ou definir qual o estilo musical do Pet Sounds (alguém sabe? Se sim, por favor, conta pra mim, mas rock não é nem fodendo).
E eu SEI que eu deveria conhecer Fela Kuti, não estou aqui dizendo que é super legal ser ignorante. Mas não quero, por outro lado, apressar as coisas. Cada artista tem seu momento, sua descoberta. É gostoso se concentrar na discografia inteira de alguém insignificante tipo Silverchair simplesmente porque é a banda que te emociona no momento.
Além disso, tem hora que tudo o que a gente quer é ouvir algo já mastigado e prontinho. Por que é que todo mundo tem uma obrigação meio velada de escutar várias de bandas velhas tipo, não sei, Uriah Heep, que nunca passaram de Silverchairs do seu tempo? Será que é porque um velho da galeria do rock ou da Rolling Stone escutava no seu tempo e transformou em “must“? Nunca. Nós somos jovens, e ninguém, nem os críticos musicais, têm obrigação de se ver atados a conceitos antigos, do tempo dos nossos pais.
Eu acho que para escrever bem sobre música, uma pessoa tem que ser, acima de tudo, sagaz, destemida e iconoclasta. Isso antes de ser uma enciclopédia. Em tempos de Google, Rapidshare e Wikipédia, ter um monte de fato na cabeça torna-se cada vez mais inútil fora das mesas de bar. Precisamos mesmo é encher a boca e não enrubescer pra dizer que gostamos mais de Sublime do que de Beatles ou que Queens of the Stone Age é muito melhor do que Black Sabbath. Apesar de não pensar exatamente nada disso, entenderia perfeitamente se alguém dissesse, até admiraria. Porque nada é uma verdade absoluta em música. Nunca foi e nunca será.
Queria que mais gente jovem, mais ou menos da minha idade, pensasse assim. Queria que aparecessem uns moleques escritores que realmente desprezassem tudo feito antes de 1992. Não seria o mais correto, o mais ponderado (meu velho sempre diz que “a virtude está no meio” – hehehe), mas é necessário romper algumas amarras.
Pense bem, veja como a música evoluiu e, em contrapartida, o passo lento que a crítica musical se encontra. Será que não tem a ver com esse bando de moleque querendo saber mais do que os velhos que presenciaram tudo aquilo? Ou com o monte de referências sem rosto, impostas em ritmo doentio em todo o texto que se lê por aí?
Enquanto isso não mudar, a crítica musical só vai afundar e afundar. E eu continuarei sendo um crítico de merda. Ainda bem.
Monday, February 16, 2009
Música e Falar Sobre Música em 2009
Postado por Jambo Ookamooga às 8:48 PM
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4 comments:
concordo [se realmente entendi a idéia - com acento mesmo!], falta à gurizada, atualmente, instinto para a polêmica. principalmente na área da música.
a coisa mais corriqueira de se ver é pessoalzinho pagando pau pros "bítous" sem nem saber a real importância deles. nessas horas nada melhor do que soltar um "eu sempre preferi stones, o beatles eram uns bundões e tinham umas guitarras muito sem graça..."
não que isso seja completamente verdade, mas serve pro cara dar umas boas risadas da cara de um monte de "modernos"...
saudações!!
esse "causo" que contei é só um exemplo sobre o tema.
Hum... E olha que nem foi tão difícil de achar!!! Abraço.
passei, sexta teve a outra fase, to esperando a resposta. e voce, algo?
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