E aí? VAMOS LÁ, RAPAZEADA?? A segunda parte ficou mais indie. Mas hoje em dia, quem é que consegue fugir disso?
7. Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
O que eu mais gosto no Animal Collective é sua habilidade com os barulhinhos. Como uma banda só com alguns sintetizadores e outros brinquedos eletônicos e uma guitarra (pelo menos foi isso que eu vi ao vivo) pode fazer um som tão completo e popular continua sendo um mistério para mim. Mas mais do que isso, evidencia uma genialidade que está mais baseada em usar os aparatos eletrônicos da forma certa do que num feeling musical "puro", como acontecia antigamente. Resumindo, o Animal Collective faz a música do futuro.
Não bastasse isso, Merriweather Post Pavilion é o disco de 2009 da maior banda da geração hipster americana, que tornou-se mais conhecida neste ano e tem tudo para crescer ainda mais em 2010. Mesmo deixando tudo isso de lado, My Girls destrói tudo e sozinha já meio que garantiria um lugar aqui para a banda. Agora que o Yeasayer foi pro saco, é minha aposta no meio indie.
6. Arctic Monkeys - Humbug
Andam responsabilizando o - opa! - produtor Joshua Homme pela mudança drástica no som do Arctic Monkeys, mas desde 2008, com o disco de estréia do Last Shadow Puppets, Alex Turner já apontava para onde queria seguir. Desde o título, Humbug, o novo trabalho da banda de Sheffield é diferente. Um amigo meu chegou a dizer que esperava alguma coisa como 'The Rocambolic King of the Cobra Slaves From Kuala Lumpur', ou algo tão estrogonófico quanto. Porém, com uma palavra antiga que significa farsa, a banda nomeia um disco tão discreto e oblíquo quanto possam querer sugerir.
Em Humbug, portanto, a tarefa de Josh Homme foi canalizar toda a vontade de mudar e emprestar alguns timbres classudos ao Arctic Monkeys. O resultado é uma mistura de Last Shadow Puppets com o clima meio sinistro dos últimos trabalhos de Homme, mais a piscadela insolente dos macacos ingleses. My Propeller, Dangerous Animals, Dance Little Liar e Pretty Visitors são os melhores expoentes dessa brisa toda. Não se acanhe, hoje em dia já é chique ceder ao hype.
5. Pearl Jam - Backspacer
Eu bem que achava que um hiato faria bem ao Pearl Jam, mas não imaginava que o resultado chegaria ao nível de Backspacer. O nono disco da minha ex-banda-favorita-de-todos-os-tempos é basicamente o que eles estavam meio que tentando fazer há quase 10 anos. Se a inspiração para experimentações introspectivas - como Sometimes e Sleight of Hand - e épicos tipo Rearviewmirror parece ter acabado (ou foi uma escolha deliberada? É minha maior dúvida em relação ao Pearl Jam), que pelo menos eles fizessem bons trabalhos com os punks mezzo pop mezzo anos 80 que vinham tentando fazer. Porque o "Abacate" (o auto-intitulado "Pearl Jam"), de 2006 trazia alguns belos fiascos, tipo "tio, pare de passar vergonha". Como é que se diz hoje em dia? "Fail", não é? Desta vez, no entanto, deu certo.
A primeira metade do álbum traz músicas rápidas e vigorosas que podem até se equiparar a clássicos da banda como MFC e Hail, Hail. Minhas favoritas são Got Some e Johnny Guitar. Depois, há uma sequência de experiências bem-sucedidas, como a valsinha Speed of Sound e o crescendo emocionado de Untought Known. Ainda arrumaram espaço para um marketing pessoal de Eddie Vedder: as duas baladas do disco são cópia exata do estilo musical (folk? ukulele-rock?) de seu disco solo, mas isso não atrapalha. Pelo contrário, são belas melodias que completam o disco direitinho.
No fim, o principal mérito de Backspacer foi me fazer voltar a respeitar o Pearl Jam. E tomara que continue assim.
4. Danger Mouse and Sparklehorse Present: Dark Night of The Soul
Deus abençoe Brian Joseph Burton. Se no ano passado ele conseguiu soltar o melhor álbum de 2008 e um dos melhores da década com o Gnarls Barkley, em 2009 não fez nem um pouco feio. Desta vez, junto com Sparklehorse (e perdoem eu não saber nada sobre o cara e nem até onde vai sua participação no projeto) e com projeto gráfico de David Lynch, Danger Mouse se embrenhou por caminhos diferentes do mundialmente famoso Gnarls Barkley. Dark Night of The Soul é mais maluco, mais nóia, mais sombrio, mas também é mais Beatles pós-67, as sensações de amor, angústia e sensualidade alternando e misturando.
Para viabilizar essa piração, algumas pessoas foram chamadas: Iggy Pop (cantando, oportunamente, que é uma mistura de deus e macaco), Flaming Lips, Nina Persson, Julian Casblancas, e mais um monte de gente diferente que contribui para essas oscilações esquizofrênicas de humor ao longo do álbum. Inclusive, com seu suicídio recente, a participação de Vic Chesnutt, a mais desconfortável e misantropa de todas, fica parecendo um tipo de despedida macabra.
Mas antes de tudo, o que mais chama atenção é o bom gosto do trabalho e a sua coerência. Não surpreende. Há pouco tempo, Danger Mouse foi considerado o melhor produtor da década pela Paste Magazine e agora prepara Broken Bells, com o carinha do The Shins (que canta uma das melhores em Dark Night of the Soul). Já temos um candidato a melhor álbum de 2010.