Saturday, December 26, 2009

Top 10 2009 - Os Discos (parte 1)

Neste ano, além de demorar para elaborar minha lista final de melhores do ano, resolvi dedicar uma resenha mais caprichada para cada um dos eleitos. Por isso, dividi a postagem em 3 partes e espero que a segunda já seja publicada amanhã. Depende da minha capacidade de escrever as coisas. Complicado...

Não achei 2009 um bom ano, nem de longe. Pode ser porque ouvi pouca coisa (sendo que no final acabei correndo para ouvir alguns lançamentos e quatro discos listados aqui eu só fui ouvir no último mês).

Acho que precisava ter escutado mais hip hop e música brasileira, mas a vida continua. Flaming Lips, Pelican e Dizzee Rascal provavelmente teriam entrado se eu tivesse ouvido seus lançamentos. Black Drawing Chalks e Cidadão Instigados não me enganaram (muito por causa dos seus vocalistas; já vi os instrumentistas de ambas as bandas ao vivo e é coisa fina). Emicida lançou uma mixtape, que hoje em dia já é disco, longa demais e só por isso não entrou.

Mãos à obra?

***

10. Céu - Vagarosa
Ainda que uma menina como a Céu cantando "cumadji", como se alguma vez na vida já tivesse proferido essa palavra, me incomode de leve, e essa "brasileiridade" resgatada pela turminha mpb da Vila Madalena/Lapa me pareça ligeiramente falsa, nada disso é capaz de macular a qualidade de um disco como Vagarosa. Cangote, Bubuia e Cordão da Insônia, num mundo justo, teriam cada uma um clipe maravilhoso que passaria o dia inteiro na MTV (se bem que não tem lá muito sentido reclamar disso, a Céu é conhecidíssima hoje em dia).

Mesmo que o álbum não fosse bom desse jeito, ousado instrumental e estilisticamente como é, dois motivos ainda me deixariam inclinado a arrumar um lugar para a cantora nesta lista. O primeiro é puramente temporal, quase técnico: não incluir algum representante dessa cena em que ela se encontra (a mesma em que estão Curumin, Kassin, Thalma e até rappers como Emicida e Kamau) seria virar as costas para o inegável: a música brasileira está renascendo - e com criatividade. O outro motivo é meramente masculino. Como disseram por aí (acho que foi o Alexandre Matias), a Céu não se identifica com o estereótipo da cantora de mpb durona e sapatão. Ela está mais para a irmã gatinha do seu amigo que fuma maconha e escuta os CDs de reggae do irmão mais velho. Aí meu coração amolece.


9. Slayer - World Painted Blood
Como achei 2009 um ano ligeiramente fraco, nada mais natural que um som familiar figurar numa lista de melhores do ano. É meio que uma salvaguarda, para garantir que o ano não seja um fiasco total, na retrospectiva. Vejo o Slayer como mais uma daquelas bandas que fazem sempre o mesmo disco, mas com a vantagem de não terem tido substituições de músicos equivocadas tipo o AC/DC e de suas tentativas de variação sempre acabarem sendo muito classe (diferente de um Kiss da vida). Quer dizer, Dead Skin Mask não é um troço do caralho?

Nessa linha de pensamento, World Painted Blood encaixou direitinho em 2009. É Slayer puro, pesado e com Tom Araya cantando como nunca, mesmo beirando os 50 anos. E eu valorizo demais uns tiozões tocando thrash metal sem parecerem ridículos (o Kerry King meio que é ridículo, mas a gente finge que não vê).


8. Mastodon - Crack The Skye
Quando ouvi Mastodon pela primeira vez, achei que era a salvação do heavy metal, ou pelo menos a prova de que havia massa cinzenta em algum lugar dele. O crítico Simon Reynolds, pelo visto, concordava comigo e chegou a comparar a vertente em que o Mastodon se encontrava como o equivalente ao post punk nos anos 80. Faz todo o sentido, uma vez que o metal hoje em dia é desprezado por sua característica exageradamente solipsista, ou seja, por se fechar em guetos intransponíveis (e raramente o interesse de penetrar esses guetos é despertado numa pessoa "de fora"). Essa exclusão causa sentimentos pessimistas quase idênticos aos dos punks sentimentais do início dos 80. Em suma, o chamado "metal progressivo" tem o papel que o indie tinha antes de se tornar produto de massa via as piores bandas da história.

O último do Mastodon, Crack The Skye, parte de onde seu antecessor, Blood Mountain, parou. Explico: o álbum de 2006 começa impiedosamente bruto, pesado, os 12 braços do baterista judiando a bateria. Conforme vai avançando, vai ficando mais etéreo, cada vez mais viajandão. Até as participações especiais mostram isso. Scott Kelly, do Neurosis, Josh Homme, do QotSA, Cédric Bixler-Zavala e Ikey Owens, do Mars Volta, na ordem.

Crack The Skye é exatamente a mistura perfeita do começo e do final de Blood Mountain e é tão bem resolvido que chega a ser claramente pop (tão pop quanto o metal pode ser). Atente para Oblivion, Divinations e o épico dividido em quatro partes The Czar.

2 comments:

Wagner Beethoven said...

Tu tens como arrumar o link do disco da Céu?
Já procurei tanto e não acho

='(

Parabens pelo blog, já acompanho faz tempo!

Unknown said...

Oi Pedro, gostei! Fiquei curiosa, quero conhecer esse Wado. bj, Simone

 
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