Meia noite e quarenta e quatro, coloquei Nevermind pra tocar, peguei uma cerveja lá embaixo (Bavaria é horrível, shame on you, dad!) e roubei dois cigarros do meu pai. É, roubei, infelizmente ainda tenho 17. Patético, não? A adolescência é patética na maior parte do tempo, já me acostumei.
Embora tenha irritado insuportavelmente Kurt Cobain o artigo que dizia que “a angústia adolescente compensou”, a ponto de ele abrir seu disco seguinte com essa frase em tom irônico, definir Nevermind e o Nirvana como um todo como “angústia adolescente” talvez tenha sido a mais brilhante significação para o disco que alguém poderia ter pensado.
Kurt definiu esse período de fortes conflitos hormonais e morais como ninguém. O enfado, a decepção, o asco e a própria angústia estão em Nevermind da forma mais limpa possível, mas ainda sim bruta. Talvez seja por isso que o disco também é um antídoto forte, entra na mesma freqüência da tua fúria ou desespero ou tédio e te cura, no fim das contas. Desde uns tempos atrás, tenho estado incrivelmente emputecido com algumas questões e hoje à noite, quando a coisa chegou no auge, não conseguia tirar o riff de Teen Spirit da cabeça.
Smells Like Teen Spirit é o carro chefe do álbum com muita justiça, porque não só é a faixa com maior apelo comercial como também escancara a idéia do que é a fase entre os 13 e os 19 anos, numa alegoria musical bem incisiva. Uma música simples, com uma base e um refrão e um solo bem mais ou menos (e curto) se estica por cinco minutos e se torna uma coisa muito mais dramática do que deveria ser: milhões de discos vendidos, mania, encheção de saco, Kurt, Krist e Dave mais presentes na sua casa do que aquele seu tio que mora não muito longe e, no fim, um tiro na cabeça que até hoje inspira discussões acaloradas entre garotinhas de 13 anos sobre quem o proferiu.
E Kurt foi sim o primeiro. Mesmo que o Iggy já tivesse dito “I’m losing all my feelings, I’m running out of friends”, mesmo que outros já tenham dito que nasceram para perder, nenhum o fez com o tédio do Nirvana. Hail!
2 comments:
incrível esse tal negócio chamado música! Num momento parece que acerta a tua cabeça de forma tão singular e única que parece que só você entende aquilo tudo transmitido...
Depois tu olha num blog e vê que, milagrosamente, tu não é o único a entender aquela angústia toda contida numa melodia e tal...
[e realmente, quando o cara tá puto da vida e escuta um disco desses parece que fica 'mais leve' depois... ou monta uma banda, hahaha!!]
teenage angst has paid off weeeeell
now I'm bored and oooold
haha...cara até hoje não entendo como nirvana virou o que virou
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