Sunday, January 13, 2008

Tijolos, Cimento e Glamour

Algo como uma continuação deste post aqui.


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Uma das últimas grandes discussões da comunidade da Bizz no orkut foi sobre o conceito de “artista-pedreiro”, disseminado por algumas cenas (incluindo bandas, produtores e organizadores de festival) independentes brasileiras. Não, xará, este blog ainda não se tornou uma latrina e nem perdeu sua dignidade, mas é sempre legal dizer de onde você tirou as suas idéias.

De qualquer forma, o mote “artista-pedreiro” é polêmico porque consiste na desmistificação do artista, que agora, em vez de um dândi fumando uma cigarrilha recostado nas suas almofadas lilás, é um trabalhador braçal que rala tanto quanto um pedreiro. As gravadoras e bandas e festivais independentes afirmam que, com a polarização da música pop pela internet, a vida do artista independente ficou muito mais viável, mas demanda um trabalho muito maior. Nessas, é impossível posar de bon vivant quando, além de compor em berço esplêndido, você-artista também precisa ir atrás de estúdio, produtor, gráfica, distribuidora e etecétera e tal.

E é claro, há quem discorde, dizendo que o artista deve se valorizar, que quem não gosta de ganhar dinheiro é masoquista, está fazendo tipo. E, além disso, que se não houver um glamour na arte, as coisas perdem um pouco da graça. A discussão é acirrada, quase política.

Dando o meu pitaco, acho que ambas as, hã, ideologias podem andar juntas. Mais do que isso, já andam. Apesar de não termos mais megastars hedonistas ordenando toalhas brancas e rosas vermelhas por aí, ainda existem pessoas respeitadas, incensadas e, consequentemente, glamourizadas no showbusiness. E são justamente as que trabalham mais – ou apresentam mais resultados. Nomeando cinco nomes “grandes” (ou, no mínimo, comentados) da música pop internacional: Timbaland, produtor, músico e arroz-de-festa, que produz e participa dos discos de praticamente todo mundo que ainda vende discos nesse mundo cão, onde ninguém mais compra discos; Sean “Diddy” Combs, dono de gravadora, produtor, agente de artistas, dono de marca de roupas e – ah sim! – rapper; James Murphy, produtor, co-proprietário de gravadora e músico que grava praticamente sozinho seus discos ecléticos e multi-influenciados; Josh Homme, que, apesar de não produzir nem ter gravadora, é praticamente a peça central, junto com seu Queens of the Stone Age, de um conglomerado de bandas e parceiros, e participa de uns três ou quatro discos de terceiros por ano, além de seus remixes e seu projeto solo, as Desert Sessions; Devendra Banhart, dono da gravadora Gnomosong, ao divulgar novos artistas e lançar seus próprios discos ecléticos, praticamente criou uma das cenas em ascenção na música pop, o acid folk (ou folk revival).

Qualquer um desses pode ser seu ídolo, dependendo do estilo que mais te apetece. Mas, inegavelmente, todos trabalham pra cacete, bicho. E mantêm seu status. E vão nas festas. E tomam champagne. Um dos citados ali no parágrafo acima, no caso o senhor Homme, costuma dizer que é preciso um músico valorizar seu trabalho, que ter vergonha de ganhar dinheiro é uma estupidez enorme. E é verdade, não é mesmo?

O Macaco Bong, banda independente de Cuiabá, irá nomear seu primeiro disco “Artista Igual Pedreiro”. Se artista é igual pedreiro, não devem se envergonhar de querer mais. Ninguém quer ficar no ostracismo, na mesmice, na mediocridade. Todo mundo quer ganhar mais, ser mais, ter mais. Pergunta pro pedreiro que construiu a sua casa.

2 comments:

Anonymous said...

óia, ele se pauta pela comunidade da bizz. fio, vai ler ruy castro, nelson motta, luis antonio giron, jotabê medeiros, os jornalistas conhecidos de verdade, não esses caras que só são conhecidos dentro da comunidade e escrevem 200 caracteres por mês. não caia no conto do lobo, nega.

Jambo Ookamooga said...

"Me pauto" é brincadeira, né Arnun?

Mas valeu por dar essa importância ao meu humilde blog, seu bosta.

 
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