Alguém está sentado na frente de um computador numa sexta-feira à noite, ouvindo Smiths e o primeiro LP do Black Sabbath, sentindo-se miserável numa viagem fodida de auto-indulgência.
Parece mentira, mas um monte de gente está assim. Milhões de sextas-feiras treze, toda semana, pra milhões de pessoas. Gente como eu e você, com alguns prazeres na vida, alguns sonhos, uns bons amigos, mas sempre com uma chateação pequena do lado do ouvido, sussurrando sem parar: “você não está no seu lugar”. Existe gente assim, embora a maioria dos seres humanos esteja mais preocupada em dar uma olhadela e deixar a ambigüidade no ar, como se fossem grande coisa.
A nossa época é a dos nerds e dos magrelos esquálidos que apanhavam na escola há dez anos. Hoje em dia eles chegaram ao poder, a internet nos deu a anarquia punk, a democracia hippie e tudo o mais. Hoje em dia é permitido ouvir de tudo, até funk carioca. Pode beijar menina e menino, pode cheirar cocaína pra cacete. Mas e aí?
O totalitarismo estilístico ainda continua sodomizando a todos que não têm tempo ou vontade de se adequar às regras e indumentária dos 00. O totalitarismo está em todo lugar, nos desfiles de moda, nos shows de rock, nas baladas alternativas, na rua Augusta, nas padarias 24 horas e lojas de camiseta.
E parece que dividem tudo em dois grupos: o dos que sabem disso tudo e o dos que não sabem, que estão nas marginais da coisa toda. Só que existe um terceiro grupo. O dos que entendem tudo isso, mas não estão afim de participar. Somos nós.
Nós, que não podemos sair nos dias de semana, que sentamos fumando maconha o dia inteiro porque não temos nada melhor pra fazer, que somos mimados e sem direção, basicamente esperando a morte. Olhamos pras bandas e elas são boas e tudo mais, mas não se comunicam com a gente. Os filmes só mostram as minas que a gente nunca vai pegar e os caras que a gente nunca vai ser. O Mc Donald’s segue subindo os preços, os ônibus estão lotados e a chuva nos molha da cabeça aos pés.
Cansamos da Funhouse, do Tim Festival, do David Beckham, da Amy Winehouse, da NME, do iPod, do funk carioca, da MTV, da cerveja a 4,50, dos desfiles de moda e da UEFA Champion’s League.
É hora de encontrarmos nosso espaço e nossos próprios ídolos, é hora de transformar a nossa normalidade em choque cultural. Vamos achar o nosso próprio lugar, que nem fizeram lá por 75, quando todo mundo tinha que ouvir Yes.
A hora chegou, apontem suas guitarras em direção ao céu e “escrevam seu próprio futuro”.
Friday, October 03, 2008
Escrever o Próprio Futuro
Postado por Jambo Ookamooga às 11:21 PM
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