Tuesday, October 14, 2008

Jeff Ament e as Férias

Olhando pra trás, neste blog, eu vejo o quanto essa banda ainda significa pra mim. Merda.

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Tone, de Jeff Ament, significa a derrota do Pearl Jam como coletivo, pelo menos por enquanto. Se no ano passado tivemos Eddie Vedder superando o “disco do abacate" com sua trilha sonora para Into the Wild, em 2008 Ament repete o feito. Que não é lá um feeeito, tendo em vista que o último disco da sua banda, se não é uma bomba, é um amontoado de clichês bem sem graça. E, se eu não era tão contundente antes, é porque o abacate ainda não tinha amadurecido (meu humor continua uma coisa linda). Dois anos depois, não passou no teste do tempo.

Já Jeff Ament consegue fazer rock básico nada revolucionário ou relevante, mas bastante agradável. Pra te situar, ele é ex-baixista de bandas seminais do, cof cof, “grunge” Green River, Mother Love Bone e Temple of the Dog, além do próprio Pearl Jam. Além disso, é o compositor de algumas músicas da banda, algumas muito boas e pelo menos uma muito ruim.

Sendo sincero, quando o trabalho foi anunciado, não esperava muita coisa. A decadência do Pearl Jam, de uma banda tipo divina pra uma banda “legalzinha” e irrelevante, acabou eclipsando seus integrantes e só Eddie, por ser uma espécie de porta-voz, se sobressaía. O álbum tinha cara de “um quinto de alguma coisa medíocre”. Talvez tenha sido sorte ficar nesse preconceito burro, porque a surpresa positiva, sem dúvida, foi benéfica. Quer dizer, eu poderia estar aqui numas de “Pearl Jam só tem gênio!”.

Tone, como dito anteriormente, é só rock básico que não importa de verdade. Mas é competente no que se propõe a fazer e, seja como for, apresenta as melhores músicas de Jeff Ament desde... sei lá, muito tempo. Em geral, é um disco composto de boas canções pop-rock grudentas (The Forest, Just Like That, Bulldozer) e baladas, como Say Goodbye e Doubting Thomasina. A última, aliás, tem a participação de Doug Pinnick, do King’s X, e tem forte influência soul no vocal. Pode ser ou não porque Ament quis, mas quando é que foi a última vez que a banda-mãe tentou alguma coisa mais ousada?

Essa competência descompromissada pode ter vindo da forma como o álbum foi realizado e lançado. Demorou 12 anos para ficar pronto, saiu por uma gravadora independente e só foram prensadas 3 mil cópias, vendidas apenas numa rede de lojas independentes (ou seja, nada de Walmart ou Virgin) e pelo site do fã clube do Pearl Jam. Jeff não quer revolucionar nada. Não tem panfletagem, não tem vendas revolucionárias pela internet, nem vote Obama, nem salve a Mata Atlântica. Só música, sabe? Pelo simples prazer de lançar suas faixas que demoraram anos pra ficar prontas. É tão respeitável quanto qualquer revolução ou causa humanitária.

No fim das contas, Tone não estará nas listas dos melhores do ano, em dezembro, mas acaba corroborando uma coisa muito importante: bandas não foram feitas pra durarem 20 anos, sem pausas. É possível que os integrantes do Pearl Jam tenham percebido isso (Stone Gossard está para lançar seu segundo disco solo, Eddie Vedder está excursionando sozinho e fazendo música pra times de beisebol) e deixado de lado essa idéia estúpida de fazer música panfletária sem inspiração, só pela “obrigação para com os fãs”. Tanto faz. A verdade é que serão três anos entre os lançamentos do último disco e o do próximo (presumivelmente) e eu posso apostar contigo como essas férias vão ter feito bem. 50 conto, vamo aí?

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