Friday, March 06, 2009

Certo, Mais Uma Vez

Pro inferno com a modéstia. Tudo que eu disse aqui ontem sobre Watchmen se confirmou. E isso sem que eu tenha visto o filme inteiro.

Explico rapidinho pra vocês. Fui todo-todo lá pro Kinoplex, até bem antes da sessão começar, ainda com alguma esperança. Mas foi bem o que eu pensava, um filme super lustroso, cheio de câmeras lentas, explosões, música incidental apocalíptica nas cenas de ação (o resto da trilha, com Dylan e toda a turma é, admito, duca) e exagero. E a história fazia sentido para mim, que li a graphic novel, mas dava pra ver que para quem não leu, faltava liga. Se o intuito era fazer mesmo um filme para fã, por que entucharam aquele monte de maneirismo hollywoodiano?

No entanto, o que me fez levantar e pedir meu dinheiro de volta não foi a perfeição técnica em detrimento da história. Eu já esperava isso e, numa pegada meio masoquista, estava gostando. O que me emputeceu de verdade foi perceber que o Brasil caga mesmo para Watchmen.

Quer dizer, eu estava no Kinoplex Itaim, um dos cinemas, a princípio, mais fodinhas de São Paulo (e, por acaso, na esquina de casa). E sabe quantas pessoas estavam ali para assistir a estréia em película da melhor graphic novel de todos os tempos? Menos de vinte, e dava pra ver que todos já tinham lido o gibi. Se fosse só isso, cagaria. Mas parece que nós não éramos importantes o suficiente para o Kinoplex (assim como não seríamos para o Cinemark, Lumière, ou o Cine Topázio em Indaiatuba, convenhamos) e a energia caiu duas vezes e dava pra ouvir um telefone tocando em algum lugar. Não obstante, a imagem estava desfocada e foi preciso interromper a projeção pela terceira vez para arrumar o problema. Foi nessa hora que eu saí da sala e pedi o reembolso.

Pau no cu. Não sou moleque.

Claro que todo estabelecimento está sujeito a problemas técnicos, mas eu corto a rola fora se alguém chegar e me disser que a mesma coisa aconteceu durante uma sessão de, sei lá, Milk, para os casaizinhos frequentadores da Pacha e teve a mesma abordagem desinteressada do Kinoplex. Esse descaso com o tipo de público que Watchmen atrai diz muitas coisas, mas a principal é que quadrinho - e cultura pop em geral, pra ser bem realista - ainda é coisa de criança pros olhos do Brasil, errr, corporativo.

Não adianta a Conrad, a Pixel, a Devir, o Omelete, etc tentarem, vai demorar tempo demais pra nos respeitarem neste monte de merda que é nosso país. Meu palpite é que isso na verdade nunca vai acontecer. Claro, vivemos num lugar em que a nossa Rihanna é a Claudia Leitte.

Às vezes fazem a gente acreditar que não, mas tem como negar que o Brasil é um buraco fundo demais?

***

Ah sim, sobre o filme, depois eu assisto. A horinha que eu vi mostrou que não vale taaaanto a pena (apesar de ser engraçado ver o Denny Duquete de Comediante) e eu ainda recebi meus 11 conto de volta. Se pá até me dei bem. Hehehehe.

4 comments:

Tiago Germano said...

Cara, não caio nessa armadilha de superexposição do "Watchmen". Pra mim um filme de super-herói vai ser sempre uma fantasia de adultos que não cresceram. Não que isso seja de todo negativo. Eu mesmo adoro e vivo fantasiando, mas não dá pra levar muito a sério filmes de homens pintados de azul...

André Leão said...

sou meio herege na vida de graphic novels, deixei passar dez anos e ainda não li Watchmen. em tempo, o dia que as pessoas derem mais valor à cultura, não será mais o brasil.

Unknown said...

nao consigo mais postar aqui!
caralho!

gab.barreiros said...

to esperando um post sobre os dois shows do radiohead. =)

 
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