Enfim acabaram os anos doismil. Foram dez anos importantes demais para a maioria das pessoas que lê isto aqui (na maioria, meus amigos, que não passam dos 30 e poucos anos). Claro, qualquer conjunto de dez anos são decisivos na vida de uma pessoa, a não ser que ela tenha estado em coma. Mas esta década em especial marcou a transição para a vida adulta para essas pessoas com quem eu convivo. Junto com isso houve discos que serviram como trilha sonora (é brega falar assim, eu sei) para todas as descobertas, conquistas e incontáveis decepções que passamos. Com isso, seria no mínimo pusilânime da minha parte, que tenho um blog musical, não enumerar meus 15 álbuns favoritos entre 2000 e 2009. Mesmo que com um certo atraso atraso, (a maioria das pessoas descoladas fez suas listas da década antes de 2009 acabar!) consegui juntar algumas coisas legais.
Antes de tudo, pensei em escrever uma pequena resenha para cada álbum listado aqui, mas seria uma perda de tempo daquelas. Além de ser inexplicável e injustificável o quanto os três primeiros lugares, por exemplo, significam para mim e o quanto eu gosto deles, meu ranking é, acima de tudo, irrelevante. Nunca terei o alcance da NME, da Rolling Stone, do Pitchfork com um blog desses. Por isso, optei por uma lista pessoal, idiossincrática, egoísta. E sem distinguir a música brasileira da música internacional, como é feito por aí. Metade por acreditar que música não tem barreiras de nacionalidade e metade por ainda me considerar imperdoavelmente ignorante em relação à música do nosso país.
Essas listas maiores, por conta de seus inúmeros votantes, acabaram, de certa forma, no lugar comum, resumindo bem o que foi a década (e esse clichê tem sua óbvia importância): uma frente indie, metida a eclética, que podia misturar Kraftwerk com Erkin Koray e uma ascenção do Hip Hop semelhante à do rock nos anos 70, que resultou em experimentações e junções pouco óbvias, além de uma cena underground cada vez mais forte. O quadro Hip Hop x Indie já aparecia lá pela década de 80, quando os primeiros raps políticos eram a alternativa ao post punk afetado. Se é verdade que a moda gira num ciclo de 20 anos, tudo se encaixa direitinho aí.
Pessoalmente, foi o período em que tudo começou. Dos dez aos vinte anos, descobri muita coisa e aceitei que não sou nenhum universo particular, nenhuma Entidade Especial, como a gente tende a pensar em algum ponto da puberdade. Dito isso, observe como a minha lista pessoal é calcada em poucos estilos musicais, como estou sujeito ao que é popular, como meu primeiro lugar é especialmente óbvio para quem me conhece ou acompanha este blog.
Ainda assim, foi possível me enredar por muitos caminhos, movimentos, épocas. Tudo isso por causa da ação fundamental da internet, particularmente a tal web 2.0. As infinitas ferramentas possibilitaram que nos livrássemos das últimas amarras de uma era em que ouvir mais de uma coisa era feio. Em suma, se musicalmente houve pouca novidade nos anos 2000, com as novas mídias, pudemos assimilar definitivamente o legado do nosso passado. O CD (e as mídias em geral) morreu, mas cada vez mais música é disponibilizada, a cada semana eu fico sabendo de um artista obscuro que foi fundamental para que tal banda ou movimento existisse.
Dois exemplos fáceis para te convencer que acabamos de passar pela "Década da Síntese": nenhuma cantora pop trouxe uma revolução como a Madonna nos anos 80 e na verdade, todas elas seguiram à risca os paradigmas estabelecidos pela mãe da Lourdinha. Só que, mesmo assim, com suas curvas, sensualidade e até mesmo por causa das maiores facilidades para produzir música pop, a Beyoncée dá UM PAU na Madonna. Ela foi capaz de absorver os ensinamentos da predecessora, juntar com sua sexualidade gritante, uma estética Hip Hop pré-estabelecida e fez mágica. Alguém acha o clipe de Erotica mais sexy do que Naughty Girl? Eu não, hein.
O segundo exemplo trata dos "comebacks" de bandas que não param de ser anunciados desde 2007, mais ou menos. Algumas delas ainda não estavam separadas por seis anos completos (Blink 182). Isso significa que, agora, mais gente escuta e entende coisas tipo bandas de Shoegaze (eu, por sorte, sou ignorante o suficiente para continuar detestando) e que, sem gastar dinheiro com CDs e LPs, as pessoas vão a mais shows, tornando a turnê de uma banda já quase esquecida algo rentável. Significa também que royalties não sustentam mais nenhum marmanjo e que voltar com sua banda antiga pode garantir uns trocados. Por isso também que os anos 2000 foram os anos dos workaholics, a década do trabalho.
Minha visão é essa. Não tenho muitas referências para trabalhar, uma vez que sou só um moleque de 1989. De qualquer jeito, só descobriremos o que valeu a pena e o que vingou daqui mais dez anos.
Sem mais delongas, a lista:
15. Silverchair - Diorama (2002)
14. Yeasayer - All Hour Cymbals (2008)
13. Twilight as Played by The Twilight Singers (2000)
12. Mark Lanegan Band - Bubblegum (2004)
11. Elliott Smith - Figure 8 (2000)
10. LCD Soundsystem - Sound of Silver (2007)
9. Curumin - Japan Pop Show (2008)
8. The Streets - Original Pirate Material (2002)
7. Death From Above 1979 - You're a Woman, I'm a Machine (2004)
6. Los Hermanos - Ventura (2003)
5. Gnarls Barkley - The Odd Couple (2008)
4. Kashmir - Zitilites (2003)
3. Radiohead - Kid A (2000)
2. John Frusciante - Shadows Collide With People (2004)
1. Queens of the Stone Age - Songs for the Deaf (2002)
Thursday, January 14, 2010
Os Anos 00 e Seus 15 Discos
Postado por Jambo Ookamooga às 12:40 PM
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2 comments:
óia só esse blog!
to olhando.
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