Mais um texto para a Tribuna de Indaiá. Engraçado que agora, com Rage Against the Machine e QotSA quase fechado, já mudei de idéia. Para mim, o SWU tem muita, mas muita cara de picaretagem. Mas com o nível das atrações que eles têm confirmado fica difícil não dar as caras. Quanto a isso, já me retratei em outra coluna, admiti que era um hipócrita de merda.
Não vou perder apresentações incríveis por causa da malandragem de alguns produtores culturais. Mas vou ao festival com um tremendo pé atrás, sabe...
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Para você que é fã de Pixies, Linkin Park, Kings of Leon e Incubus, além das outras atrações confirmadas, fazer o que sugere o título deste artigo pode ser uma tarefa fora de cogitação. Mas este artigo não é para você, que decidiu pelas suas bandas favoritas acima da picaretagem e da má fé dos grandes produtores de shows brasileiros, e sim para quem ainda está em dúvida.
O Woodstock inspirou festivais no hemisfério norte que até hoje carregam seu espírito: milhares de pessoas bêbadas acampando num ambiente cheio de música e integração. Não é brincadeira: em 2008 tive a sorte de ir ao Roskilde Festival, na Dinamarca, e esse segue sendo um dos melhores acontecimentos da minha vida. Assisti às maiores bandas do mundo, mas também invadi acampamentos de completos desconhecidos que me ofereceram cerveja, perambulei por quilômetros de natureza e vi algumas das pessoas mais esquisitas do mundo passando. Ou seja, mais do que alguns shows, tive uma experiência inesquecível.
Já no Brasil, o Rock in Rio de 1985 serviu para difundir o rock entre os jovens daqui – sendo considerado um dos catalisadores do BRock e sinal de que a ditadura militar estava, enfim, acabada – mas seu legado foi por outro caminho. Sem o histórico dos acampamentos e das atividades não musicais, os festivais do Pindorama acabaram seguindo a filosofia “chegar, assistir o que convém e depois tomar o caminho da roça”. Com isso, os grandes shows se tornaram meros negócios e perderam seus poucos apelos não musicais ao se tornarem cada vez mais elitistas e nojentos. Exclusividade para clientes de certos bancos, a hedionda pista VIP (mais cara e mais perto do palco), preços exorbitantes...
Neste ano, o SWU apareceu como a pior de todas essas aberrações e, se tudo der certo, será um natimorto. A proposta do festival em questão é fazer como fazem lá na Europa e nos EUA: três dias de música, direto. Só que o espírito é aquele mesmo que impera aqui no terceiro mundo.
É ridículo pensar nesse SWU como uma espécie de continuação do Woodstock, como andou sendo dito por aí. O mote da campanha do festival é a sustentabilidade e me irrita notar que produtores que se mostram tão preocupados com o meio ambiente não se importam em falir uns jovens fãs de música. Claro: o que manda é o dinheiro, tudo gira em torno dele e para curtir uns concertos bacanas e salvar o mundo, precisamos gastar os tubos.
Só que não precisa ser assim. Usemos o exemplo do festival de Roskilde mais uma vez. Todas as pessoas que trabalham nele durante seus oito dias (quatro dias de “aquecimento”, outros quatro de shows) são voluntários que recebem ingressos para o festival em troca do seu esforço. Assim, o preço da mão de obra cai e ninguém trabalha de cara feia (eu, aliás, fui ao Roskilde nesses termos).
As onipresentes causas humanitárias também são muito bem planejadas. O projeto Human to Human coleta latas de bebida pelos acampamentos e faz a troca desses recipientes vazios por dinheiro para países necessitados. No último ano, surgiu o Green Footsteps, onde os participantes do festival mostram o que têm feito pelo meio ambiente e concorrem a ingressos para o Roskilde do ano seguinte.
Tudo isso parte, acima de tudo, de uma questão cultural? Certamente. Mas isso nunca vai mudar se não nos mexermos. Boicotar o SWU e a ganância de seus produtores é mostrar que não adianta colocar umas latas de lixo recicláveis e apoiar a causa nobre da moda para mostrar que se importa com a música e com o futuro. É preciso muito mais. Por isso, menos, SWU, menos...
1 comment:
Falam de consiencia ambiental, mas a unica coisa que fazem é anuncios pedindo para vc escovar os dentes com a pia fechada.
Falam de integracao e movimento jovem, mas dividem a plateia entre VIP's e menos abonados.
Falam de festival a moda gringa mas por incrivel que pareca vc tem que pagar para acampar!!!!
Puta que o caralho ein SWU ?
Mas ai falam de Rage e eu fico na duvida =P
(obs: preciso de contar causos do RF2010)
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