Olha só, um texto completo pro blog. Se alguém ainda acompanha isto aqui, pode ser que fique feliz.
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Como toda pessoa que aprecia e procura entender alguma coisa (música, no caso), me reservo ao direito de ter minhas idiossincrasias. No caso, a "verdade absoluta" de hoje se refere ao fato de achar rock em português uma merda. Em geral, as boas bandas de rock que cantam em português, tipo Mutantes e Los Hermanos, são legais justamente porque não são rock direto ao ponto. Sempre tem uma mistura ali que torna menos improvável a improbabilidade semântica de um ritmo feito para ser cantado em inglês não estar sendo executado na sua língua-mãe. Todavia, eu achava que as letras do Matanza até que caíam bem com o som que eles fazem.
Quer dizer, até, hã, dois anos atrás, provavelmente a última vez que parei para escutar um disco da banda supracitada. Na verdade, você até pode achar aqui pelo blog várias menções favoráveis ao conjunto de Jimmy London e seus amigos. Eu achava Matanza o máximo até mais ou menos os 17 anos. Fui a alguns shows e me diverti para caramba.
Daí hoje, pelos velhos tempos, resolvi colocar A Arte do Insulto, último disco de estúdio do quarteto, pra rodar. Soaram os primeiros segundos da primeira música e eu enrubesci. Tipo "era isso que eu ouvia com 16 anos! Que vergonha". Não existem palavras para descrever a ruindade d'A Arte do Insulto. O Matanza não sabe se é country, hardcore ou metal. Se o intuito era fazer uma mistura MUTCHO LOKA, o resultado é insultante. Ainda é verdade que as letras encaixam direitinho com os instrumentos e melodia, mas os grunhidos de Jimmy London são tão ofensivamente guturais e sem técnica que estragam essa única qualidade.
Não são só as cordas vocais do frontman que são forçadas; Cada letra, cada tema e cada atitude do Matanza é feita em torno de um meme, de uma imagem que a banda algum dia deve ter julgado ser LEGALPRACARALHO. Mais uma vez, o resultado é sofrível. Misturam-se saloons com carros em fuga e encontros com o caramunhão em pessoa. Hank Williams pede clemência, Johnny Cash enrubesce. De minha parte, acho quezZzZZzzZZzZZZzzZzZ.
Mas confesso que parar para escutar o álbum teve seus prós. Por exemplo, recentemente, andava conversando com um amigo sobre a possibilidade de ir a um show do grupo só pra relembrar os 16 anos. Nesse âmbito, A Arte do Insulto me foi muito útil: economizarei uns bons 15 contos, que provavelmente seriam gastos na entrada desse hipotético concerto.
Moral da história: assim é a vida, perdemos e ganhamos todos os dias. Hoje mesmo, eu perdi uma referência de banda bacana, mas ganhei um frisbee novo.
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