Texto que eu mandei na Mixmag no ano passado, depois do SWU. Como estou saindo daqui a pouco para a edição 2011 (que line-up maravilhoso!), achei bonito compartilhar.
Saturday, November 12, 2011
SWU
Postado por Jambo Ookamooga às 7:28 AM 0 comentários
Sobre a ocupação na USP (tomei a liberdade)
Prova que blog já era, coloquei esse texto como nota no Facebook e tive muito mais feedback do que qualquer outro post daqui dos últimos, sei lá, 3 anos. Mas negligenciar meu bom e velho endereço na interweb? Qual a chance?
Reproduzo abaixo, portanto.
Mais do que argumentos a favor, há argumentos contra os dois lados: maconheiro tomando enquadro não deveria ser motivo suficiente para engatilhar uma revolução; a polícia está lá mas os assaltos, estupros e traficantes continuam; o discurso dos alunos estava mal fundamentado e as festinhas realmente vieram na pior hora possível; Rodas e sua administração representam o que há de mais kassabista, serrista e vejista no mundo (e no meu mundinho ideal, até a extrema direita deveria perceber como isso é cancerígeno); etecetera.
Mas dois fatores essenciais me fizeram perceber que relevar as falhas grotescas dos estudantes é o mais sensato a se fazer neste momento. Primeiro: a truculência da PM, uma organização corrupta e terrorista que só faz valer seu poder ante os mais fracos - jovens desarmados, maconheiros chapados demais para protestar, gente pobre, feia e desinformada e inimigos do "sistema" em geral - e aproveitou a fragilidade do movimento de ocupação e uma decisão da justiça para colocar em prática, mais uma vez, seus métodos escrotos.
E em segundo lugar, o que considero ainda mais importante, o rebu todo na USP está diretamente relacionado a tudo o que vem acontecendo no mundo durante este ano marcante. Primavera árabe, revoltas na Inglaterra, Occupy Wall Street e o que mais eu estiver esquecendo. Diferentes reivindicações em locais e culturas distintas, é claro, mas todas relacionadas ao finalzinho amargo de um sistema que funcionou por muito tempo como um programa da Microsoft: bem apresentado, limpinho, mas salpicado de probleminhas recorrentes.
Em novembro de 2011 as reivindicações em si importam menos, o grande lance é aporrinhar até o limite todos os filhos da puta que estão tornando nossa vida um lixo e esfregar na cara do mundo como tudo está podre, podre, podre. É nossa missão lutar contra os patrões que impõem um empreguinho de merda como ponto central da nossa vida, os outros que não querem nos dar trabalho por causa do nosso estilo de vida ou nossa cara e os responsáveis por transformar nossa vida num tédio caro e precário.
Devemos brigar, com unhas, dentes, cotovelos e socos ingleses, contra os prefeitos eugenistas que tentam transformar as metrópoles em shopping centers de luxo, contra os leitores de revistinhas que repetem frases feitas e tiram sarro da doença dos outros, contra os desgraçados que apelam para o ódio quando não entendem algo novo. Em resumo, e acima de tudo, devemos lutar contra aqueles que querem impor a nós um estilo de vida que não concordamos.
Se ocupar uma reitoria de forma estabanada faz parte dessa luta, paciência. Pelo menos não estamos jogando bombas. Até porque nem precisamos. Historicamente está claro que o futuro atropela o passado e é isso que está sendo feito agora, diante de nossos olhos. Minha sugestão mais sincera aos retrógrados e reacionários: é melhor que pulem para a calçada.
Postado por Jambo Ookamooga às 7:21 AM 0 comentários
Tuesday, October 04, 2011
A Coragem de Chris Martin
A coragem de Martin, portanto, é uma questão de vida ou morte. Uma escolha nem sempre tão fácil entre correr o risco de parecer inadequado ou nunca correr esse risco e permanecer eternamente à margem. E olha que isso não seria tarefa difícil para um cara honestamente parecido com o Napoleon Dynamite e virgem até os 22 anos. Seu potencial para ser esmagado pela chacota e pelo ostracismo era o mesmo de um pote de iogurte numa luta contra o Godzilla.
Sua catarse acontece em si mesmo, e parece ser bem divertido. Melhor: antes de se render ao bom mocismo voluntarioso de Bono Vox - que deve ter feito sentido nos anos 80 -, ele ri quase ironicamente, se distanciando de leve do monte de braços frenéticos que acenam em sua direção.
Postado por Jambo Ookamooga às 8:50 PM 0 comentários
Saturday, September 10, 2011
OFWGKTA (Mixmag 10)
O quarto álbum de Eminem foi lançado em 2002 e sua música mais famosa, Without Me, dizia “nós precisamos de um pouco de polêmica”. Durante essa época pareciam estar querendo separar o hip hop da confusão (ou aproximá-lo de uma modalidade limpinha de confusão). O clamor de Slim Shady pouco fez para mudar as coisas e aos poucos o rap gringo foi ficando cada vez mais boa praça. Mas, de certa forma, a chegada do coletivo de enfant-terribles californiano Odd Future Wolf Gang Kill Them All finalmente mudou as coisas.
Além das ameaças a Bruno Mars, piadas com gays e estupro, Tyler, The Creator é também apenas um menino entediado com um twitter popular (@fucktyler). Confira alguns dos posts mais sem sentido do rapper no microblog:
Postado por Jambo Ookamooga às 11:00 AM 0 comentários
Wednesday, August 03, 2011
CQD
Lembram deste texto aqui? Encontrei esta imagem no blog do Alexandre Matias e, embora seja só piada, não sei não. Faz algum sentido para mim, que não duvido da podridão de nada.
Postado por Jambo Ookamooga às 9:49 AM 0 comentários
Tuesday, April 05, 2011
O Dia que Mike Skinner Virou Ned Flanders
Durante o começo dos anos 2000, Mike Skinner era o melhor amigo que um garoto de 17 a 23 anos poderia ter. Seu projeto/pseudônimo/extensão de personalidade The Streets falava sobre tomar toco das minas, o eterno conflito entre as substâncias lícitas e ilícitas, sair de noite com os amigos, começar um namoro, porres e festas memoráveis e tudo mais. E além de todos esses temas adequados à molecada da nossa idade, ele também nos entendia.
Sem soar piegas ou professoral, dava verdadeiras lições de vida, mesmo que seu primeiro álbum, Original Pirate Material, tenha sido feito quando Skinner tinha 23, 24 anos. Empty Cans, última música do álbum seguinte, A Grand Don’t Come For Free, é a melhor de todas nesse sentido (e merece um ou dois parágrafos só pra ela).
Na canção de 8 minutos dividida em duas partes, o ponto em comum é o mesmo beat. É bom lembrar que se trata de um álbum conceitual e quando chegamos nessa faixa, o personagem principal já se fodeu legal. Daí Skinner começa a primeira parte da canção, pessimista, dizendo que ninguém se importa com ele e por isso está agindo mal. Toda a sonorização dessa primeira metade é árida, irritada, e os beats vão pelo mesmo caminho: ódio e resignação sangram pelos falantes. Depois, a música muda. O mesmo beat recomeça, mas, diante de uma visão de mundo mais otimista, ele ganha ares de motivação, te leva para frente.
Este cara... |
Em 2006 foi lançado The Hardest Way to Make an Easy Living, onde Skinner chora as pitangas de ser famoso. Estaria Mike se distanciando de nós? De certa forma, sim. Mas quem dos nossos resistiria à tentação de reclamar da champanhe, premiações da MTV e do dinheiro? Skinner é da galera e é igualzinho à gente: um moleque reclamão. E mesmo assim a linguagem continua próxima da garotada. Ele reclama, por exemplo, como é difícil pegar uma mina famosa quando ficou tão fácil descolar uma metidinha com uma anônima. Mais moleque impossível.
Everything is Borrowed, de 2008, é mais complexo. As letras voltam a ser motivacionais, mas talvez motivacionais demais. Mike perdeu sua juventude, seus beats estão cada vez mais sofisticados e os conselhos começam a tomar aquele tom professoral. Contudo, mesmo que tenha mudado (queria mesmo escrever “perdido”, mas os puritanos da música me empalariam) seu estilo, algumas das músicas são simplesmente... lindas. A faixa-título, por exemplo, tem uma bela melodia e diz: “Eu vim para o mundo sem nada e irei embora sem nada além do amor. Todo o resto só está emprestado”. Mesmo um pivete beberrão pode encontrar beleza nisso aí num momento extremamente otimista.
Mas mesmo que ainda interpretasse o papel de válvula de escape com maestria, Skinner deixava claro, pelo menos para o bom entendedor, de que havia mudado para sempre. Faixas terríveis como You’re The Strongest Person I Know não deixavam dúvida de que ele está agora numa fase da vida em que um elogio bom para uma mulher é dizer que ela é “forte” e não uma “gostosa que está ligada disso”. Não me leve a mal: sou meio idoso no espírito e acho que mulheres fortes e independentes e tudo o mais são incríveis. Eu amo todas elas e odeio todas as menininhas imaturas, sem brincadeira. Mas não é isso que a gente quer ouvir quando aperta play num disco do Streets. Muito menos se for uma música tão ruim, tão piegas, tão mal cantada, que não se justifica como faz Everything is Borrowed.
Veio o Twitter e, como toda boa celebridade quase-velha, Skinner pirou. Não parava de postar todo tipo de mensagem, foto e música. Sim, várias músicas! Durante essa fase tuiteira, ele provou como é um produtor prolífico. E nos brindou com pelo uma grande canção, dona de uma ironia típica do velho Streets: He’s Behind You, He’s Got Swine Flu. Exatamente, ele foi capaz de fazer uma música (e um vídeo!) sobre o vírus H1N1 poucos dias depois do pânico se instalar na nossa sociedade maravilhosamente hipocondríaca. Lembra que chegaram até a dizer que os vitimados com a gripe suína poderiam virar zumbis? A resposta de Mike foi taxativa: “faça um sacrifício pela sociedade; decapite seu amigo”.
Promissor, não é?
Tão promissor que quando Computers and Blues saiu no começo deste ano, me pegou de calças curtas. Pior, me pegou de shortinho de lycra e polainas. Ainda estou tentando entender como é que a ruindade do álbum me foi tão surpreendente. Porque se você parar para pensar, do jeito que as coisas vinham vindo, Computers and Blues só podia ser como é.
E como ele é? Piegas e professoral. Cheio dos truquezinhos de produção e refrões soulzísticos de fazer corar os piores one hit wonders de dance music dos anos 90. E Mike, que nunca foi de fato um bom MC (mas compensava com fúria e ironia), agora praticamente recita suas letras sobre esses temas sonoros insuportáveis. Mais ou menos como Pedro Bial fez naquele seu projeto do Filtro Solar.
Mas é a outra celebridade televisiva que mais associo Skinner hoje em dia. Ele é bom, compreensivo, amoroso e justo assim como Ned Flanders. Sua forma de lidar com seus problemas é idêntica à do eterno personagem da segunda parte de Empty Cans. Mas Empty Cans não é bela apenas pela melodia de sua metade otimista. A principal virtude da música é misturar indignação e ternura na mesma medida, assim como todos nós.
Mike Skinner perdeu suas forças porque se tornou um personagem secundário de série de TV. Se ao menos ele soubesse que os heróis só são o que são por causa de seus defeitos...
..virou este cara. |
Postado por Jambo Ookamooga às 9:05 PM 0 comentários
Tuesday, March 01, 2011
Orwell Ficou Porque Tem Bolo
Todo mundo já falou sobre este livro, mas originalidade é superestimada, mesmo...
Li essa versão bonita - o Grande Irmão que mandou comprar |
Postado por Jambo Ookamooga às 6:47 PM 1 comentários