Sunday, November 09, 2008

Overdose de Iggy

Tenho um pedido pra editora L&PM. Um pedido fodidamente sério. Parem de distribuir a versão pocket de Mate-me Por Favor aqui em São Paulo, ou enfiem preços escrotamente exorbitantes.

É sério, cansei. Todas as bandinhas alternativas daqui querem parecer com os Stooges, e o público quer ser tão andrógino quanto os Dolls ou nerd como o Tom Verlaine. Acho que ia ser bem mais digno se eles aprendessem com o Billy Murcia ou com a Edie Sedgwick. Morram rápido, filhos de uma puta.

Toda vez que eu vejo alguém num lugar público, de convívio social, fazendo air guitar, tenho vontade de morrer. Por que as pessoas fazem isso nas baladas ditas alternativas? Meu irmão vive dizendo que, pelo menos, numa micareta, as pessoas parecem estar se divertindo genuinamente. É capaz de ele ter razão.

Cansei dessa coisa escrota, em que ser blasé é legal, em que todo mundo se veste igual, em que parecer o filho da puta mais inadequado e cheio de bactérias fazendo air guitar é que é bacana. Falando sério, ontem vi um maluco dançando pogo (é pogo, o nome?) durante a DISCOTECAGEM de Should I Stay or Should I Go. Não, bróder, não era o Clash que estava ali, nem mais uma das novecentas e setenta e sete mil bandas que copiam os Stooges fazendo um cover de Clash. Era a porra de um CD (os sets nesses lugares não são com vinis e turntables, he-he-he) e o sujeito estava lá, com os cotovelos arqueados, a bundinha arrebitada, empurrando os amigos com sua camiseta milimetricamente furada. Tipo, cara, você não é o Richard Hell. No meu quintal, isso era passível de surra de pau mole.

Mate-me Por Favor é provavelmente um dos meus livros favoritos. O modo como foi escrito, as histórias, tudo isso é genial demais. Mas eu tenho uma certeza inabalável de que ele faz parte de uma revitalização babaca do “espírito de 77”, que vem com bandas e casas noturnas e a leitura de um livro “seminal” que é vendido a preço de banana em qualquer padaria. E a absorção das idéias que tudo isso pode passar é errônea pra caralho. Em vez de ir à raiz da coisa, o do it yourself, o foda-se, o “encontrar maneiras alternativas de ser representado”, as pessoas continuam pensando que o caminho é simplesmente copiar, copiar, copiar. E discriminar tudo que não siga essa cartilha, como se não fosse digno de participar do seu movimento mariquinha.

Falando sério, quem está mais próximo de 77: Os Forgotten Boys, com suas jaquetas impecáveis, som “rock and roll pra cacete” e cabeçotes Orange ou o gordo fodido Dan Deacon, que toca música eletrônica de gameboy no meio da platéia, que pode mexer à vontade no seu setup?

Se as pessoas pensassem um pouco mais nesse tipo de coisa, não seriam tão medíocres.

É, fiquei velho e rabugento.

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