Fazia tempo que não dava uma cornetada no meu time aqui no blog.
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Que mundo zicado. Ontem, o São Paulo perdeu o terceiro clássico da temporada (quarto, se considerarmos o jogo contra a Lusa). Incrível que mesmo ramelando em toda partida decisiva e moralmente importante, continuamos no tal G4, na frente de Corinthians e Palmeiras. Típico.
O grande problema está ali, no "moralmente". O São Paulo é que nem aquele marido machão que bota banca no trabalho, no boteco, mas que no seu quintal, é desmoralizado pela mulher, pelo cunhado e pelos vizinhos. O pior não é perder um jogo que, no frigir dos ovos, acabou sendo emocionante e igual (além de, argh, justo). O que dói, e dói demais, é perder o terceiro clássico do ano. Não podia. Contra o Corinthians, tínhamos de vencer. Nem que fosse com gol roubado, nem que precisasse quebrar a perna dos melhores jogadores adversários.
Não digo isso pelo fato de ser o nosso adversário mais desprezível, e sim porque, em tese, eles tiveram o azar de nos pegar depois de dois reveses contra rivais importantes. Mais uma vez, o problema está no termo: "tese". O Tricolor vem, sistematicamente, ressucitando cachorros mortos em clássicos. Jogar contra o São Paulo em um momento de crise é quase motivo de comemoração. Os adversários sabem que lá vem um time competente, mas sem um pingo de sangue na veia. Nos "zóio", então... Nunca vi uma equipe com o branco dos olhos tão branco.
É essa falta de garra, de raça, de entrega em campo que confere aos são-paulinos a ingrata pecha de bambi. Não é pela torcida e nem por causa de jogadores ou atitudes extra-campo desses jogadores (a perseguição ao Richarlyson é mais uma consequência do que uma causa). Ser "o bambi" me ofende. Me ofenderia mesmo que eu fosse gay. Porque ser gay é uma questão de opção sexual. Ser "bambi" é uma decorrência da falta de honra.
Existe um movimento que as pessoas chamam de "pussificação" (ou, sem apelar pro estrangeirismo, "embucetamento") do futebol, que consiste em joguinho de bastidores, ações de marketing frescurentas, as absurdas punições extracampo do STJD, jogadores com discurso pronto, politicamente correto. Enfim, um futebol cada vez mais profissional e menos empolgante. Os rumos do São Paulo parecem se enquadrar totalmente nisso. Somos o clube mais rico, o mais competente. E também o mais inócuo. Nossas ações de marketing são risíveis (toda semana recebo um email do restaurante que fica no Morumbi, mas qual foi a última camisa comemorativa que o Tricolor lançou?), nossos jogadores jogam com o dólar na ponta da chuteira, o presidente se concentra em cada picuinha... Até o nosso blog do torcedor no Globo Esporte tem um cronista insosso, adepto do bom mocismo e das piadinhas de firma.
Se parece exagero reclamar desse tipo de coisa, rebato com o óbvio: são essas pequenas nuances que formam a imagem de qualquer coisa. Não somos os bambis porque flagaram uma orgia gay com 50 mil são-paulinos na Praia Grande. Somos os bambis porque repetimos os slogans enganosos da diretoria e aceitamos, passivamente, a rola no rabo que é o joguinho fraco do São Paulo Futebol Clube desde, sei lá, 2007.
Não me importo em ser o bambi, a bicharada, o Elton John que seja. O que enfurece é dar motivo para ser chamado assim. Meu maior sonho, neste momento, é ver o São Paulo entrando em campo de rosa-choque e meter 7x0 na fuça da gambazada indigente. Isso sim é atitude de macho (um tipo de macheza que a maioria dos boleiros-machistas não entenderia, mas não dá pra exigir muito dessa massa ignóbil). Entretanto, enquanto não reunirmos bolas para tanto, aguentaremos os fedorentos cantando que o freguês voltou. Contra fatos, infelizmente, não há argumentos.
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