Thursday, November 30, 2006

Cachorro Grande - Pista Livre

Uma das coisas mais desprezíveis e ridículas que existem na música é a associação dela à indumentária e atitude de algum grupo social. Se você toca metal, se vista de preto. Se faz musica sertaneja, aja como um pecuarista (e o mais irônico é que às vezes esses músicos sertanejos trabalhavam em setores agrícolas antes da fama) e tudo mais. Mas isso já é algo associado naturalmente há décadas e não sou eu que vou mudar esse cenário babaca. Agora, sabe de uma coisa? Eu não consigo me agüentar quando eu vejo esse novo pessoal que parece que caiu numa fenda no tempo. Tipo o Cachorro Grande, e é deles que eu quero falar. Cara, é tão nojento ver a forma como eles se vestem, ou são vestidos… Aquelas roupas de futebol retrô, os terninhos milimetricamente desalinhados, as boinas e toda a merda mais.

Olha só, não nutro nenhum rancor em relação aos caras da banda, não mesmo. Mas fica foda avaliar uma banda que se importa tanto em parecer com outras e não dá nem a cara pra bater: se escondem em trajes e maneirismos antes de mostrar a música.

Pelas entrevistas deles, dá pra notar um certo ar de propriedade em relação a toda a atmosfera que eles criaram em torno de si. Não é que sejam arrogantes, mas eles parecem muito seguros do que fazem, como se os anos 70 estivessem logo ali atrás. Ora, faça-me o favor, eles já têm muita sorte se alguns dos integrantes sequer nasceu nos setenta. Então, do que eles estão falando? Poderia ser algo como “A gente é tão fã dos Beatles e dos Stones que podemos querer ser como eles”. Hum, fair enough. Acontece que se eles querem ser os Beatles, estão mal, porque não são nem o Oasis.

A grande interrogação do Cachorro é como, após 3 discos, a banda continua soando tão datada e tão igual. Não é que eles são o Gov’t Mule, sabe? Eles não são integrantes do Allman Bros, eles não podem. Sabe como é, a moda agora são bandas datadas, mas faça-me o favor! Quem lembra do Jet, após um ano do semi-estouro de Look What You’ve Done? Quem vai se lembrar do Wolfmother daqui dois anos se eles continuarem com esse boquete descarado ao Sabbath e ao Zepp?

O disco Pista Livre não é de todo mal, não é mesmo. Tem ótimos riffs e é um bom disco de rock. É isso que é preciso, certo? Errado. Quem vai escutar Interligado, a faixa 6, se temos Eleanor Rigby? É imperativo que uma banda busque sempre inovar e criar o próprio som, para não cair no esquecimento.

Como é possível, eu me pergunto, que os rapazes do Cachorro Grande não percebam que eles só estão aí na mídia porque a ordem atual do rock é revival? Ou será que eles perceberam e quiseram jogar o jogo? É sempre bom lembrar que ser artista de ocasião é muito perigoso. São raros os que conseguem reverter a situação quando a ordem muda, a maioria cai no esquecimento. Só pensar em alguns exemplos bem simples: as one-hit bands dos anos 80, o Lemonheads (quem lembra deles hoje?) dos anos 90 e, mais atualmente, quanto se falou do novo disco dos Strokes? Uma nulidade, se formos comparar com o primeiro, ou mesmo com o segundo.
Bom, a escolha é deles, mas é muito possível que a piada da banda perca a graça bem rápido, na hora que, hum, vamos dizer, a MTV resolver que a moda são bandas de gordos ou sei lá o que pode passar na linda cabecinha oca e brilhante dos executivos.

Voltando à questão, Pista Livre, como eu disse anteriormente, não é ruim. A primeira música é simplesmente um estouro, você sabe como é, o riff é explosivo. Mas não dá pra tirar da cabeça aquela perguntinha: “eu já ouvi isso onde, mesmo?”. É capaz até que seja um plágio tão descarado que eu nem esteja lembrando de qual música é. Pista Livre é bom pra ouvir uma, duas vezes por ano. Mas se você gosta desse tipo de música, pra que vai ouvir esse disco se os do Who e dos Stones estão logo ali do lado?

O negócio do Cachorro Grande é que é uma banda de um monte de homem barbado que parece que se recusa a crescer, a buscar a parte difícil da coisa. Como é tranqüilo colocar um chapéu esquisito, um terno bacana e imitar os ídolos do passado, né?

5 comments:

Anonymous said...

realmente, as roupinhas sao babacas e até os clips parecem bem beatles
mas que "sinceramente" é bonitinha... isso é :D

Anonymous said...

"Você entende tudo errado
E não escuta o que eu falo
Até parece estressadoooooooooo
Isso me deixa incomodado"

ahhaaaha
eu gosto deles!Mas tb acho q nao vao durar muito, se continuarem assim...


"Lunático que se dane, sou eu que tô pirando"
heheheheh

Anonymous said...

hey, nao sou anomina, maldito blog.
Sou a Linê, acima!

Anonymous said...

gahahhahaha...velho...adorei esse texto

"aja como pecuarista"
huauhahuahua

só discordo de uma coisa...pra mim cachorro grande é um lixo total ;D

Anonymous said...

Axo que cada um tem a sua opiniao e deve expressar completamente. Na minha opiniao os caras do cachorro mando bem, muito bem mesmo!!!! E prefiro mil vezes escutar uma banda que vc diz copiar os anos 70 do que escutar essa inovações que temos hj em dia , como por exemplo a onda EMO que estamos tendo.
Na minha opiniao eu vejo uma banda que puxa toda inspiração nos anos 70, nao plagio dos anos 70. E vc nao pode julgar jamais uma banda por uma musica ou por um disco, e sim pelo trajetoria da banda. o album pista livre é bom, mas para mim é o pior dos 3, o primeiro e o segundo sao muito melhores.... e concordo sim que o pista livre saiu um album comercial, porem nao deixou as raizes do bom e velho rock and roll.
E axo que se a banda deixar envolver pela midia, ela tera um final tragico tb!!!
Mas isso ai... se todo mundo tivesse a mesma opiniao tudo nao teria a menor graça!!!!!


by silverio (silveriosr@yahoo.com.br)

 
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