Monday, October 30, 2006

Matanza - A Arte do Insulto


O Matanza é a banda brasileira de rock mais legal que existe no momento. Afirmo isso sem nenhum pesar ou incerteza. Quando uma banda tem autoproclamada moral pra te mandar tomar no cu, ou ela é a melhor, ou é a mais risível. Os brutos cariocas possivelmente são os dois. Melhor porque, numa cena musical de sentimentalismo hiperglicêmico e falso moralismo, eles têm o colhão pra falar de “bebida, mulher e porrada”, como definem. E a mais risível porque, apesar da pose de ogros sedentos por sangue de virgem, todo mundo sabe que o "gigante irlandês" Jimmy London se trata de uma pessoa razoável, polida e educada e os outros integrantes não ficam atrás.

Mas toda a teatralidade da banda é justificável. Afinal, como seria possível dizer que fulano é um “boçal, retardado mental e infeliz” sem todo um status de machões?

Mas então, diferente de outras bandas que assumem personalidades, o Matanza não é egoísta: te convoca a beber com eles e se divertir igualmente. Você é o rockstar, você é que é o bom. Junto com eles, claro.

Fui num show deles recentemente e vi na prática como tudo funciona. Enquanto os fãs se digladiam na pista, o vocalista berra a plenos pulmões os prazeres da carne e do álcool (e não importa se você vai vomitar e fazer besteira, apenas beba!). Sim, Jimmy London é, acima de tudo, um entertainer, com showbiz brutal explodindo pelas orelhas. Enquanto esbravejava insultos impublicáveis (Ou não. Pelo menos não nesse blog.), eu estendia minha mão em direção ao palco, numa idolatria quase fascista. Era a noite em que absolutamente todos eram piratas, vikings, cafetões e bêbados.

Então, para dar continuidade ao ótimo trabalho que é o disco de covers do gênio Johnny Cash em versão countrycore, o Matanza lançou, no último dia 13 de outubro, o novo “A Arte do Insulto”. Após algumas audições, é fácil admitir que as novas músicas causarão a mesma catarse coletiva que causaram no show em que eu fui (e em todos os outros, segundo relatos de fãs). A banda não tem vergonha de dizer que está ali pra se divertir e não se prende a conceitos pré estabelecidos como o “amor à música” ou “responsabilidade social” e isso é bem mais sincero do que, por exemplo, uma letra do Tihuana sobre a tal da menina prostituta infantil.

Os riffs estão mais pesados e as frases country agora praticamente inexistem (ou coexistem com o Heavy Metal). Dá pra sentir o gosto de sangue na boca, sabe? E as letras agora abrangem novos temas. A ojeriza dos integrantes da banda (o guitarrista Donida é quem escreve a maioria das letras, mas acho que reflete a opinião geral) a seres humanos (mas talvez isso seja só mais um papel que eles decidiram exercer) está mais clara. O pôquer finalmente é abordado numa música só pra ele (já havia aparecido em "As Melhores Putas do Alabama" do Santa Madre Cassino, mas não tinha uma faixa que falasse 100% do jogo) e há até uma referência sobre o “grande amor”.

Quando o disco vazou, eu tive uma certa discussão com um amigo por causa disso. Eu dizia que o Matanza caga no grande amor, ou pelo menos deveria, se tomarmos ao pé da letra esse reincidente conceito de trolls carniceiros. E então foi aí que eu percebi que nisso também mora a sinceridade da banda. Eles vestem e despem sua imagem quando querem e foda-se! E isso só reforça que eles têm colhão pra te mandar tomar no olho do seu cu a qualquer momento. Eles são o Matanza, você consome o que eles têm a dizer se quiser. Você é merda pra eles nesse sentido. Mas continua os venerando mesmo assim e isso é retribuído com esse compartilhamento da “cerveja musical” nos shows e entrevistas. Quer dizer, se você está com o Matanza e não abre, eles estarão com você também. E isso não é invenção minha. A banda já afirmou isso indiretamente algumas vezes.

Para uma conclusão, seria ideal dizer que “Matanza é uma pérola no meio da lama”, mas a banda não tem cara de pérola, de jeito nenhum. Então, acho que o ideal seria dizer que no meio de tantas Bavárias, o Matanza se destaca como uma das únicas Originais do bar. É uma péssima analogia, mas se você pegar o feeling, vai entender do que se trata.

Wednesday, October 25, 2006

Rock and Roll, o Natimorto

Às vezes eu fico imaginando quantas crianças prodígio não nasceram já mortas... Quantos seres humanos que poderiam ter feito mudanças cruciais no planeta, tanto culturais quanto sociais, políticas ou de meio ambiente, não vieram ao mundo, por alguma infeliz circunstância, já sem vida? E nenhuma dessas pessoas teve a chance de não apenas ressuscitar, mas morrer outras inúmeras vezes, para sempre voltar com novas idéias.

Mas não lamente: o rock n’ roll, aquele que nós amamos, que parece tão blindado aos infortúnios dos séculos é bem assim. Veja só, não foi a ida de Elvis para o exército, o escândalo Payola, a prisão de Chuck Berry e o boicote a Jerry Lee Lewis a primeira morte? E o descenso criativo da metade dos anos 70, o fim do punk, a era glam e o apagamento da chama de Seattle, as mortes subseqüentes?

Mas se hoje o rock é o que é, isso se deve única e exclusivamente à sua capacidade de se reciclar após cada morte, encarnado num novo maluco pronto para pôr abaixo e exaltar diferentes sons, mitos e momentos. E é essa constante reinvenção que cria novos heróis a cada ano e também os derruba. Lester Bangs dizia que “a única razão para se construir um ídolo é joga-lo por terra novamente”. Só não imaginava que, a esta altura do campeonato, seria o próprio rock n’ roll que faria o trabalho sujo.

Na Veja de 18/10/2006 há um artigo exatamente sobre essa renovação do rock e de como o reinado das bandas vem durando cada vez menos. Seria porque as ressurreições já não significam mais nada para o público, seja musical ou socialmente? Eu realmente não sei. Mas a verdade é que desde a última morte, o estilo parece ser paciente de aparelhos que apenas garantem uma sobrevida debilitada. E não falamos aqui da qualidade musical das bandas atuais (ainda há bandas boas por aí, muito boas, aliás) e sim do seu impacto. É inegável que os Strokes causaram um choque muito menor do que causaram os Beatles, o Led Zeppelin ou até mesmo o Nirvana. Uma das bandeiras do rock, continua a revista, sempre foi o objetivo inabalável de causar desconforto aos mais velhos e transgredir as velhas normas. Mas como fazer isso se hoje em dia balançar a pélvis ou cantar sobre a anarquia no Reino Unido não choca mais ninguém? Talvez o que o rock esteja demandando para renascer mais uma vez, avassalador como outrora, seja o desapego a valores ultrapassados até mesmo para ele próprio. Esquecer os aspectos exteriores que a música pode acarretar e simplesmente amá-la novamente, fazendo canções para se divertir.

O grande lance do rock and roll é que ele nunca cresceu, estava sempre falecendo antes de virar adulto. O que é esperado de nós, então, filhos do rock, é não deixar que ele se torne um marmanjo barrigudo que ainda mora com a mãe aos 40 anos de idade.

Friday, October 20, 2006

Red Hot Chili Peppers - By The Way


O primeiro show que eu vi na vida foi da turnê do By The Way, do Red Hot Chili Peppers. Como qualquer garoto de 12 anos (ou a maioria esmagadora deles), tudo que eu esperava eram hits. Antigos e novos.

Não foi um show memorável, já que eu estava longe do palco e conhecia pouco-quase-nada dos Peppers além dos próprios hits. Hoje, eu mais do que ninguém, sei como shows NÃO são feitos só de hits. Aliás, o que um show precisa é de alguns clássicos, realmente, mais algumas músicas que constroem e destroem o ritmo do concerto e surpresas, muitas surpresas. Tocar músicas que ninguém espera é uma idéia quase sempre muito acertada. Imagine-se num show do Zeppelin e de repente você é surpreendido com Hats Off to Roy Harper ou Ramble On. Huh?

Yeah.

Mas voltando a Anthony Kiedis e sua trupe, eu lembro de não ter sido um show bom. Lembro de terem tocado um cover dos Ramones (até hoje não sei qual), Suck My Kiss e Knock me Down (mas não tenho certeza dessa última). E não tocaram Dosed. A música que eu escuto agora e que tanto eu queria ver ao vivo foi simplesmente esquecida. É uma balada extremamente clichê e soa datada. Mas concentra basicamente toda a idéia do disco.

Os Chili Peppers querem parecer antigos e boom!, eles conseguem. Eles chuparam tudo que podiam dos Byrds, da Experience do Jimi Hendrix e até mesmo do Led Zeppelin e fizeram um disco divertido, limpo.

As frases robóticas e rítmicas de Kiedis ainda estão aí, ou não seria Chili Peppers. Mas todo o Funk Rock adolescente e caótico que existia até, sei lá, Blood Sugar Sex Magic não está mais aí. A banda sabe disso e não se acanha. Vai até o limite das “outras” influências que não Ramones, The Clash e Sly & The Family Stone e se dá bem. The Zephyr Song, tanto música quanto clipe, é o exemplo escarrado disso tudo.

Mother’s Milk sempre foi o ápice do som gingado e fanfarrão dos gigolôs Californianos, One Hot Minute o mais completo e Californication o que melhor representou os meus 9 anos (uma criança prodígio, praticamente). Talvez tenham sido os porquês de eu só ter descoberto o By The Way ontem, mais de quatro anos depois de ter comprado-o. Pecado. É um passo a frente na carreira do RHCP. Não chega a ser um primor como o Mother’s Milk, mas é um disco de rock bem divertido. Dessa vez os grooves dão lugar a sons de violão. Cabron é um exemplo disso. Oscila entre o ritmo mexicano e o melhor de Led Zeppelin III.

E não há mais bitchslappings como Get on Top ou I Like Dirt do disco anterior. As músicas mais animadas são mais suaves e o forte do álbum são mesmo as baladas – que vêm em peso – e as “inovações”. On Mercury faz o sujeito estalar os dedos, mexer os ombros e olhar pro lado com aquela cara de bobo típica de programas como Fame.

Warm Tape e Venice Queen são as duas últimas, e as melhores também. A primeira é totalmente “viajante” e eu juro que os meus olhos se reviram em redemoinhos infinitos à la desenho animado. E a última tem um dedilhado tesão no melhor estilo “noticiário das oito” e explode numa balada pop com violões. É, até o momento o réquiem final das pimentas, tendo em vista a bomba que é Stadium Arcadium (e eu não sei se um outro disco nesse nível vai surgir das cabeças deles).

Porque o Kiedis ainda está lá? Era o que eu me perguntava ontem. Vejam só... O Frusciante é um músico bem mais completo e canta melhor. Acontece que, além de ser o autor das letras, de ser sex symbol, fundador da banda e etc etc etc, a voz desafinada do Anthony “casa” perfeitamente com as músicas do RHCP. Ou alguém aqui acha que Under the Bridge ficaria boa na voz de outra pessoa?

Wednesday, October 11, 2006

Peixe Grande

Confesso: Peixe Grande me fez chorar. E muito. Eu nunca tinha chorado com filme algum. E não é que eu tenha me identificado com algum personagem, ou qualquer outra dessas desculpas que existem. O filme é realmente tocante.

À primeira vista, pode parecer só mais um filme divertido do Tim Burton. E é. Mas tem mais coisa, sabe? Quando os primeiros conflitos "existenciais" (não que seja a melhor palavra para defini-los) de Will Bloom começam a ficar mais nítidos, já é possível perceber que não é "só mais um filme divertido do Tim Burton". Na verdade, o filme trata de um tema que não pode ser manejado com leviandade, que é a compreensão entre pai e filho.

É difícil isso. Eu e o meu pai estamos sempre brigando e ele sempre diz que só foi entender o meu avô depois que ele já tinha morrido. Quer dizer, não é o filme que vai fazer eu entender cada atitude estúpida do meu pai, mas faz pensar, sabe?

Ao enredo, então. Edward Bloom é um homem que adora contar suas histórias fantásticas para todos, e isso irrita o seu filho, que não suporta ver o pai narrar sempre as mesmas mentiras. Por esse motivo, eles ficam por 3 anos sem se falar. Agora, Edward está com câncer terminal e o filho resolve voltar para casa e, finalmente, conhecer seu pai da forma que ele realmente é.

Basicamente é isso. Contar quaisquer detalhes seria estragar a primazia cinematográfica de Burton, que além de dirigir formidavelmente, construir cenários como ninguém e contar histórias de forma mágica, ainda conta com um time fodido na fotografia e casting. É sério. O visual do filme é irretocável e, embora eu realmente não entenda nada disso, não percebi nenhuma atuação abaixo da média.

A cena final me fez chorar copiosamente e os letreiros com Man of the Hour do Pearl Jam colaboraram para a continuidade das lágrimas (ahahah, que piegas).

Assistam.

Ouvindo: Nada.

Sunday, October 08, 2006

No feeling

Quero escrever coisas soltas. Já que ninguém lê esse blog e os seus textos vão ser raridade quando eu tiver me tornado um whatever famoso e já estiver morto, eu posso escrever O QUE EU QUISER (não que antes não fosse assim).

Então, com o olhar embargado, o homem disse, então:
- Vai chover de novo. Larga esse machado e vem pra dentro.
O filho ignorou a ordem e continuou trabalhando na terra. Furioso com as circunstâncias, o velho deu um tapa na face do garoto. Aí sim ele largou o machado. Não sabia se sentia raiva do pai, ou pena. As rugas estavam cada vez mais acentuadas na cara do homem e as marcas do sol nunca iriam sair.
Atracaram-se e rolaram pela terra, antecipando o trabalho da chuva de estragar a pequena horta.


Driblou pra esquerda, cortou o meia, tocou, recebeu de volta, fez fila com o lateral e o zagueiro, chutou por baixo das pernas do goleiro, bateu a cabeça na trave e morreu. Mas foi um belo gol.

É estranho fazer considerações sobre a imcompletude da alma. Ela pode se manifestar de tantas maneiras... Comigo, ela se manifesta de todas.

Ouvindo: The Frayed Ends of Sanity - Metallica

Friday, October 06, 2006

Escrito há algum tempo

É comum não saber exatamente a sua posição no momento em que se acorda. Mas não era esse o caso daquele homem. Esfregou os olhos, ciente de que aquele seria o dia que faria sua vida ter sentido. 25 anos validados por apenas um período de rotação na terra sobre seu próprio eixo.

Olhando para trás, ele via que nunca havia realizado nada, nem tido grandes momentos. Felicidade e tristeza quando poucas causam profunda monotonia.

Nunca havia amado alguém com força, nunca ficara estonteado pela presença de ninguém, não perdera parentes, nunca aparecera na TV, nem tinha um cachorro famoso. Os momentos marcantes na vida de um ser humano para ele não significaram nada. Talvez por ser tão acostumado com a pasmaceira da sua vida, ele também não atribuiu a devida importância àqueles momentos. Talvez por apatia, talvez por medo.

Apenas amou a música. Amou com força, com todo o seu ser. Tentou amar outras coisas, tentou amar algumas garotas, mas enjoava de tudo. Até da música em alguns momentos, sejamos sinceros. Como toda pessoa que não está satisfeita, ele culpou. Culpou a si mesmo, culpou à solidão, culpou aos amigos, culpou a Deus. Deus? Nem acreditava mais em Deus. Não precisava. Acreditar em algo que nunca o mostrou nada? Ou até mostrou, mas ele nunca foi capaz de agarrar o que lhe foi mostrado e nunca mais soltar. E daí culpava a si mesmo, outra vez.

Mas naquele dia, tudo isso ia mudar. Cumprisse o que estava para cumprir e os namoros ruins que teve, as músicas ruins que ouviu, os empregos do qual fora demitido, as horas entediado na frente da televisão e todo o ódio que sentira pelos pais nos momentos em que eles foram burros o suficiente para serem engolidos no próprio ego e agirem de maneira totalmente tirana seriam momentos sublimes. Algo na sua cabeça apontava que ele dificilmente sentiria raiva de novo. Ou decepção. Aquele evento vindouro ia sepultar os momentos ruins. Uma vida de alegrias esperava aquele homem.

Cheio de expectativa, espreguiçou-se ainda na cama. Levantou e olhou-se no espelho. Estava com a aparência digna de um vencedor. Ou pelo menos de quem estava para se tornar um. Atos como tomar banho ou escovar os dentes pareciam só atrasar a chegada do grande momento. Mas eram necessários, porque higiene e uma cara boa são imprescindíveis para vencedores. “Já sou virtualmente um vencedor, afinal. Algumas horas não podem me separar mais de ser um”, pensou.

Por causa de todo infortúnio da sua vida até o dia anterior, ainda não tinha carro. Era justificável, enfim... Subiu no ônibus em direção à glória. Podia imaginar todo o reconhecimento que receberia. Aos que o invejassem, faria questão de esfregar na cara todo o seu sucesso. Veio à mente a imagem de uma pessoa em particular, e um sorriso brotou no canto esquerdo de seus lábios.

Cada minuto era uma vida, e cada quilômetro milhares de anos-luz. Mas valia a pena esperar. Valia a pena desfrutar dos últimos momentos de vida miserável. “Sou um ser iluminado.”, pensava “Tolos não seriam capazes de tamanha sensatez”. E era de fato um homem sensato. Apesar da solidão, da apatia e eventual rancor, apresentava grande sensatez em várias ocasiões. Chamavam-no de frio, mas era pura e simples sensatez, justificava.

O automóvel parou. Estava a poucos degraus do sucesso. Fazia sol. Os céus sorriam para a coroação daquele indivíduo. Olhou para o grande bloco de concreto à sua frente. “É aqui que me tornarei alguém”, suspirou. Contemplou a rua pela última vez e entrou.

Passada uma hora, saiu pela mesma porta que entrou. O olhar estava turvo, os membros leves. Flutuava pela rua pensando como sua vida estava mudada. Não seria mais um jovem infeliz, não seria mais um homem ranzinza, não seria mais um velho arrependido. O ruído da multidão na rua era um leve farfalhar à distância. O chão não existia, assim como o céu. Ele se integrava ao mundo, assim como o mundo era a sua própria existência. Não tinha visões nem falsas sensações, era tudo real. Podia ouvir o cheiro das pessoas, e tocar a cor cinza da calçada.

Flutuou pela última vez, até que um baque o trouxe de volta à realidade. Começou por sentir a costela, depois as pernas, o braço e por fim o resto do corpo. Demorou a perceber o que estava sentindo, pois ainda estava embriagado pelo êxtase, mas, segundos depois, não teve dúvida: Era dor. Não entendia porque, mas estava deitado no chão, com dor. Pessoas gritavam ao seu redor, e ele ouvia sirenes. Sentia a realidade mais uma vez, e de forma dura. Como o homem bem sucedido que era, não admitia a situação atual, em que via primeiro o joelho das pessoas e depois suas cabeças. Decidiu, por fim, que não tinha que agüentar aquilo e se retirou. Mas por escolha própria. Vencedores como ele podem escolher, sim, até o momento de sua morte.

Morreu, é verdade, mas não sem antes se tornar grande.


Escrito em 30 e 31 de agosto de 2006. Ouvindo o sétimo álbum do Pearl Jam, Riot Act e o quinto do Led Zeppelin, Houses of the Holy. Terminei com o magnífico Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, no dia seguinte. Escrevi a última frase no momento anterior ao solo de vocal de The Great Gig in the Sky.

 
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