O primeiro show que eu vi na vida foi da turnê do By The Way, do Red Hot Chili Peppers. Como qualquer garoto de 12 anos (ou a maioria esmagadora deles), tudo que eu esperava eram hits. Antigos e novos.
Não foi um show memorável, já que eu estava longe do palco e conhecia pouco-quase-nada dos Peppers além dos próprios hits. Hoje, eu mais do que ninguém, sei como shows NÃO são feitos só de hits. Aliás, o que um show precisa é de alguns clássicos, realmente, mais algumas músicas que constroem e destroem o ritmo do concerto e surpresas, muitas surpresas. Tocar músicas que ninguém espera é uma idéia quase sempre muito acertada. Imagine-se num show do Zeppelin e de repente você é surpreendido com Hats Off to Roy Harper ou Ramble On. Huh?
Yeah.
Mas voltando a Anthony Kiedis e sua trupe, eu lembro de não ter sido um show bom. Lembro de terem tocado um cover dos Ramones (até hoje não sei qual), Suck My Kiss e Knock me Down (mas não tenho certeza dessa última). E não tocaram Dosed. A música que eu escuto agora e que tanto eu queria ver ao vivo foi simplesmente esquecida. É uma balada extremamente clichê e soa datada. Mas concentra basicamente toda a idéia do disco.
Os Chili Peppers querem parecer antigos e boom!, eles conseguem. Eles chuparam tudo que podiam dos Byrds, da Experience do Jimi Hendrix e até mesmo do Led Zeppelin e fizeram um disco divertido, limpo.
As frases robóticas e rítmicas de Kiedis ainda estão aí, ou não seria Chili Peppers. Mas todo o Funk Rock adolescente e caótico que existia até, sei lá, Blood Sugar Sex Magic não está mais aí. A banda sabe disso e não se acanha. Vai até o limite das “outras” influências que não Ramones, The Clash e Sly & The Family Stone e se dá bem. The Zephyr Song, tanto música quanto clipe, é o exemplo escarrado disso tudo.
Mother’s Milk sempre foi o ápice do som gingado e fanfarrão dos gigolôs Californianos, One Hot Minute o mais completo e Californication o que melhor representou os meus 9 anos (uma criança prodígio, praticamente). Talvez tenham sido os porquês de eu só ter descoberto o By The Way ontem, mais de quatro anos depois de ter comprado-o. Pecado. É um passo a frente na carreira do RHCP. Não chega a ser um primor como o Mother’s Milk, mas é um disco de rock bem divertido. Dessa vez os grooves dão lugar a sons de violão. Cabron é um exemplo disso. Oscila entre o ritmo mexicano e o melhor de Led Zeppelin III.
E não há mais bitchslappings como Get on Top ou I Like Dirt do disco anterior. As músicas mais animadas são mais suaves e o forte do álbum são mesmo as baladas – que vêm em peso – e as “inovações”. On Mercury faz o sujeito estalar os dedos, mexer os ombros e olhar pro lado com aquela cara de bobo típica de programas como Fame.
Warm Tape e Venice Queen são as duas últimas, e as melhores também. A primeira é totalmente “viajante” e eu juro que os meus olhos se reviram em redemoinhos infinitos à la desenho animado. E a última tem um dedilhado tesão no melhor estilo “noticiário das oito” e explode numa balada pop com violões. É, até o momento o réquiem final das pimentas, tendo em vista a bomba que é Stadium Arcadium (e eu não sei se um outro disco nesse nível vai surgir das cabeças deles).
Porque o Kiedis ainda está lá? Era o que eu me perguntava ontem. Vejam só... O Frusciante é um músico bem mais completo e canta melhor. Acontece que, além de ser o autor das letras, de ser sex symbol, fundador da banda e etc etc etc, a voz desafinada do Anthony “casa” perfeitamente com as músicas do RHCP. Ou alguém aqui acha que Under the Bridge ficaria boa na voz de outra pessoa?
1 comment:
Pedrin escreve q nem crítico profissional...
Porem, ainda tem alma!
Post a Comment