O Matanza é a banda brasileira de rock mais legal que existe no momento. Afirmo isso sem nenhum pesar ou incerteza. Quando uma banda tem autoproclamada moral pra te mandar tomar no cu, ou ela é a melhor, ou é a mais risível. Os brutos cariocas possivelmente são os dois. Melhor porque, numa cena musical de sentimentalismo hiperglicêmico e falso moralismo, eles têm o colhão pra falar de “bebida, mulher e porrada”, como definem. E a mais risível porque, apesar da pose de ogros sedentos por sangue de virgem, todo mundo sabe que o "gigante irlandês" Jimmy London se trata de uma pessoa razoável, polida e educada e os outros integrantes não ficam atrás.
Mas toda a teatralidade da banda é justificável. Afinal, como seria possível dizer que fulano é um “boçal, retardado mental e infeliz” sem todo um status de machões?
Mas então, diferente de outras bandas que assumem personalidades, o Matanza não é egoísta: te convoca a beber com eles e se divertir igualmente. Você é o rockstar, você é que é o bom. Junto com eles, claro.
Fui num show deles recentemente e vi na prática como tudo funciona. Enquanto os fãs se digladiam na pista, o vocalista berra a plenos pulmões os prazeres da carne e do álcool (e não importa se você vai vomitar e fazer besteira, apenas beba!). Sim, Jimmy London é, acima de tudo, um entertainer, com showbiz brutal explodindo pelas orelhas. Enquanto esbravejava insultos impublicáveis (Ou não. Pelo menos não nesse blog.), eu estendia minha mão em direção ao palco, numa idolatria quase fascista. Era a noite em que absolutamente todos eram piratas, vikings, cafetões e bêbados.
Então, para dar continuidade ao ótimo trabalho que é o disco de covers do gênio Johnny Cash em versão countrycore, o Matanza lançou, no último dia 13 de outubro, o novo “A Arte do Insulto”. Após algumas audições, é fácil admitir que as novas músicas causarão a mesma catarse coletiva que causaram no show em que eu fui (e em todos os outros, segundo relatos de fãs). A banda não tem vergonha de dizer que está ali pra se divertir e não se prende a conceitos pré estabelecidos como o “amor à música” ou “responsabilidade social” e isso é bem mais sincero do que, por exemplo, uma letra do Tihuana sobre a tal da menina prostituta infantil.
Os riffs estão mais pesados e as frases country agora praticamente inexistem (ou coexistem com o Heavy Metal). Dá pra sentir o gosto de sangue na boca, sabe? E as letras agora abrangem novos temas. A ojeriza dos integrantes da banda (o guitarrista Donida é quem escreve a maioria das letras, mas acho que reflete a opinião geral) a seres humanos (mas talvez isso seja só mais um papel que eles decidiram exercer) está mais clara. O pôquer finalmente é abordado numa música só pra ele (já havia aparecido em "As Melhores Putas do Alabama" do Santa Madre Cassino, mas não tinha uma faixa que falasse 100% do jogo) e há até uma referência sobre o “grande amor”.
Quando o disco vazou, eu tive uma certa discussão com um amigo por causa disso. Eu dizia que o Matanza caga no grande amor, ou pelo menos deveria, se tomarmos ao pé da letra esse reincidente conceito de trolls carniceiros. E então foi aí que eu percebi que nisso também mora a sinceridade da banda. Eles vestem e despem sua imagem quando querem e foda-se! E isso só reforça que eles têm colhão pra te mandar tomar no olho do seu cu a qualquer momento. Eles são o Matanza, você consome o que eles têm a dizer se quiser. Você é merda pra eles nesse sentido. Mas continua os venerando mesmo assim e isso é retribuído com esse compartilhamento da “cerveja musical” nos shows e entrevistas. Quer dizer, se você está com o Matanza e não abre, eles estarão com você também. E isso não é invenção minha. A banda já afirmou isso indiretamente algumas vezes.
Para uma conclusão, seria ideal dizer que “Matanza é uma pérola no meio da lama”, mas a banda não tem cara de pérola, de jeito nenhum. Então, acho que o ideal seria dizer que no meio de tantas Bavárias, o Matanza se destaca como uma das únicas Originais do bar. É uma péssima analogia, mas se você pegar o feeling, vai entender do que se trata.
2 comments:
nossa.. realmente melhoru mt dos primeiros ate aqui...
ta foda e sei la descreve legal...
enfim... comentando só pq eu odeio ver textos tao bons sem os comentarios merecedos (nao q o meu seja um, mas já é alguam coisa)
=]
bonitinho
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