Friday, January 26, 2007

Eddie Vedder e a Decadência

Falar mal de uma banda com “status inatingível” como o Pearl Jam pode dar merda. E mesmo que você jure de pé junto que é sua banda preferida, afinal, o povo vai chiar, vai duvidar de você, vai tirar conclusões precipitadas. Bem, é disso que é feita a crítica musical, e se não é polêmica, não é boa.

Alguns questionamentos sobre o artigo "Pearl Jam e a Decadência" foram levantados, e certos aspectos ficaram mal explicado ou mesmo obscurecidos pelo meu texto, levemente disléxico às vezes.

Derrubar Eddie Vedder é complicado, porque mexe com os brios das pessoas, amedrontadas em ver um herói seu caindo por terra. Ora, e será que elas não estão amedrontadas justamente porque ele não é mais o que era? Será que Vedder só é tido em tanta estima simplesmente por ter sido o que foi? Repito, ele era o símbolo do rockstar que todo mundo queria ser: Maluco e porra louca, sim, mas articulado e engajado quando sentava à frente de alguém com um Q.I. de uns dois dígitos que tentasse ou quisesse entendê-lo. E agora, o que ele é?

Muita gente ridicularizou (ou só tentou, quando Tico e Teco estavam sonolentos) o texto naquela parte em que a paixão ostensiva do ex frentista pelo surf era questionada. “Vedder sempre surfou, nhé nhé nhé!”. E eu não sei? Mas precisa fanfarrear tanto? Esse culto exagerado ao próprio hobbie, inclusive, é mui contraditório. Eddie ultimamente parece um daqueles caras, tipo Donavon Frankenreiter, que só consegue vender disco se mostrar que sabe subir numa prancha e que tem casa no Havaí. E são os próprios fãs mais puristas que falam que o Pearl Jam não deve satisfação pra ninguém, que não precisam fazer tipo e nem vender disco. Cadê a coerência aí?

Os menos puristas, os que admitem que uma banda tem que vender discos, sim, discordam de mim ao dizer que a nova verve política de Vedder e seus companheiros serve pra vender disco, realmente, mas que ela não é nem um pouco enfadonha. Qual o que! Se os discursos políticos do Pearl Jam não são chatos, minha noção de diversão anda bem distorcida. Quem lembra daquele bootleg deles que chamava “No Fucking Messiah”? A atual fase de Eddie Vedder toma conta de desmentir esse título, seja o sentido dele qual for. O cara está crente de que é a solução perfeita e a curto prazo do problema dos Estados Unidos e faz questão de deixar isso bem claro quando, de uma forma muito bem humorada, muito en passant, anuncia suas músicas políticas ou fala mal de alguém (Da política, claro! Ele não quer ter inimigos no meio da música, ele é Mr. Nice Guy) com aquela propriedade, com aquele know-how falso que tanto me enoja. Dos shows da turnê 2006 do Pearl Jam, só me lembro de ter percebido sinceridade, e, consequentemente, sentido simpatia num discurso do frontman em St. Paul, acho. Ele comentava, nitidamente surpreendido, a decisão de um bilionário em doar a maior parte da sua fortuna (coisa de US$34 bi) para a caridade. E olha que interessante, essa fixação do Vedder por caridade (que não critico, acho bonita, aliás) faz parte da sua “indumentária” política e, foi só ele parecer sincero, que eu já simpatizei com a causa.

Rock sempre teve a ver com sinceridade, nunca foi um estilo que demandasse “estar por dentro”, se incluir. Você pode não tocar nada, mas ser criativo, e você já é um rockstar. Vedder parece que desaprendeu isso. Abnegou da música em prol da panfletagem, quis entrar pro grupinho dos garotos legais. É como se ele se obrigasse a escrever sobre os mesmos temas que todo mundo está escrevendo em vez de ir de acordo com seus sentimentos, suas vontades. Repito o que eu disse anteriormente para uma das pessoas que comentou o fatídico texto: Eu duvido que a essa altura o Eddie fosse capaz de escrever uma música como Sometimes sem se sentir um porco alienado. E não é nada disso, o talento não corresponde a demanda, a inspiração não vem sob condições. Isso que Vedder sente é medo.

Eddie Vedder se revelou, na verdade, um belo cagão. Nunca teve colhões pra sair em carreira solo, nunca os teve pra montar uma outra banda e não está os tendo agora, quando escreve música política no “vai-da-valsa”. É fácil se apoiar no Pearl Jam, uma das últimas bandas intocáveis, difícil é colocar teu nome na capa de um disco e falar tudo o que você sente sem mais quatro caras dividindo a conta do pato. E não é que o Vedder não contribuiu, e muito, para o Pearl Jam ser o que é, mas usar a banda como salvaguarda é o maior sinal de que, talvez, ele não a ame mais como a gente ainda ama.

Outra engraçada do último ano: EV simulando uma limpeza de bunda com as páginas da Rolling Stone que tinham a matéria com ele. Molecagem sem classe e constrangedora. A senilidade teatral de Vedder chegou a níveis que ultrapassaram o limite seguro, protestando contra uma matéria que ele mesmo contribuiu e autorizou! Ou será que obrigaram-no a participar da revista, como parte de alguma conspiração? Será que apontaram uma arma na cabeça da mulher dele (Aliás, mais alguém lembra? “Model, role model, roll some models in blood”)? Bem provável que não.

Qualquer um que tenha polegares invertidos sabe que as atitudes de Vedder andam tão fora de moda quanto polainas. Dizer que o Pearl Jam já é carta fora do baralho é doloroso e precipitado, mas se as coisas continuarem assim, vislumbro um fim melancólico pra uma das bandas mais emocionadas e sinceras que eu já ouvi falar.

Oh, e só uma recomendação. Corta essa de “It’s Evolution, Baby!”, isso aí é clichê e me faz pensar que você não é uma pessoa interessante.

11 comments:

. said...

MAS QUE CALOR

EDDS VÉDERS É MEU TIO

Anonymous said...

"Rock sempre teve a ver com sinceridade, nunca foi um estilo que demandasse “estar por dentro”, se incluir. Você pode não tocar nada, mas ser criativo, e você já é um rockstar. Vedder parece que desaprendeu isso. Abnegou da música em prol da panfletagem, quis entrar pro grupinho dos garotos legais."

Porra cara,isso é uma coisa que acho , mas não achava as palavras certas,pra por pra fora...


belo texto !

passei aqui por acaso,depois do outro post... achei legal , e vim ver se tinha mais coisas interessantes,dei sorte!

"Dizer que o Pearl Jam já é carta fora do baralho é doloroso e precipitado, mas se as coisas continuarem assim, vislumbro um fim melancólico pra uma das bandas mais emocionadas e sinceras que eu já ouvi falar."

outra coisa ,que também não me sai da cabeça nos ultimos tempos...

tanto que me levou agora , a colocar todos os albuns na lista do midia player,e i ouvindo musica por musica ,vendo a tragetória do pearl jam através dos albuns ,e tentar entender essa fase de baixa da banda..

mais uma vez,parabens pelo belo texto!

Anonymous said...

Tá explicado o fato de eu ainda gostar de PJ: eu tenho polegares opositores! Talvez se os tivesse invertidos poderia captar as intenções do Eddie Vedder com a mesma autoridade do autor deste blog e, quem sabe, também golpear o herói até fazê-lo comer terra.

Dizer que uma crítica mexe com os brios das pessoas ou que elas estão amedrontadas me faz pensar que você não é uma pessoa interessante. Pegou a ironia?

Jambo Ookamooga said...

/\
/\haeueauaheueahueahea

Unknown said...

Pedrin, vá escrever bem assim lá na casa do KCT

Ah, gostei das suas idéias ;)

:******

Unknown said...

"fala mal de alguém ... com aquela propriedade, com aquele know-how falso que tanto me enoja."

Critica e me faz a mesma coisa? Bom, eu resolvi li seu texto por que tinha que vim ver o que um rapaz "aparecido" como voce tinha a dizer... mas foi tempo perdido.

Garoto, contente-se a falar besteira nas comunidades do Pearl Jam, estragar conversas serias e falar mal de pessoas que tem a coragem de entrar com seus dados e suas fotos verdadeiras, por que isso voce faz muito bem, tanto é que se tornou uma celebridade da comunidade, mas voce sabe que tipo de celebridade voce é ne? Dessas do tipo tati-quebra-barraco, mas tudo bem, eu respeito, afinal, cada um tem o publico que merece.

Jambo Ookamooga said...

/\
/\hauehaeoeaihaoeiuh

Mas esse é o último que eu não vou deletar. Meu blog não é jardim de infância. Estão avisados.

Anonymous said...

Hum, vi que aquela nossa conversa no MSN produziu seus efeitos ou, melhor, atiçou ainda mais a sua opinião e os seus dedos sobre o teclado... What to say?... Eu ainda respeito a sua opinião, fazer o quê? Só passei aqui pela segunda vez por curiosidade, pois ando recebendo uns e-mails estranhos e interesantes ao mesmo tempo por causa do bendito post no 'decadência' I. Por isso que eu sempre evito sair escrevendo por aí... Eu tinha um blog como o seu, mas depois que eu vi que os meus posts sobre a Igreja Católica e o "Código DaVinci" e sobre uns lançamentos de cds iam dar problema, desisti... Ah, vê se não vai fazer como eu, hein! Keep going!
Bem, bye, baby. See you around.

Anonymous said...

mai pq abandonou o orkut rapaz?

Cláudia I, Vetter said...

Sinceramente... baixo.

Você enche a boca pra ostentar comparações de coisas bem distantes; e do mesmo modo, o rock n' roll como estilo que tanto defendes não acredito que seja bancada de tribunal ou muito menos de futuro decisivo e mutável à qualquer coisa dentro dele pelos seus parêmtros de críticas no mínimo chantagistas emocionalmente falando.
Seria muito simples se colocarmos todas as coisas de uma época na mesa e analisá-las...agora compará-las aos tempos de hoje seria uma posição totalmente ridícula.
Nenhum deles - muito menos o Eddie* - tem mais vinte aninhos, nem fôlego pra se drogar daquele jeito... Conseqüentemente, a música muda, com muita coisa...e a tal da musicalidade que tanto defendes, é muito presente ali; não gostar é uma coisa, agora apelar pra ataques difamadores é triste! E se ainda tivesse aquela vida "porra louca" certamente não estariam aqui ainda... Ah, mas esqueci que a satisfação de muitos é mesmo viver colocando o Nirvana no altar, fazer o quê, eram tão loucos né, tanta atitude, tanta coisa boa...que não durou o tanto que poderia. Melhor assim, mas ostentar uma causa já passada pra justificar sua falta de aprovação...
Aí fica difícil engolir mesmo...

* E outra..o cara tem tanto culhão, que não precisa dar ás caras em projeto solo; uma por que ele mostra tudo o que pode ali, não há por que sair com projeto solo pra vender disco ou mostrar que pode além disso.

Pelo visto, não foram só seus polegares que foram invertidos... o bom senso se alterou muito bem nesse sentido.

Lamento.

Rafael Guzzo said...

Pô, cara, tu tem que ouvir um pancadão ou um Asa de Águia e deixar essa neura de rock n' roll pra lá!

"Dança, da tartaruga, iô, iô
Dança da tartaruga, iá, iá
A Dança da tartaruga
Ainda te vejo numa tela de cinema"

 
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