Neste sábado fui ao show do Matanza no Hangar 110 em Sampa. Já é a quinta vez que o Matanza toca em São Paulo desde setembro. Deve dar dinheiro tocar por lá.
Foi um show fodido pra caralho, porra, os caras da banda elevam à décima oitava potência esse negócio de que insultar é uma arte. Seja empurrando pra baixo os cretinos que sobem no palco pra dar mosh, seja apresentando as músicas de uma forma, hum, pouco ortodoxa ("Vai tomar no cu, vovó! Bom mesmo é quando faz mal!") ou simplesmente tocando suas músicas rudes e desafiadoras.
Comecei a noite bebendo cerveja no bar da frente. Associei duas coisas de lá ao Rock Rocket, e concluí que seria a banda de abertura perfeita para qualquer show do Matanza precedido por um esquenta num boteco putrefato. Explicando: logo no começo, vi uma garota realmente bonita... Fiquei quase apaixonado (hahahaha, ô!). Fiquei cantarolando "A Mulher Mais Linda da Cidade" mentalmente até entrar no banheiro do lugar. Nojento, como em todo bar de esquina... Daí, era inevitável não pensar em "Cerveja Barata". Teria sido bom ver o Rock Rocket antes do Matanza, tendo em mente as duas outras bandas de bosta que eu já havia visto abrirem pra eles num show anterior. Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. A banda de abertura parecia uma merda, e talvez realmente seja. Mas quando a frontwoman japonesa de cabelo moicano e meia arrastão tocou o riff de Whole Lotta Rosie, putz, eu fiquei realmente achando aquilo a coisa mais foda do mundo. Eu estava pegando cerveja na hora, e saí gritando pra todo mundo que via na frente "AC/DC, porra! AC/DC!!". Nada mais normal.
Acabou o show da japa punk, e todos no Hangar ficaram assim, esperando o Matanza. Uns 20 minutos e uns três cigarros depois, a banda entrou. Quer dizer, desde logo depois da abertura, já dava pra ver os integrantes da banda terminando de checar os últimos preparativos para entrar em cena (tem uma cortina, mas sabe como é, a molecada que fica na frente não resiste e espia). Mas nada disso importa. Quando subiu no palco em definitivo, o Matanza se transformou: Jimmy parecia realmente puto, Donida girava a cabeça como um ventilador sem errar uma única nota, China estava se divertindo para cacete e Fausto mantinha o ritmo com seus óculos escuros, emulando um Guy Patterson fanfarrão.
Abriram com a seqüencia matadora de Meio Psicopata e Interceptor V6, sem dúvida nenhuma duas das top 10. O show foi selvagem, eu me segurava pra nao cair no meio daquele bolo de gente se acotovelando e empurrando e me esforçava para desviar dos que se jogavam do palco. Essa brutalidade, esse caos de braços e punhos é exatamente a síntese do que o Matanza prega. E é nesse "cada um por si e deus contra todos", que você entende o que é arte do insulto: socos, cotoveladas e impropérios mútuos. São nos concertos do Matanza que fica mais evidente essa coletividade entre a banda e o público. Você emputece o vocalista Jimmy subindo no palco DELE e ele te manda montar a SUA banda, se quer subir no palco. E que se encostar nele enquanto lá em cima, tá fodido. Dizem que um dos caras que ele empurrou teve de sair dali carregado, que bateu a cabeça quando caiu. Quer atitude mais coerente de um artista do insulto?
Sendo o showman que é, Jimmy sabe que um show de rock é feito de rocks. Então não se alonga muito no culto à própria personalidade e a conversinhas tolas, apresenta as músicas de um jeito rápido e grosseiro, mas engraçado. Talvez seja por isso que a admiração por ele só cresça e cresça, o efeito reverso, mas provavelmente esperado. Mas até esses textos mais cultuados cansam o frontman, que é, afinal, humano. "Já cansei de falar essa merda todo show! O pior pesadelo de um homem, bla bla bla bla bla, ela roubou meu caminhão", diz ele, antes da primeira música de trabalho da carreira do Matanza. Antes era: "O pior pesadelo de um homem não é ela roubar sua comida, não é ela roubar sua bebida, não é ela roubar seu dinheiro... O pior pesadelo de um homem é ela roubar seu caminhão". Entende? A idéia agora é subverter tudo o que havia sido feito e deixar o novo show coerente com o título do novo disco.
E isso é feito muito bem, porque é realmente uma apresentação totalmente diferente de qualquer outra anterior. Contribuem para isso o aspecto supracitado e o set list maleável, característica das bandas que são grandes ao vivo. Nem as covers de Johnny Cash, praxe, mantêm-se. Na primeira vez que eu os vi, foram San Quentin e I Got Stripes. Dessa, Leave that Junk Alone e Cry Cry Cry. Além disso, ainda pude ouvir Imbecil, E Tudo Vai Ficar Pior e Ressaca Sem Fim. Bom, muito bom.
No fim, todos saíram de lá satisfeitos e cantando alto as músicas da banda. No metrô, enquanto ia embora, um último fato serviu para fechar o balanço da noite de forma bastante coerente: um bêbado que cantava alguma coisa ininteligível ficou me enchendo o saco incessantemente para eu fazer air guitar enquanto ele cantava. Mais ultrajante, impossível.
Tuesday, January 16, 2007
Matanza em São Paulo (13/01/07)
Postado por Jambo Ookamooga às 11:26 AM
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
po...mas vc é chato pra cacete?
pq não acompanhou o bebado...como ele vai tirar um som assim? francamente viu...
odeio cerveja...e odeio matanza >_<
e showman não é com maiúscula...coloque entre aspas ou itálico seu fileodaputa disléxico...
oh deos...acho que estou pra menstruar X(
adoro detalhes de noites insólitas. mas detesto matanza... deus...
q nada! matanza é de foder
Post a Comment