Sunday, December 27, 2009

Top 10 2009 - Os Discos (parte 2)

E aí? VAMOS LÁ, RAPAZEADA?? A segunda parte ficou mais indie. Mas hoje em dia, quem é que consegue fugir disso?

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7. Animal Collective - Merriweather Post Pavilion


O que eu mais gosto no Animal Collective é sua habilidade com os barulhinhos. Como uma banda só com alguns sintetizadores e outros brinquedos eletônicos e uma guitarra (pelo menos foi isso que eu vi ao vivo) pode fazer um som tão completo e popular continua sendo um mistério para mim. Mas mais do que isso, evidencia uma genialidade que está mais baseada em usar os aparatos eletrônicos da forma certa do que num feeling musical "puro", como acontecia antigamente. Resumindo, o Animal Collective faz a música do futuro.

Não bastasse isso, Merriweather Post Pavilion é o disco de 2009 da maior banda da geração hipster americana, que tornou-se mais conhecida neste ano e tem tudo para crescer ainda mais em 2010. Mesmo deixando tudo isso de lado, My Girls destrói tudo e sozinha já meio que garantiria um lugar aqui para a banda. Agora que o Yeasayer foi pro saco, é minha aposta no meio indie.


6. Arctic Monkeys - Humbug

Andam responsabilizando o - opa! - produtor Joshua Homme pela mudança drástica no som do Arctic Monkeys, mas desde 2008, com o disco de estréia do Last Shadow Puppets, Alex Turner já apontava para onde queria seguir. Desde o título, Humbug, o novo trabalho da banda de Sheffield é diferente. Um amigo meu chegou a dizer que esperava alguma coisa como 'The Rocambolic King of the Cobra Slaves From Kuala Lumpur', ou algo tão estrogonófico quanto. Porém, com uma palavra antiga que significa farsa, a banda nomeia um disco tão discreto e oblíquo quanto possam querer sugerir.

Em Humbug, portanto, a tarefa de Josh Homme foi canalizar toda a vontade de mudar e emprestar alguns timbres classudos ao Arctic Monkeys. O resultado é uma mistura de Last Shadow Puppets com o clima meio sinistro dos últimos trabalhos de Homme, mais a piscadela insolente dos macacos ingleses. My Propeller, Dangerous Animals, Dance Little Liar e Pretty Visitors são os melhores expoentes dessa brisa toda. Não se acanhe, hoje em dia já é chique ceder ao hype.


5. Pearl Jam - Backspacer

Eu bem que achava que um hiato faria bem ao Pearl Jam, mas não imaginava que o resultado chegaria ao nível de Backspacer. O nono disco da minha ex-banda-favorita-de-todos-os-tempos é basicamente o que eles estavam meio que tentando fazer há quase 10 anos. Se a inspiração para experimentações introspectivas - como Sometimes e Sleight of Hand - e épicos tipo Rearviewmirror parece ter acabado (ou foi uma escolha deliberada? É minha maior dúvida em relação ao Pearl Jam), que pelo menos eles fizessem bons trabalhos com os punks mezzo pop mezzo anos 80 que vinham tentando fazer. Porque o "Abacate" (o auto-intitulado "Pearl Jam"), de 2006 trazia alguns belos fiascos, tipo "tio, pare de passar vergonha". Como é que se diz hoje em dia? "Fail", não é? Desta vez, no entanto, deu certo.

A primeira metade do álbum traz músicas rápidas e vigorosas que podem até se equiparar a clássicos da banda como MFC e Hail, Hail. Minhas favoritas são Got Some e Johnny Guitar. Depois, há uma sequência de experiências bem-sucedidas, como a valsinha Speed of Sound e o crescendo emocionado de Untought Known. Ainda arrumaram espaço para um marketing pessoal de Eddie Vedder: as duas baladas do disco são cópia exata do estilo musical (folk? ukulele-rock?) de seu disco solo, mas isso não atrapalha. Pelo contrário, são belas melodias que completam o disco direitinho.

No fim, o principal mérito de Backspacer foi me fazer voltar a respeitar o Pearl Jam. E tomara que continue assim.


4. Danger Mouse and Sparklehorse Present: Dark Night of The Soul

Deus abençoe Brian Joseph Burton. Se no ano passado ele conseguiu soltar o melhor álbum de 2008 e um dos melhores da década com o Gnarls Barkley, em 2009 não fez nem um pouco feio. Desta vez, junto com Sparklehorse (e perdoem eu não saber nada sobre o cara e nem até onde vai sua participação no projeto) e com projeto gráfico de David Lynch, Danger Mouse se embrenhou por caminhos diferentes do mundialmente famoso Gnarls Barkley. Dark Night of The Soul é mais maluco, mais nóia, mais sombrio, mas também é mais Beatles pós-67, as sensações de amor, angústia e sensualidade alternando e misturando.

Para viabilizar essa piração, algumas pessoas foram chamadas: Iggy Pop (cantando, oportunamente, que é uma mistura de deus e macaco), Flaming Lips, Nina Persson, Julian Casblancas, e mais um monte de gente diferente que contribui para essas oscilações esquizofrênicas de humor ao longo do álbum. Inclusive, com seu suicídio recente, a participação de Vic Chesnutt, a mais desconfortável e misantropa de todas, fica parecendo um tipo de despedida macabra.

Mas antes de tudo, o que mais chama atenção é o bom gosto do trabalho e a sua coerência. Não surpreende. Há pouco tempo, Danger Mouse foi considerado o melhor produtor da década pela Paste Magazine e agora prepara Broken Bells, com o carinha do The Shins (que canta uma das melhores em Dark Night of the Soul). Já temos um candidato a melhor álbum de 2010.

Saturday, December 26, 2009

Top 10 2009 - Os Discos (parte 1)

Neste ano, além de demorar para elaborar minha lista final de melhores do ano, resolvi dedicar uma resenha mais caprichada para cada um dos eleitos. Por isso, dividi a postagem em 3 partes e espero que a segunda já seja publicada amanhã. Depende da minha capacidade de escrever as coisas. Complicado...

Não achei 2009 um bom ano, nem de longe. Pode ser porque ouvi pouca coisa (sendo que no final acabei correndo para ouvir alguns lançamentos e quatro discos listados aqui eu só fui ouvir no último mês).

Acho que precisava ter escutado mais hip hop e música brasileira, mas a vida continua. Flaming Lips, Pelican e Dizzee Rascal provavelmente teriam entrado se eu tivesse ouvido seus lançamentos. Black Drawing Chalks e Cidadão Instigados não me enganaram (muito por causa dos seus vocalistas; já vi os instrumentistas de ambas as bandas ao vivo e é coisa fina). Emicida lançou uma mixtape, que hoje em dia já é disco, longa demais e só por isso não entrou.

Mãos à obra?

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10. Céu - Vagarosa
Ainda que uma menina como a Céu cantando "cumadji", como se alguma vez na vida já tivesse proferido essa palavra, me incomode de leve, e essa "brasileiridade" resgatada pela turminha mpb da Vila Madalena/Lapa me pareça ligeiramente falsa, nada disso é capaz de macular a qualidade de um disco como Vagarosa. Cangote, Bubuia e Cordão da Insônia, num mundo justo, teriam cada uma um clipe maravilhoso que passaria o dia inteiro na MTV (se bem que não tem lá muito sentido reclamar disso, a Céu é conhecidíssima hoje em dia).

Mesmo que o álbum não fosse bom desse jeito, ousado instrumental e estilisticamente como é, dois motivos ainda me deixariam inclinado a arrumar um lugar para a cantora nesta lista. O primeiro é puramente temporal, quase técnico: não incluir algum representante dessa cena em que ela se encontra (a mesma em que estão Curumin, Kassin, Thalma e até rappers como Emicida e Kamau) seria virar as costas para o inegável: a música brasileira está renascendo - e com criatividade. O outro motivo é meramente masculino. Como disseram por aí (acho que foi o Alexandre Matias), a Céu não se identifica com o estereótipo da cantora de mpb durona e sapatão. Ela está mais para a irmã gatinha do seu amigo que fuma maconha e escuta os CDs de reggae do irmão mais velho. Aí meu coração amolece.


9. Slayer - World Painted Blood
Como achei 2009 um ano ligeiramente fraco, nada mais natural que um som familiar figurar numa lista de melhores do ano. É meio que uma salvaguarda, para garantir que o ano não seja um fiasco total, na retrospectiva. Vejo o Slayer como mais uma daquelas bandas que fazem sempre o mesmo disco, mas com a vantagem de não terem tido substituições de músicos equivocadas tipo o AC/DC e de suas tentativas de variação sempre acabarem sendo muito classe (diferente de um Kiss da vida). Quer dizer, Dead Skin Mask não é um troço do caralho?

Nessa linha de pensamento, World Painted Blood encaixou direitinho em 2009. É Slayer puro, pesado e com Tom Araya cantando como nunca, mesmo beirando os 50 anos. E eu valorizo demais uns tiozões tocando thrash metal sem parecerem ridículos (o Kerry King meio que é ridículo, mas a gente finge que não vê).


8. Mastodon - Crack The Skye
Quando ouvi Mastodon pela primeira vez, achei que era a salvação do heavy metal, ou pelo menos a prova de que havia massa cinzenta em algum lugar dele. O crítico Simon Reynolds, pelo visto, concordava comigo e chegou a comparar a vertente em que o Mastodon se encontrava como o equivalente ao post punk nos anos 80. Faz todo o sentido, uma vez que o metal hoje em dia é desprezado por sua característica exageradamente solipsista, ou seja, por se fechar em guetos intransponíveis (e raramente o interesse de penetrar esses guetos é despertado numa pessoa "de fora"). Essa exclusão causa sentimentos pessimistas quase idênticos aos dos punks sentimentais do início dos 80. Em suma, o chamado "metal progressivo" tem o papel que o indie tinha antes de se tornar produto de massa via as piores bandas da história.

O último do Mastodon, Crack The Skye, parte de onde seu antecessor, Blood Mountain, parou. Explico: o álbum de 2006 começa impiedosamente bruto, pesado, os 12 braços do baterista judiando a bateria. Conforme vai avançando, vai ficando mais etéreo, cada vez mais viajandão. Até as participações especiais mostram isso. Scott Kelly, do Neurosis, Josh Homme, do QotSA, Cédric Bixler-Zavala e Ikey Owens, do Mars Volta, na ordem.

Crack The Skye é exatamente a mistura perfeita do começo e do final de Blood Mountain e é tão bem resolvido que chega a ser claramente pop (tão pop quanto o metal pode ser). Atente para Oblivion, Divinations e o épico dividido em quatro partes The Czar.

Friday, December 11, 2009

O Novo Trabalho do Yeasayer é um Belo Cocozão.

Falando sério: estou de luto pelo Yeasayer.

Porque parece que eles não assimilaram esse hype todo em cima das bandas do Brooklyn e quiseram fazer alguma coisa estranha que no fim é só ruim. Essa coisa se chama Odd Blood, seu segundo disco.

Eu gosto de Apes & Androids, de MGMT, Dirty Projectors e Animal Collective (que, se não é da cena hipster do Brooklyn geograficamente, está lá com o coração) assim como gostava do Yeasayer de All Hour Cymbals, justamente pelo fato de cada uma ser diferente da outra! Todas com o mesmo jaco colorido e o Nike Dunk de cadarço fluorescente, mas cada uma com uma contribuição diferente, numa mistura doida e improvável, do eletropop-lucio-ribeiro (MGMT) à freakagem sensível (Dirty Projectors).

Triste que o caminho que o Yeasayer escolheu pra capitalizar na visibilidade dessa cena hipster tenha sido misturar um pastiche oitentista/pós punk nas suas camadas de sintetizadores. As mesmas que casavam tão bem com aquela doideira world music cheia de ecos.

Chega a me ofender que uma música ridícula como Love Me Girl seja da banda que eu tinha certeza absoluta que seria a melhor banda dos anos 10 (anos 10 é muito classudo, né?). Daquelas que ninguém dá bola, mas que quem escuta sabe que é fodida. Tipo, em outras palavras, o Yeasayer tinha tudo pra ser a "minha" banda. Sem nenhuma síndrome de underground aqui, só estou externando aquele egoísmo que todo ser humano sente o tempo todo.

Além de Love Me Girl, temos ainda Madder Red como música muito ruim. Fora isso, quase todo o resto é simplesmente plástico descartável (mas lembre-se, as pessoas boas reciclam). Boas mesmo, só Ambling Alp e O.N.E. Mesmo assim, não representam o que a unhinha do dedinho carcomido de Wait for the Wintertime (ou No Need to Worry) respresenta. E, numa comparação ainda mais direta, é uma afronta que Griselda seja a faixa de encerramento, quando a banda já teve uma música-epifania do nível de Red Cave fechando um álbum.

Talvez o problema seja a comparação com All Hour Cymbals, a estréia do grupo. Tudo daquele disco parece superior a Odd Blood, e isso é sempre um problema gravíssimo. Talvez a produção desse segundo disco seja melhor, mas até aí, era o Bob Dylan que dizia que uma canção boa não dependia de produção ou algo parecido?

Seja como for, é besteira ficar chorando as pitangas, se martirizando. "Olhem pra mim, a minha principal aposta mandou mal pra dedéu, olhem como sou azarado!". Não. O caminho é escutar All Hour Cymbals esperando que o terceiro disco seja legal. Se não der certo, aí sim é hora de desistir e seguir em frente. A próxima cena sinishhhtra pode ser aquela dos subúrbios de Kiev.

E essa é uma lição valiosíssima, crianças!

Monday, November 16, 2009

Só Iggy Pop Importou no Planeta Terra

Já perdi o timing, obviamente, mas é de bom tom registrar a primeira - e provavelmente última - vez que eu vi James "his Igness" Osterberg ao vivo.

***

Pensando bem, o lineup do Planeta Terra costuma ser uma merda. É direcionado pros indies mais babões e inadequados, daqueles que você evita encarar nos olhos quando cruza na Augusta para não virar pedra. Em 2008, eu fui porque ganhei um ingresso de graça do doce Shepa e tinha Curumin. Sério, de todos aqueles nomes, eu fui pra ver o Luciano Albuquerque, que toca toda semana na esquina de casa. Tive a sorte de fazer um puta amigo, ver um puta show do Curumin e descobrir uma puta banda (o Animal Collective). E a organização do PT é realmente exemplar. Mas organização exemplar a gente precisa mesmo em restaurante, hospital, hotel. Em festival, a gente procura por música e Mallu Magalhães, Vanguart, Jesus & Mary Chain, que formavam o lineup, são piadas de mau gosto. Offspring também, mas as 5 ou 6 músicas que eu vi foram legais pra lembrar os 12 anos. Lógico que nem fiquei pra ver Kaiser Chiefs, Breeders e Bloc Party. Deusolivre.

Chegou 2009 e nem cogitava ir ao festival, apesar da boa organização e das lembranças legais de 2008. Maxïmo Park? Primal Scream? Copacabana Club? Ting Tings?? (essa até me ofende) Eu não acho que tenho cara de palhaço. Você acha?

Mas é que eu amo o Iggy Pop. Costumo dizer que se eu tenho um dilema moral, eu saio dele perguntando "o que Iggy faria?". Quando fecharam a volta dos Stooges com o Williamson para a edição 2009, tive que desmarcar meus planos de ver Faith No More no Maquinária (o festival concorrente, com atrações bem mais legais, mas sem Ele) e engolir o lineup anêmico do PT. Tudo bem, colocaram o Playcenter como o local da farra indie e deixaram o público andar nos brinquedos do parque. Além disso, Macaco Bong e N.A.S.A. completariam o dia com um bom nível.

Faltou combinar com os russos.

Um problema de saúde me fez chegar bem meia bomba no festival, sem condições de brincar no Evolution ou no Chapéu Mexicano e tarde demais para ver o show que dizem ter sido sensacional do Macaco Bong. Esse problema (até hoje não me curei e não sei exatamente o que é) me faz ver duplo e eu tinha que ficar fechando um olho para o mundo fazer algum sentido pra mim.

Nesse estado pouco confortável, a primeira banda que acompanhei, Maxïmo Park, me pareceu uma pegadinha das menos inspiradas. Daquelas forjadas, tipo João Kléber. De forma bem insistente, perguntava pras pessoas: Isso aí é sério? Aposto numa pegadinha mesmo, só que de Deus: era um cover muito mal feito do Kaiser Chiefs, que eu conseguira fugir um ano antes. Realmente, não dá pra engambelar o destino.

Depois, Primal Scream e Sonic Youth são dois lixos tão superestimados que fizeram shows tão qualquer-nota que não tem lá muito o que dizer. Primal Scream me animou de leve só quando tocou Deep Hit of Morning Sun, e eu fiquei imaginando que tesão seria se, ao invés deles, fossem os Gutter Twins tocando a sua versão. Do Sonic Youth, só me perturbou muito ver uma mulher que parece a minha mãe segurando uma Fender Jaguar.

Só que aí entrou o Iguana e sua gangue. Numa pegada meio masoquista, eu tinha pagado 95 reais já prevendo que tudo poderia ser um desastre até ali e me conformava, desde sempre, que Stooges é Raw Power, então não pedia qualidade musical da performance de qualquer forma.

Pedrinho é sensato pra chuchu, mesmo!

A banda estava obviamente desentrosada e meio fora de forma, mas o grande O fazia uma performance digna dele mesmo. Pulou na platéia - muito bem seguro por uma corda, mas minha sensatez envolvia não esperar um Metallic K.O. - , chamou uns 50 sortudos pra cima do palco durante Shake Appeal, jogou o microfone no chão, arremessou uma muleta pro alto e mostrou sua bela bunda enrugada e decrépita. Todo aquele teatro delicioso que tem que acontecer enquanto o Iggy fizer shows, até os 173 anos, se for preciso.

O setlist foi curto e eficiente. Foi aquilo que eu e você queríamos, sem The Weirdness, Préliminaires, Candy, ou qualquer outro acidente de percurso. Tivemos I Wanna Be Your Dog, Raw Power, Loose, Gimme Danger e metade de Raw Power e Fun House. Iggy e Williamson, patifes, ainda conseguiram encaixar algo do seu antigo projeto, nunca lançado, chamado Kill City. Confesso que boiei.

Os quase 70 anos pesaram. Depois de uma hora e uns dez minutos, a banda pediu arrego e anunciou a última, num esforço bem voluntarioso e espontâneo. Lust For Life não parecia ter sido ensaiada, mas teve energia e diversão.

Saí do show satisfeito, mas com a certeza de que Iggy and the Stooges não foi a redenção do Planeta Terra, nem a banda gigante que o provedor nos deve (deve só porque se propôs a isso) desde que trouxe o Pearl Jam. Mas provaram para todos os shoegazers e neoravers e chupadores de pinto que poluíram meu 7/11 o quanto ainda são mirins.

No final, conferi um trecho de N.A.S.A. e tive que cair fora. O cansaço era tanto que achei mais negócio colar nos meus amigos que iam me dar carona. Foi nessa hora que descobri o quanto é nocivo um lineup cocô. Se o que você quer ver é só no final, as apresentações inúteis te deixam bichado para o que realmente vale a pena.

Olhando pra trás, conquistei meu objetivo, que era ver o porra louca mais idiota da face da Terra. Mas se for fazer um balanço geral, assim, tipo numa frase... Sei lá, viu? Sei lá mesmo.

Monday, September 28, 2009

Futebol 2010 em Caps Lock

Mais uma conversa genial no MSN entre eu e meu amigo Lipe. Cuidado com o Gambá FC, galera!

pedro diz:
fiz um time forjado no fifa
solid gold fc
time: palop, dani alves, miranda, lugano, ashley cole, frings, fabregas, lampard, diego, zlatan e amauri
INVENCIVEL
felipe diz:
HUA olha isso
pedro diz:
APELAUM? RS
felipe diz:
é o são paulo pra libertadores 2010
pedro diz:
NADA
É O CORINTHIANS
DO CENTENÁRIO, CARA
HAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHA
felipe diz:
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ESQUECEU DO DENTINHO, VACILAO
pedro diz:
E DO JORGE HENRIQUE
VOU TIRAR ZLATAN E LAMPARD RS
felipe diz:
ISSO RSKKSKSKSK
NADA MAIS JUSTO
pedro diz:
E AINDA RESCINDIR O CONTRATO DO VAN PERSIE E DO FORLÁN, QUE TAO NA RESERVA, PRA COLOCAR DEFEDERICO E BILL!
felipe diz:
E DESISTIR DE GAROTOS BADALADOS COMO MESSI E AGUERO PARA INVESTIR EM TALENTOS MIRINS COMO BOQUITA E JUCILEI
pedro diz:
RSRSRS
NAO CURTO ARGENTINOS, PAU NO CU DELES
SOU MAIS SOUZA E MORADEI DO QUE ESSA DUPLA DE ARGENTINOS
felipe diz:
E FALTOU RIQUELME HEIN MANO
CAMISA 10 DO CENTENARIO
KKKK
pedro diz:
JA DISSE QUE NAO CURTO ARGENTINOS, SE FOSSE O ANDRÉS SANCHEZ, CONTRATAVA O MICHAEL JORDAN
OU O ZIDANE
RS
felipe diz:
OU O EUSÉBIO
CRAQUES PORTUGUESES ESTAO SUPER NA MODA
pedro diz:
EUSÉBIO MATOSO RS
felipe diz:
VIDE LUIS FIGO E CRISTIANO RONALDO

Monday, September 21, 2009

Curumin e os Caminhos da Música

Fizemos esse trampo pra faculdade há quase um ano. A proposta era fazer um vídeo com um músico que misturasse música eletrônica e samples ao seu som. Escolhemos o genial Luciano Albuquerque, mais conhecido como Curumin, pra mim o melhor de todos da música brasileira atual.

As imagens e entrevistas foram gravadas durante um dos shows em série que o Curuma fez toda quarta-feira de outubro de 2008 na Galeria Olido, aqui no centro de SP. O som do cara é tão urbano e, ao mesmo tempo, tão melódico e miscigenado, que o Largo do Paissandu, Galeria do Rock, AV. São João, Rua 24 de Maio e etc. formaram o cenário perfeito.

Essas apresentações na Olido tinham cara de reunião de amigos, com umas incursões de scratch e discotecagem ENTRE as músicas. Sensacional, vi duas vezes. No dia que gravamos o "programa", ainda tivemos a sorte de pegar o Kamau e o Emicida improvisando umas rimas. Ainda teve o Marcelo "Mac" Costa dando sua opinião sobre a nova música.

Muito doido.

Wednesday, September 09, 2009

Dia dos Beatles

Me parece inútil tentar balbuciar algo sobre os Beatles neste 9 de setembro, quando todo mundo - vários com bem mais propriedade do que eu - está falando deles. Mas justamente por ter tanta gente dando pitaco, acho que é uma desculpa bem legítima pra tirar a poeira disso aqui.

***


Se parece bobo que o Dia dos Beatles tenha sido "inventado" pela EMI e pela Electronic Arts, não dá pra dizer que é injusto. Aliás, levando em conta o que os Beatles representam, a ENTIDADE que são seus discos e músicas e sua onipresença na cultura pop, talvez o dia de hoje devesse ser feriado. O aniversário de Jesus Cristo é, afinal. Messias por messias, sou mais os quatro de Liverpool, que terminaram de consolidar o Rock and Roll como a música mais importante de todas.

Estou mentindo? Então me aponte um ritmo com o alcance e, principalmente, o apelo do rock. Antes disso, tente lembrar de todos os estilos que afluíram do rock e quantos ritmos foram misturados a ele para criar "algo novo e ainda assim, pop". E qual outro movimento musical abriga, ao mesmo tempo, disparidades como Coldplay e Black Sabbath, Ramones e Mr. Bungle?

O fato de os Beatles, assim como o Rock and Roll, terem ido do Please Please Me ao Sargent Pepper, de Blue Jay Way a Helter Skelter, só os impulsiona ainda mais para cima, ou para "the toppermost of the poppermost", como os próprios diziam no começo, ainda em Hamburgo.

Um game exclusivo, uma caixa remasterizada, um dia extra-oficial (por causa do numberrr niiiine?), além das incontáveis homenagens e biografias e referências através dos anos significam bem mais do que o toppermost of the poppermost. George, Paul, John e Ringo são deuses modernos, criados pela necessidade de pop, bop, rebop, poppermost, catarse, celebridade e comoção que surgiu no século XX. Deuses tateáveis, vendáveis, cujo canto do cisne não foi reaparecer dentro de uma gruta no meio do deserto, vestindo uma bata e um fraldão. Foi um show no telhado, oferecido para quem quer que estivesse passando pela rua e que, hoje em dia, pode ser visto em três partes no Youtube.

É essa a impotância dos Beatles e das suas características messiânicas. Eles subverteram tudo o que havia sido ensinado até então, vindos de uma cidade cinza que poderia muito bem ser Osasco ou Gdànsk, mudando o mundo em favor dos jovens (ou "não-obsoletos"), sem ter uma Mensagem, necessariamente. Representavam as duas frentes do século XX muito antes delas existirem: agressividade, apatia, ativismo, interesse e velocidade (punk) e preocupação, senso de interação/conectividade, hedonismo e liberdade (hippie).

Se você é daqueles energúmenos que têm birra com os Fab Four só por causa dessa ONIPRESENÇA, fiz um top 5 (que virou, com muita justiça, um top 17) hoje mais cedo no Twitter, que pode te ajudar a corrigir essa falha absurda no caráter.

Divirta-se:

1. I Want You (She's So Heavy)
2. I'm Only Sleeping

3. Sexy Sadie
4. Blue Jay Way
5. Oh! Darling

6. Julia
7.For You Blue
8. Within You Without You
9. Strawberry Fields Forever
10. We Can Work it Out
11. I Saw Her Standing There

12. A Day in the Life
13. Golden Slumbers
14. Doctor Robert
15. Happiness is a Warm Gun
16. Good Day Sunshine

17. Dig a Pony

Wednesday, July 15, 2009

Finalmente

Finalmente achei uma banda que presta na NAITE de São Paulo.

Culto ao Rim, ontem, no Berlin, foi sensacional. Guitarra, baixo, bateria e saxofone. É jazz, rock, malemolência e Billie Jean. Recomendo fortemente, todas as terças de julho (dá tempo, ainda tem mais duas) na casa da Barra Funda.

Provavelmente a melhor banda instrumental do Brasil atualmente, junto com o Guizado.

http://www.myspace.com/cultoaorim

Friday, June 26, 2009

Inocente e Inconseqüente.

Confesso: quando confirmaram a morte de Michael Jackson, eu chorei. Não foi um choro alto, desesperado, como se tivesse perdido algum ente querido. Mas senti aquele calafrio subindo pelas costas e as lágrimas começaram a rolar, ainda tentando compreender o que tinha ocorrido. Ninguém imaginava que isso podia acontecer e, agora, ninguém imagina o que vai acontecer.

Em termos práticos, Michael Jackson ainda significava muito pra música pop até o momento de sua morte. A simples esperança de ver o "rei do pop" em cima de um palco cantando, fora de forma que fosse, ainda era um fenômeno muito maior do que qualquer disco novo de Lil Wayne, Lady Gaga e qualquer um desses whoevers da música pop, que você ouve, gosta e depois esquece.

Em termos metafísicos, Micheal Jackson será sempre um gigante. O jeito mais simples de provar isso pra mim mesmo é continuar sentindo aquele arrepio e o umedecimento instantâneo dos olhos ao ler as condolescências de seus amigos famosos.

Além disso, seus famosos trabalhos com Quincy Jones - e sem ele também - possuiam uma coisa que não se encontra mais na pop music (diferente de "música pop"): eram todos inteiramente bons. Não eram só os singles, era muito mais. Workin' Day and Night, Girlfriend, PYT, The Girl is Mine (hilária) e tudo mais. Tudo feito com esmero e vontade, uma comunhão de interesses pela boa música.

Apesar da aparência de plástico, surpreendentemente, Jacko ainda era um ser humano capaz de sentir e falar e comer pizza. E enquanto há humanidade, ainda há esperança. Por isso, as 50 datas na O2 Arena (que fique registrado: a quantidade de shows foi contra a vontade do músico, e o stress é o que pode o ter matado, ironicamente) diziam muito tanto para londrinos quanto para o resto do mundo. Era a chance real de ver Micheal ao vivo, em carne-e-osso, pela última vez. Ou talvez pela primeira de muitas últimas vezes, como fazem os Stones há uns 15 anos. Se Mick e seus amigos, além de tantos outros impostores muito piores, podem, nada mais justo do que o rei do pop ter esse direito.

A verdade é que Jackson ainda merecia uma chance para fazer o que quisesse, musicalmente falando. Como uma forma de mostrar o dedo pra todo mundo que tentou o jogar para baixo apenas por ser um filho da puta tão esquizofrênico quanto qualquer descoladinho que entope as veias de heroína. Para mostrar para aquela legião de crianças oportunistas e suas famílias aproveitadoras que o bem sempre vence.

Seus amigos e família eram unânimes em afirmar que Jacko se tratava de uma pessoa gentil, carinhosa e preocupada em fazer o bem. Por nem um segundo eu cheguei a acreditar que ele era um pedófilo, muito por conta desses relatos, mas também por sentir que, de longe, o entendia um pouco. Sempre foi muito óbvio que Michael era uma criança por dentro, incapaz de fazer mal a alguém, e que achava muito normal comer bolacha e ver filmes com os filhos de estranhos debaixo das cobertas, simplesmente porque crianças nunca o apunhalariam pelas costas. Quando alguém é inocente e inconseqüente a esse ponto, deve ser tão cultuado quanto o doidão que cheirava formigas.

Tem gente que afirma que, artisticamente, Michael Jackson já estava morto há muito tempo e isso é difícil de contestar. Mas a morte do ser humano e da chance de vê-lo de volta doeram muito mais. Agora é definitivo, a esperança morreu. E todo mundo sabe que ela é a última.

Wednesday, June 10, 2009

Como Imitar Lester Bangs

No gênese do Black Sabbath, houve uma explosão sonora grande o suficiente para ter suas consequências reverberando até hoje, nos lugares mais imprevisíveis. A última onda atingiu os impostores do Arctic Monkeys, que conseguiram engambelar boa parte do mundo descolado com música descartável de adolescente entediado.

"Whatever People Say I Am, That's What I'm Not", "Favourite Worst Nightmare", tem como ser mais fanfarrão? Bem, aparentemente sim. Os arruaceiros de Sheffield foram capazes de encontrar um maníaco manipulador ainda pior do que eles disposto a produzir e, o que é ainda mais grave, encorajar sua próxima farsa. Josh Homme, ele mesmo, o picareta mais traiçoeiro da história da música americana, que transforma merda em ouro apenas sendo um cuzão egocêntrico, levou os meninos pro seu rancho no deserto e encheu-os de pó, de cogumelo, de anfeta e do que mais você conseguir imaginar.

No mínimo, eles não escutam mais Oasis sem sentir uma pontada de vergonha. No máximo, irão fazer um grande disco.

“Nós passamos o primeiro dia no estúdio trabalhando no riff mais complicado que você pode ouvir” disse Alex Turner, O Grande Bundão, “Nós usamos o riff no começo e na introdução. É como o Black Sabbath”.

"Black Sabbath".

Quem é que deu permissão a esses moleques que mal saíram das fraldas a tocar no Santo Nome? Quer dizer, não é que eu esteja aqui me declarando como o maior fiel do heavy metal, mas para um macaco ártico, é preciso cuidado até para mencionar Culture Club.

Provavelmente é obra de Baby Duck, consciente de que esse pode ser mais um passo para a conquista de um mundo livre de amarras, em que até mesmo um fedelho do norte da Inglaterra tem permissão para querer se igualar ao Sabbath (também fedelhos do norte da Inglaterra na sua época, o que talvez faça sentido nesse plano malévolo). E então ele, do alto de seu palco brilhante com lustres dependurados, poderá dizer: "fui eu quem deu tudo isso a vocês".

Duvida? Lembre-se que foi Homme que discotecou uma música de Britney Spears munido apenas de umas tatuagens legais e uma piscadela maneira.

Mas apenas a peculiar falta de senso de limite do líder do QotSA não seria nada se fosse ao encontro de pessoas/aprendizes com o mínimo de juízo. Exercitando mais uma vez a memória, o que foi aquela demonstração de megalomania chamada The Last Shadow Puppets? Entende onde quero chegar? Alex Turner não tem o mínimo respeito! Seu objetivo é chocar, é desafiar, nem que para isso seja necessário armar a maior peça de mau gosto do ano. E fodam-se as consequências.

O resultado dessa palhaçada vai se chamar Humbug e deve ser lançado em agosto. Seja como for, e teorias da conspiração à parte, confesso que tenho medo. Porque sei que estou numa encruzilhada: ou sofrerei de vergonha alheia excruciante ou terei de escutar um disco sensacional e me render a mais uma banda indie.

E, bom, ninguém quer isso, não é mesmo?

Sunday, May 10, 2009

Começou o Campeonato Brasileiro 2009

Um bocejo. É geralmente o meu comentário acerca da primeira rodada de qualquer campeonato de futebol de pontos corridos. Paulista, Brasileiro, Inglês, Italiano, Argentino e até as primeiras partidas das fases de grupo de Libertadores e Champions League costumam ser chatas e em cima do muro.

Mas até que neste ano, conseguiram fazer um (meio) marketing legal pro nosso campeonato nacional, tornando o começo do Brasileiro algo minimamente empolgante. Faz algum sentido, se você pensar nos timaços de Corinthians, Inter, Cruzeiro, Fluminense, Palmeiras, etecétera, além do São Paulo, que ganha o mesmo campeonato jogando feio há três temporadas. Tem também Adriano, Fred, Ronaldo, Marcos, Sorín, Rogério Ceni, Ramires, Hernanes, Keirrison, comandados por Muricy Ramalho, Luxemburgo, Parreira, Wagner Mancini, Adílson Batista, Carpegianni, (em breve) Paulo Autuori e tantos outros. Quer dizer, material humano não falta.

A organização também está ficando bonitinha. Se a arbitragem não é a melhor do mundo, hedionda como era antes também não é. A fórmula de pontos corridos emplacou, o pay-per-view vende cada ano mais, sem esvaziar os estádios (pelo contrário, aliás), fantasy games, blogs, podcasts, nanopops, programas de debate são sucesso e o final emocionante do Brasileirão 2008 deixou as pessoas com boa impressão e grande expectativa.

Mesmo com tudo isso, ainda não dá pra empolgar. Cruzeiro e Vitória, neste momento, 18:33 do dia 10 de maio, são líderes porque venceram seus jogos por 2x0. Não tem como se divertir muito.

Também posso estar neste tédio por causa do meu time. Mais uma vez o São Paulo decepciona em uma estréia. E mais uma vez, mesmo com isso, tem todas as chances de ganhar o campeonato fácil, fácil. O Tricolor joga a mesma partida há quase 3 anos (conto a partir do jogo seguinte à final perdida da Libertadores 2006, em meados de agosto daquele ano). Depende sempre do adversário nos vencer, nos golear, perder pra nós ou, raramente, abrir as pernas totalmente e levar um chocolate acachapante (Mirassol, Paraná Clube, Náutico, estou esquecendo de algum?).

Como gostam de dizer, é tudo culpa do Muricy: o estilo de jogo previsível, os jogadores ruins que ele gosta, os jogadores mal escalados, as invenções táticas mirabolantes, os chuveirinhos na área... Mas what the hell. Ruim com ele, pior sem ele. Seus concorrentes não fazem melhor. O mais falado de todos, Vanderlei Luxemburgo, vem pipocando sistematicamente no campeonato nacional há uns 5 anos. Imagine os outros.

O que esperar do Brasileirão? Nada, por enquanto. Torço pra que seja um campeonato bonito, acima de tudo (e o São Paulo nem precisa ganhar, chega de levar a liga nacional como compensação para a derrota na Libertadores). Mas é claro que fica um gosto amargo quando o acontecimento futebolístico mais emocionante do domingo inaugural do Brasileiro 2009 é um pedaço de entrevista de Diego Lugano, a.k.a. O Deus da Raça, num programa da Band.

Fazer o quê, a vida continua.

Saturday, May 09, 2009

Devo, Não Nego

Pode ser que 5 mil pessoas leiam este blog, ou só duas. Que sejam duas (é o mais provável). Eu ainda devo explicações.

E na verdade é bem simples: não tenho inspiração nenhuma pra postar aqui. Nada acontecendo que me dê vontade de escrever. Claro que tem alguma coisa acontecendo (um exemplo simples é a virada cultural), mas não é só vomitar qualquer três parágrafos e boa, um texto tem que ter estilo, inspiração, começo-meio-e-fim e tudo mais.

Minha produção criativa tem se restringido a compor e tirar músicas, já que faz nem um mês que eu descolei uma guitarra nova (Tokai ES-60, réplica de Gibson ES-335, amarela, um tesão, sustain perfeito) e ela me inspira de verdade.

Também tô com um twitter (www.twitter.com/Amendoim3), que eu já tinha faz um tempo, mas só comecei a usar mesmo mês passado (na modinha mesmo). Se quiser, é só seguir.

Pra finalizar, ainda sobre o texto anterior, se alguém tinha dúvida de que Mike Skinner é gênio, ela se dissipará ao ver o vídeo abaixo:



Sei bem que a cada uma dessas ausências eu perco mais e mais leitores, mas o que eu posso fazer? Minha profissão (ainda) não é a mais constrangedora do mundo, a de "blogueiro profissional".

Aos que continuam com o amiguinho aqui, que sobrevivam à gripe suína e fiquem ligados. Qualquer dia o Spreading Lies volta direitinho.

Beijoca.

Saturday, April 18, 2009

Eu Gosto Porque #1 - The Streets

Foi a idéia que eu tive pra atualizar este blog quando estiver sem inspiração ou tempo ou vontade, mesmo.

Assim, eu escrevo o porquê de gostar de determinada banda ou artista e basicamente é só isso. Justificativa, exaltação do próprio gosto musical e outros motivos mesquinhos.

Tem também uma diferença: nesses determinados posts, vou colocar link de wikipédia, youtube, fotinho... Tudo pra estimular os outros a gostarem do que eu gosto. A idéia é dominar o mundo.

O que eu queria era só pedir pros 2,32 leitores deste blog pra me questionarem, quando este estiver sem atualização. É pra provocar mesmo. Tipo "isso aí é uma merda, por que você gosta disso?". Daí eu escrevo.

Sem me preocupar com tese, dissertação, conclusão. Pro inferno com essas merdas. Eu só gosto porque...

***

Original Pirate Material é um dos meus discos preferidos de rap por causa da música, claro. Mas tem outro aspecto que faz eu me identificar com Mike Skinner acima de outros MCs. É o seu inglesismo. Simon Reynolds disse uma vez que The Streets é o "rapper britânico que consegue ser excepcional e soar autenticamente inglês". Isso o diferencia primariamente dos outros rappers mainstream (mesmo contando o Dizzee entre eles).


A afetação inglesa do Streets provavelmente é o que o aproxima de um moleque de classe média de São Paulo. Não tem como fugir disso, eu sou só mais um moleque quase-white-trash do Itaim, como a maioria dos meus amigos. Que toma umas, usa umas substâncias ilícitas às vezes, chega nas minas, pega de vez em quando, toma toco na maioria das vezes, sai a pé na rua pra comer um salgado e gosta de fumar um cigarro. Nada muito empolgante at all.

Original Pirate Material, o primeiro disco do Streets, e seu subseqüente, A Grand Don't Come For Free, falam basicamente disso. Tem a loucura chapada de cogumelos e álcool de Too Much Brandy (minha favorita até hoje), a violência bunda-mole tipo "cara, eu poderia te arregaçar na porrada se eu quisesse" de Gezzers Need Excitement e até um toco homérico em Fit But You Know It. Tudo aquilo que a gente vive de vez em quando num fim de semana.

Além disso, as bases eletrônicas, remanescentes da cultura rave britânica são das mais legais que se acha por aí. São loops toscos, sem muito requinte, de quem aprendeu a mexer no Fruity Loops na semana passada. Pura criatividade em favor da indolência, artimanha que quase todo moleque usa.

A mensagem, por trás de toda essa identificação com a molecada, é de positividade. Nos dois primeiros discos, a última música é otimista. Literalmente em Stay Positive ou deliberadamente estética, no caso de Empty Cans, onde Skinner briga com Deus e o mundo, mas, ao voltar a fita, a música recomeça, com a mesma situação sendo vista com olhos mais positivos e sendo solucionada, conseqüentemente. Um amigo meu jura que saiu do pó por causa dessa música. Olha que lindo.

Depois disso, nos dois últimos álbuns, as preocupações do MC são outras, mais adultas, mas o olhar de compaixão pros garotos do pub continuam, e as mensagens ainda estão lá.

Ninguém aqui tem um Bentley, um Hummer ou usa casaco de pele com boné. Mike Skinner também não (se ele tiver um Bentley agora, não tinha quando gravou suas primeiras músicas). Ele quer mais é sair e "get fucked up with the boys". É mais ou menos o que a gente faz.

Sunday, March 29, 2009

Tuesday, March 24, 2009

Radiohead/Just a Fest - 20 e 22 de Março

O mais surpreendente dos shows do Radiohead no Brasil, para mim, não foi sua qualidade. Eu já tinha os visto no Roskilde Festival no ano passado e fiquei muito feliz em constatar que eles se esmeraram muito mais aqui na América Latina (a começar pelos setlists), mas já era esperado que fosse um show bom. É como se a banda não conseguisse fazer uma apresentação ruim, nem se quisesse – estão nitidamente presos à sua esquizofrenia musical, que transforma espasmos em entretenimento.

O que me espantou mesmo foi ver que se trata de uma banda, acima de tudo, de hits. Não é brincadeira o quanto as pessoas esperaram por Creep, No Surprises, Karma Police e pela música do Carlinhos, que faz aula de inglês (se bem que acho que hoje em dia ele já deve ter terminado o curso). Descobri também, que pra maioria do público, o Radiohead não começa em Kid A. Pra muitos, até termina. A julgar pela recepção do público às músicas do In Rainbows, além dos hits, é como se houvesse um buraco entre OK Computer e o disco das Casas Bahia.

Mesmo sendo indie o suficiente pra ter o Amnesiac como preferido, isso não me incomodou. Era nítido o quanto cada música de cada disco, no momento em que era executada, recebia o devido respeito e entusiasmo de uma platéia heterogênea - juro que cheguei a ver gente com abadá na Chácara do Jóquei -, fosse o silêncio reflexivo de Exit Music, a insanidade de National Anthem ou a beleza confusa de Climbing Up The Walls e How To Disappear Completely.

Dos shows em si, não adianta falar nada. Se você não estava lá em carne e osso, pelo menos já leu todos os reviews possíveis, tanto sobre o Rio quanto sobre São Paulo. Foram unânimes em constatar a qualidade técnica da banda e do palco (puta merda, e que palco lindo pra caralho!), os acertos do setlist, mencionando sempre os hits, e a esquisitice de Thom Yorke. Tudo verdade.

Me alegrou também ver um ou outro falando mal, já que toda a unanimidade é burra. Um conhecido meu disse que não se volta pro bis com música do disco novo e li por aí gente dizendo que o momento da banda já passou, além dos habituais comentários sarcásticos sobre a cabecice dos trabalhos pós OK Computer. Mission accomplished, Radiohead! Sério. O que essa gente não percebe é que o Radiohead não faz música pra eles. Quando Nick Hornby reclamou, lá por 2000/01, que eles não estavam fazendo música para homens que trabalham o dia inteiro e voltam pra casa cansados, estava coberto de razão.

A música pop pertence – e sempre pertenceu – à molecada e aos vagabundos, que têm tempo e disposição de entender um disco, uma tendência e evoluir junto de uma banda. Thom, Jonny, Phil, Ed e Colin sabem disso e quando mandam, noite após noite, uma música desconexa e “nem-tão-boa” como The Gloaming, estão dizendo “nosso momento de maior êxito pode até ter sido no fim da década de 90, mas nós não somos o Kiss. Não espere a OK Computer 10 years tour”.

Um show, acima de tudo, é performance, vontade. Se Jonny Greenwood vai dar seu melhor brincando com samples ajoelhado no chão, porque deveria empunhar uma guitarra e tocar uma música antiga apenas pra agradar os velhos que acham que o pop tem fórmula tipo “não se toca música nova no bis”? Se eles fossem assim, teriam feito o que fizeram pra lançar o último álbum?

O festival Just a Fest foi uma vitória do novo, pois reuniu Los Hermanos voltando sem quase nenhum sentido e aviso prévio, claramente só pela grana e pela publicidade, Kraftwerk desfalcado, mas impecável, e uma banda-catarse que levou 30 mil indivíduos à loucura com música eletrônica cabeça e esquisitice quase progressiva (além de alguns hits, é claro). É derrota demais pra quem acha que música tem que fazer sentido em pleno 2009.

Da minha parte, fiquei feliz porque vi três bandas que eu gosto fazendo seis shows bons ou sensacionais. No fim, é o que importa pra quem gosta de música, não é mesmo?

Friday, March 06, 2009

Certo, Mais Uma Vez

Pro inferno com a modéstia. Tudo que eu disse aqui ontem sobre Watchmen se confirmou. E isso sem que eu tenha visto o filme inteiro.

Explico rapidinho pra vocês. Fui todo-todo lá pro Kinoplex, até bem antes da sessão começar, ainda com alguma esperança. Mas foi bem o que eu pensava, um filme super lustroso, cheio de câmeras lentas, explosões, música incidental apocalíptica nas cenas de ação (o resto da trilha, com Dylan e toda a turma é, admito, duca) e exagero. E a história fazia sentido para mim, que li a graphic novel, mas dava pra ver que para quem não leu, faltava liga. Se o intuito era fazer mesmo um filme para fã, por que entucharam aquele monte de maneirismo hollywoodiano?

No entanto, o que me fez levantar e pedir meu dinheiro de volta não foi a perfeição técnica em detrimento da história. Eu já esperava isso e, numa pegada meio masoquista, estava gostando. O que me emputeceu de verdade foi perceber que o Brasil caga mesmo para Watchmen.

Quer dizer, eu estava no Kinoplex Itaim, um dos cinemas, a princípio, mais fodinhas de São Paulo (e, por acaso, na esquina de casa). E sabe quantas pessoas estavam ali para assistir a estréia em película da melhor graphic novel de todos os tempos? Menos de vinte, e dava pra ver que todos já tinham lido o gibi. Se fosse só isso, cagaria. Mas parece que nós não éramos importantes o suficiente para o Kinoplex (assim como não seríamos para o Cinemark, Lumière, ou o Cine Topázio em Indaiatuba, convenhamos) e a energia caiu duas vezes e dava pra ouvir um telefone tocando em algum lugar. Não obstante, a imagem estava desfocada e foi preciso interromper a projeção pela terceira vez para arrumar o problema. Foi nessa hora que eu saí da sala e pedi o reembolso.

Pau no cu. Não sou moleque.

Claro que todo estabelecimento está sujeito a problemas técnicos, mas eu corto a rola fora se alguém chegar e me disser que a mesma coisa aconteceu durante uma sessão de, sei lá, Milk, para os casaizinhos frequentadores da Pacha e teve a mesma abordagem desinteressada do Kinoplex. Esse descaso com o tipo de público que Watchmen atrai diz muitas coisas, mas a principal é que quadrinho - e cultura pop em geral, pra ser bem realista - ainda é coisa de criança pros olhos do Brasil, errr, corporativo.

Não adianta a Conrad, a Pixel, a Devir, o Omelete, etc tentarem, vai demorar tempo demais pra nos respeitarem neste monte de merda que é nosso país. Meu palpite é que isso na verdade nunca vai acontecer. Claro, vivemos num lugar em que a nossa Rihanna é a Claudia Leitte.

Às vezes fazem a gente acreditar que não, mas tem como negar que o Brasil é um buraco fundo demais?

***

Ah sim, sobre o filme, depois eu assisto. A horinha que eu vi mostrou que não vale taaaanto a pena (apesar de ser engraçado ver o Denny Duquete de Comediante) e eu ainda recebi meus 11 conto de volta. Se pá até me dei bem. Hehehehe.

Thursday, March 05, 2009

Who Watches The Watchmen?

Chegou a hora. Amanhã à tarde finalmente vou estar vendo o filme que eu mais espero há uns 6 meses, o ingresso já tá na mão.

Honestamente, não acho que deve ser um filme bom. Provavelmente se trata de mais uma megalomania tecnicamente perfeita do senhor Zack Snyder, mas a real é que isso é supérfluo. Watchmen é uma instituição acima de qualquer problema desse tipo. Mesmo imaginando algo como "300 parte 2" a tentação de ver Espectral, Dr. Manhattan, Ozymandias, Rorschach, Coruja, Hollis Mason e etc "se mexendo" é maior. O ingresso vai valer cada centavo.

Watchmen. Engraçado, não sei como (o download) foi parar na minha mão. Provavelmente foi com alguma coisa tipo "se você gostou de Preacher, tem que ler". Relutei, mas acabei admitindo: é melhor que Preacher - apesar de não tão bonita. Mais do que isso, é uma das maiores histórias que eu já li ou ouvi. Por mais que Alan Moore seja contra e haja vários indícios negativos, não tem como se empolgar com um filme de uma história tão perfeita. Nem que seja para reafirmar depois, pros amigos descolados, que "uma HQ como Watchmen é inadaptável, foi pensada pra mídia impressa e não cinema".

É o que estão dizendo por aí.

De ruim, só a pena que vai ser ver tal história flopar fodidamente nas salas do Brasil. Não quero abusar das minhas previsões (tenho acertado todas de futebol e várias de música), mas a real é que o nosso povo já está cansado de "filme de super herói" e a maioria dos brasileiros, os tais douchebags, têm uma ervilha no lugar do cérebro. Daí, até desvincularem Watchmen da imagem de "filme de super herói", se é que isso vai acontecer, ele já terá saído de cartaz. A onda agora é ver o filme que ganhou Oscar, "não esses filmes-pipoca que Hollywood nos empurra goela abaixo". He-he.

Por outro lado, Watchmen e sua história-irmã "Tales of the Black Freighter" (leia a HQ pra saber do que se trata), falam primariamente de certezas que acabam caindo por terra, depois que todo um planejamento foi feito em cima delas. Por isso é sempre bom trabalhar com mais possibilidades, e a publicidade massiva da Warner permite que isso seja feito com bastante facilidade.

Mas só teremos certeza de qualquer coisa amanhã.

Quem viver, verá.

Tuesday, March 03, 2009

Sobre Capas de Disco

No pôr-do-sol da década de 2000, garantia de capa boa é uma mão feminina apertando alguma coisa. Eagles of Death Metal e Yeah Yeah Yeahs que o digam.

Monday, February 16, 2009

Música e Falar Sobre Música em 2009

Mandei um email pro Forastieri perguntando o que ele achava do meu blog, tipo aquela música dos Raimundos, com a diferença de que ele não é a Madonna e nem estava parado no jardim e eu não sou o Rodolfo. Quis saber mesmo o que o cara teria para me dizer, já que ele manja muito mais que eu. O legal é que ele respondeu.

Daí, me disse para manter o foco e, não sei se de brincadeira, pra tentar fazer o melhor blog de música do mundo. Levei a sério e respondi que acho difícil e a conversa acabou aí. Então, achei por bem explicar para mim mesmo (e para quem lê o Spreading Lies) porque eu nunca conseguirei fazer o melhor blog de música do mundo.

Primeiro: música para mim é uma distração, um divertimento. O melhor de todos, o mais importante e, por talvez ser um moleque sem nenhuma responsabilidade ainda, eu ainda queira viver desse hobby. E viver de música é diferente de escrever sobre música.

Porque olha só: hoje em dia a música é cada vez mais desorganizada e sem lógica. Tem vários exemplos por aí. Vamos brincar de name dropping? Franz Ferdinand chegou a dizer por aí que o álbum novo (que viria a ser o recém lançado “Tonight”) seria influenciado por Fela Kuti. M.I.A. é uma cantora de origem cingalesa que mora no Reino Unido e mistura tudo, tudo, até funk carioca nas suas músicas, além de aparentemente ter forjado seu próprio fim de carreira, como fez Bowie com Ziggy Stardust. Já o N.A.S.A. mistura participações de Seu Jorge, Kanye West, John Frusciante, Ol’ Dirty Bastard, a própria M.I.A. e mais uns 30 malucos que (a princípio) não têm nenhuma correlação, sob a batuta de um DJ brasileiro e um americano.

Eu já disse tudo isso em 2008. E, assim como ano passado, continuo achando tudo isso empolgante pra cacete. Gosto de pensar em como tudo isso se formou e definitivamente gosto de escutar música multiétnica, atemporal e cheia de texturas e referências. Mas não faço questão de saber quais são TODAS essas referências, não tenho tesão em colecionar informações desse tipo o tempo todo.

Até porque sou péssimo para reconhecer essas referências, mesmo quando elas são esfregadas na minha cara. Quer dizer, o Franz Ferdinand pode até ter se inspirado em Fela Kuti, mas eu nunca vou saber isso, não só por não manjar de Fela Kuti, mas também por ser do tipo de cara que precisa prestar muita atenção para perceber onde Sabbath e Soundgarden se encontram, ou definir qual o estilo musical do Pet Sounds (alguém sabe? Se sim, por favor, conta pra mim, mas rock não é nem fodendo).

E eu SEI que eu deveria conhecer Fela Kuti, não estou aqui dizendo que é super legal ser ignorante. Mas não quero, por outro lado, apressar as coisas. Cada artista tem seu momento, sua descoberta. É gostoso se concentrar na discografia inteira de alguém insignificante tipo Silverchair simplesmente porque é a banda que te emociona no momento.

Além disso, tem hora que tudo o que a gente quer é ouvir algo já mastigado e prontinho. Por que é que todo mundo tem uma obrigação meio velada de escutar várias de bandas velhas tipo, não sei, Uriah Heep, que nunca passaram de Silverchairs do seu tempo? Será que é porque um velho da galeria do rock ou da Rolling Stone escutava no seu tempo e transformou em “must“? Nunca. Nós somos jovens, e ninguém, nem os críticos musicais, têm obrigação de se ver atados a conceitos antigos, do tempo dos nossos pais.

Eu acho que para escrever bem sobre música, uma pessoa tem que ser, acima de tudo, sagaz, destemida e iconoclasta. Isso antes de ser uma enciclopédia. Em tempos de Google, Rapidshare e Wikipédia, ter um monte de fato na cabeça torna-se cada vez mais inútil fora das mesas de bar. Precisamos mesmo é encher a boca e não enrubescer pra dizer que gostamos mais de Sublime do que de Beatles ou que Queens of the Stone Age é muito melhor do que Black Sabbath. Apesar de não pensar exatamente nada disso, entenderia perfeitamente se alguém dissesse, até admiraria. Porque nada é uma verdade absoluta em música. Nunca foi e nunca será.

Queria que mais gente jovem, mais ou menos da minha idade, pensasse assim. Queria que aparecessem uns moleques escritores que realmente desprezassem tudo feito antes de 1992. Não seria o mais correto, o mais ponderado (meu velho sempre diz que “a virtude está no meio” – hehehe), mas é necessário romper algumas amarras.

Pense bem, veja como a música evoluiu e, em contrapartida, o passo lento que a crítica musical se encontra. Será que não tem a ver com esse bando de moleque querendo saber mais do que os velhos que presenciaram tudo aquilo? Ou com o monte de referências sem rosto, impostas em ritmo doentio em todo o texto que se lê por aí?

Enquanto isso não mudar, a crítica musical só vai afundar e afundar. E eu continuarei sendo um crítico de merda. Ainda bem.

Saturday, February 07, 2009

E Hoje

Hoje tem o show de volta do Thee Butchers Orchestra.

Acho que estarei lá.

Antes mais uma banda copiando (direitinho) o protopunk na cena do que um CSS a solta nos envergonhando. Né?

Thursday, January 29, 2009

Festival de Verão de Salvador

Fiquei sabendo que ia passar Quase Famosos na Globo às 2h10. São 2h27 e não começou ainda. Tudo bem, sou insone, estou de férias, quero que se foda.

O problema é o que está atrasando o começo do filme: o tal do Festival de Verão de Salvador. Não tem graça, não dá pra brincar. O naipe das bandas e público que comparece nesse tipo de evento me enoja pra caralho. Me lembra ignorância, sétima série, bullying, primeiro colegial, tatuagem tribal já esverdeada, tatuagem em japonês, André Marques e Sarah-ex-VJ-da-MTV (mas desses eu lembro por estarem apresentando o, ah, programa), Smirnoff Ice, beijar muito, já-é-ou-já-era, galera descolada, muita energia positiva, cachorra piriguete, pitboy, O Rappa, pop rock, rodinha de violão, hit do verão.

Me doía quando, além de me constranger com tudo isso, não conseguia definir bem toda essa merda. Ainda bem que hoje em dia já conheço a palavra "douchebag".

Olha lá, começou Quase Famosos. A Tecla Sap não funciona. Merda.

Friday, January 23, 2009

Confissões de uma Groupie: I'm With The Band

Antigamente, eu tinha uma convicção muito boba, de que tudo que fosse escrito deveria possuir o estilo e classe de um Machadão ou Fante, pra citar dois nomes aleatoriamente. Claro que eu sabia que isso nunca ocorreria, mas imaginava um mundo perfeito, onde todo mundo saberia escrever bem.

Eu já tinha sacado que isso não existe, mas foi Confissões de Uma Groupie: I’m With The Band que jogou a pá de cal sobre essa idéia. Não tem cabimento esperar que autora-e-ex-groupie Pamela Des Barres escreva algo que deixaria o pau do velho Fiódor duro na tumba. É um livro que serve apenas para contar história – o que vale é a mensagem e não a forma como essa mensagem é trazida.

E a história é boa: uma das maiores groupies do fim dos anos 60 e começo dos 70 conta como era vida na sua juventude, quando saiu com Jimmy Page, Jim Morrison, Noel Redding, Keith Moon, Mick Jagger, Chris Hillman, Don Johnson, Waylon Jennings (entre outros) e conviveu com gente como os Zappa, Captain Beefheart, Gram Parsons, Alice Cooper e outras groupies famosas, as GTOs. Para voyeurs, apenas esses nomes soltos já garantem o interesse, mas Pamela vai além. Como eu – e muita gente, espero – cago e ando solenemente para a vida sexual alheia, para mim, a grande sacada do livro é a relação que é traçada entre pessoas e lugares e as milhares de referências en passant de pessoas e lugares.

Pamela estava em todas. A cena psicodélica de Los Angeles, a arte de Cynthia Plaster-Caster em Chicago, o movimento hippie em San Francisco, UK Underground, os bastidores de Altamont Speedway, os bacanais de Vito Paulekas e Carl Franzoni, a vida doméstica de Frank e Gail Zappa, etc etc etc. Ela cita tudo isso em diferentes graus de aproximação e empolgação e essa forma de contar a história é importante para dimensionarmos o tamanho de cada episódio na vida de Miss Pamela e das groupies de Los Angeles.

Confissões de Uma Groupie foi escrito e lançado em 1987, quando Pamela já estava casada com um músico (seu grande, err, sonho), vários de seus amigos e namorados já haviam morrido e seus sonhos de estrelato como atriz e cantora já estavam sepultados. Isso serve para segurar a empolgação do texto (que mesmo assim é bastante deslumbrado) e torna algumas histórias mais sóbrias. E o fato da groupie ter mantido diários durante toda sua juventude, desde a época que era apenas uma pré adolescente fã de Beatles, colabora com a veracidade e detalhamento dos relatos. Há cenas impagáveis, como quando ela e Keith Moon passam uma noite encenando sketches sexuais até o baterista do Who irromper numa crise de choro, eternamente atormentado por ter atropelado seu roadie.

O maior problema do livro se encontra justamente na narração, na forma como as informações são trazidas – justamente o que deveria ser desconsiderado. Mas não dá. Pamela floreia demais as descrições, tudo é “dourado” e “maravilhoso”, todos os rockstars parecem cascas ocas de estilo e maneirismos exagerados com um pau sempre em riste. Daí, pode-se tirar duas conclusões: a que a autora tenta caprichar suas histórias com adjetivos, para que elas pareçam mais interessantes e a que os músicos que sempre imaginamos como os mais autênticos e revolucionários da história eram apenas poseurs sem cérebro iguaizinhos aos moleques de hoje; e as míticas groupies não passavam de garotinhas estridentes e deslumbradas como as que encontramos hoje por todo lugar, de Birmingham a Valinhos.

Provavelmente um pouco dos dois, o que faz cair por terra todos os nossos sonhos lindos com os anos 60 e 70. Nesse aspecto, I’m With The Band, na verdade, presta um serviço, mostrando que nenhuma década foi necessariamente melhor ou pior que outra. As pessoas sempre foram e serão cheias de merda e talento, em igual proporção.

Às vezes, são as coisas mais improváveis que acabam com certas idiossincrasias. Essa é a beleza da vida.

Constatação

É uma delícia acordar cedo e tentar escrever alguma coisa ouvindo os mesmos discos de uma semana atrás. Este ano não vai servir pra escutar os lançamentos, fodam-se os Fleet Foxes e MGMTs de 2009.

Que alívio!

(seja como for, não sou de ferro, e o novo do Moz é bom mesmo, né?)

Tuesday, January 20, 2009

A Solução Para A África.

Depois de muito tempo sem escrever, consegui terminar dois textos em dois dias. Pensei em segurar a publicação deste segundo, mas acho que tanto faz.

Mais uma vez, não passa de um pitaco, e um pitaco bem ingênuo. Além disso, a partir da segunda parte, vão me considerar um porco direitista pior que o Paulo Francis. Quero que se foda, sem brincadeira. Quem acha legal o que acontece por ali merece o empalamento.

***

Sendo direto: a solução para a África não está em sentir pena do continente. Gente como eu e você chega lá só para sentir tristeza e imaginar mil possibilidades e soluções, que nunca se concretizarão. É duro, mas o poder não está conosco, com o povo, e essa é uma triste verdade que eu aprendi a admitir. Vivemos num mundo feio, onde, de fato, é o dinheiro que manda.

A solução para a África está na pura e simples bondade, no altruísmo. Mas não nosso (que poderíamos, sim, ser executores do “grande plano”, mas só). Dependemos, de qualquer forma, do dinheiro de bilionários, xeiques e sultões, como o daquele grande filho da puta que estava prestes a jogar 120 milhões de euros no lixo, ao comprar o passe de Kaká, iniciando assim uma reformulação no insignificante Manchester City. (Aliás, o próprio Kaká poderia parar de doar seu dinheiro para aqueles crentes safados e pilantras e ajudar a construir creches e escolas no Sudão, né?) O que é mais importante? Erradicar o Ebola no Congo ou transformar um time pau-de-bosta em potência futebolística? Agora, o que é mais fácil? E o que é mais confortável?

Isso também ocorre pelo fato de dinheiro e poder (em demasia) tornarem as pessoas más e hedonistas. Porque, além da constatação óbvia de que o investimento na África NÃO trará retorno financeiro por um longo tempo, outra razão para que bilionários e trilionários fechem os olhos para o continente é pura maldade. Em seus próprios países (Butão, Emirados Árabes, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, etc.), há pobreza por toda parte e eles preferem continuar comprando milhões de carros, jóias e ações na bolsa.

Pense comigo: dizem por aí que Roman Abramovich perdeu cerca de US$14 bilhões com a crise financeira começada no ano passado. Duvido, mas vamos exercitar a mente. Antes, a fortuna de Abramovich seria de 16 bilhões e teria sido reduzida a 2 bilhões. Efetivamente, o que muda na vida dele? Nada, fucking nada. Imaginem que, ao invés de ter perdido 14 bilhões com a bolsa, ele tivesse doado. Mais do que isso, investido na fiscalização (porque a corrupção lá, assim como aqui, é absurda), presenciando com os próprios olhos o progresso que esses 14 bilhões trariam a algum lugar. Garanto que mesmo o coração de pedra do dono do Chelsea teria se sentido melhor e muito mais pleno. E o melhor: sem mudar nada em sua vida.

Outra solução para a África está em deixarmos o politicamente correto de lado. Foda-se a diversidade cultural, é uma situação drástica e não devemos dar trela para o monte de merda que acontece lá. Fodam-se as tribos que têm rivalidade histórica, foda-se a religião extremista do norte do continente, que continua a mutilar o clitóris de garotas na puberdade. Precisamos parar com tudo isso, colocar todo mundo em roupas confortáveis, dentro da escola e impedir que sigam com suas práticas tribais destrutivas (o que é diferente de tradição e folclore) de 20 mil anos atrás. Pode ser que envolva apenas conversa, pode ser que envolva truculência, mas estamos em 2009, desesperados para arrumar a bagunça que alguém fez ali e isso tem de ser feito.

Não importa. O que não pode continuar é a ignorância que permite que muito do dinheiro que é raramente doado à África seja usado para financiar guerras milenares entre tribos insignificantes que só fazem matar uns aos outros. Não pode continuar a barbárie justificada pela fé, que sempre manterá qualquer lugar anos-luz da civilização.

Sei que o que estou pedindo é ingênuo mesmo. É desejar mudança no âmago da consciência das pessoas. Sinto-me preso a um sentimento de impotência perante a impossibilidade de fazer qualquer coisa sem que para isso seja preciso desembolsar alguns milhões de dólares. Ironicamente, isso só vai mudar quando os milhões aparecerem e mudarem a história, num mundo onde força de vontade vai significar alguma coisa, onde a diversidade cultural poderá ser respeitada sem limites, porque não envolverá carnificina nem humilhação.

Enquanto isso não acontece, vou tentando me acostumar com o banho de sangue.

Monday, January 19, 2009

Dignidade Não Se Compra

Depois de algum tempo sem escrever, consegui rascunhar algumas palavras no Word. O texto a seguir fala de um tema bem batido, mas no fim das contas, como as pessoas em geral não prestam atenção em nada, é bem capaz que nunca tenha ocorrido esse tipo de pensamento a muita gente. Seja como for, é a minha visão para o assunto e já que deu vontade de falar sobre, fiz que nem os Menudos e não me reprimi.

Além disso, mudei o layout, seguindo a idéia do layout anterior, mas com um novo jogo de cores e novos personagens no banner. Pra quem não sabe quem são, em sentido horário a partir do canto superior esquerdo: Brian Jones, Monica Mattos, Meg White, Tony Ramos, Pamela Miller/Des Barres, Lisa Kekaulas e Muricy Ramalho.

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Faz parte de um ciclo normal entre fãs de rock, obviamente com exceções, apaixonar-se por AC/DC ali pelos 15 ou 16 anos. Isso faz muito sentido porque todo o sex appeal do AC/DC vem de justamente não forçarem sex appeal. Eles formam a banda mais destrutiva, irônica e arruaceira de todas do tal rock clássico, basicamente como todo moleque de 16 anos quer ser. Num mesmo disco, eles cantam sobre o melhor boquete, sobre ser um garoto-problema e sobre o gênesis do rock and roll. E, no meio da adolescência, o que mais importa?

Para mim, no entanto, esse senso de adolescência tardia do AC/DC, que a transformou na banda número um dos garotos roqueiros de 16 anos com vida social, funciona só até a morte de Bon Scott – ou, sendo menos chato, até Back in Black, álbum que significa, ao mesmo tempo, adeus a Bon e uma ruptura com o AC/DC antigo.

Implico muito com Brian Johnson, mas a culpa não é dele. Sem seu principal letrista, Angus e Malcolm provavelmente perceberam que uma nova atitude deveria ser tomada. A bola do sucesso já havia sido levantada com Highway to Hell e a banda finalmente se tornou o jumbo mercadológico que é até hoje (é quase inacreditável o quanto Black Ice vendeu no ano passado), o que consistiu numa cortada melhor que qualquer uma do Giba. Marketing pesado e um som mais consistente para o mercado roqueiro-casca-grossa americano substituíram o tal sex appeal não forçado e renderam, além de uma imagem onipresente no mundo do rock and roll, milhões de dólares à banda, empresários, tour managers e quem-mais-você-puder-imaginar.

Ainda assim, se eu fosse do AC/DC, não continuaria. É ingênuo pra caralho pensar desse jeito, mas música é um negócio sério pra mim. E eu também acho que genuinidade é uma coisa muito rara e meu orgulho astronômico me impediria de minar a imagem e o apelo de uma banda como o AC/DC, se eu mandasse alguma coisa ali. As pessoas me olham atravessado quando eu digo que depois de Back in Black eles só lançaram merda, mas mesmo os fãs mais devotos não podem negar que o material lançado após essa época é “menos bom” do que o anterior. Ingenuamente ignorando o fator comercial, é por isso que sou contra voltas de bandas ou substituição de membros importantes que se desligaram por algum motivo.

Um músico bom e com alguma dignidade deveria ser capaz de criar música boa sem depender do respaldo de fãs antigos ou a segurança de uma marca forte. Jeff Beck, Dax Riggs, Curumin, Johnny Marr, Lauryn Hill, Jack Irons, Rodrigo Amarante, Richard Hell, Mike Patton – são alguns nomes bem randômicos de pessoas que não tiveram medo de abandonar projetos e começar outros, ou manter ambos simultaneamente. Por mais que eu goste muito mais de AC/DC do que, digamos, Fantomas, não posso deixar de admirar mais as atitudes de Mike Patton do que as de Angus Young, pelo menos nesse âmbito.

Pode parecer óbvio para quem trabalha com música, mas não é todo mundo que saca que comebacks como o do Police ou o do Alice in Chains significam a derrota da música e a vitória do dinheiro. Ao comprar o disco novo do, hummm, Blind Melon, você está incentivando o preguiçoso, o que tem medo de ousar (além de cuspir na imagem de Shannon Hoon).

Para você pode não significar nada, mas para mim é importante. Porque acima de tudo, o que eu mais quero evitar nesta vida é premiar o indolente, o aproveitador e ignorar o esforçado.

Monday, January 12, 2009

3 Anos

E alguém duvida que 2009 vai ter ainda menos postagens (e leitores)?

Thursday, January 01, 2009

A Primeira Verdade de 2009

Só vi a entrevista do Amarante para a Trip hoje. Apesar de eu ter desconfiado bastante do fim do Los Hermanos e ter detestado Little Joy, ele continua sendo um dos caras mais respeitáveis da música brasileira atual.

A pergunta e a resposta abaixo firmam, praticamente, um dogma:

P: Às vezes tenho a impressão de que o jornalista cultural está mais preocupado em parecer que faz parte do circuito do que em entendê-lo. Que prefere fazer parte da fofoca a ir além dela.
R: Isso mesmo. Acho que o recalque vem um pouco daí também, de uma frustração. Aí fodeu, não vai ficar bom mesmo. É aquele mesmo lance da música, fazer pra receber em vez de fazer para dar algo. Principalmente em jornalismo cultural, que envolve muito ego, vira um exercício de chupação do próprio pau, de tentar fazer uma carreira baseada na persona, menos que no conteúdo em si, na visão.


Que neste ano, todos que escrevem sobre cultura admitam essa verdade e, a partir daí, resolvam seus problemas de auto-afirmação. Se isso acontecer, já garantiremos um 2009 com textos, matérias e resenhas mais dignos. É pouco, mas não deixa de ser alguma coisa.

 
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